Dermatologistas valorizam a discussão do atendimento humanizado ao público LGBT




6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

O atendimento humanizado e direcionado para cada paciente é um dos principais valores defendidos pela medicina. Isso envolve todo tipo de paciente, incluindo os transgêneros – pessoas com as mesmas necessidades básicas de saúde de quaisquer outras, mas que experimentam muitas disparidades de cuidados, exigindo competências adicionais do profissional, sensibilidade e formação dedicada. Mesmo com avanços em ações e políticas públicas, as desigualdades são amplificadas pelo fato de que muitos pacientes relutam em interagir com o sistema de saúde devido ao preconceito e a discriminação com base na identidade e expressão de gênero, orientação e comportamentos sexuais. Tal fato também se manifesta em vários espaços da sociedade contemporânea.
 
Na Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as discussões sobre essa realidade estão cada vez mais em pauta, e a temática LGBT tem sido divulgada em seus encontros científicos. Um exemplo é a mesa de debate Saúde LGBT, do DermatoRio 2019, que abordará as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) na população LGBT, bem como os aspectos dermatológicos em pacientes transgêneros. Um dos participantes é o dermatologista Felipe Aguinaga, do Ambulatório de Dermatologia e Diversidade de Gênero, do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay. Na palestra “Aspectos dermatológicos no paciente transgênero”, o médico levantará importantes questões para melhora na qualidade do atendimento ao paciente trans, como as complicações da hormonioterapia em homens e mulheres desse segmento, complicações relacionadas ao uso de binders e silicone industrial, dermatoses das neogenitálias, entre outros assuntos.
 
Ele comenta o atual preparo do dermatologista quanto aos cuidados de afirmação de gênero, seja por meio de medicina e procedimentos relacionados à transição ou pelo gerenciamento de complicações da terapia de afirmação hormonal:
 
“Nós, como dermatologistas, temos em nosso arsenal diversas ferramentas para auxiliar a comunidade transgênero em seu processo de transição. Procedimentos estéticos para feminização ou masculinização da face e do corpo, procedimentos para remoção ou crescimento de pelos, tratamento de cicatrizes cirúrgicas, manejo da acne, da alopecia e de outras complicações da hormonioterapia. O campo de atuação é amplo, e o dermatologista já está habituado a lidar com a maioria dessas questões no seu dia a dia. Temos, portanto, muito a oferecer à comunidade trans em sua busca por autoestima, qualidade de vida e saúde. O processo de afirmação de gênero tem inúmeras interseções com a pele, e nosso papel como especialistas na prestação desses serviços essenciais para essa população deve ser afirmado, divulgado e exercido com excelência”.
 
No entanto, ainda são muitos os problemas para alcançar esse alto nível esperado no atendimento do público trans, como encontrar com mais frequência literatura ampla sobre o assunto. “Os dermatologistas, em especial, têm uma perspectiva única e especial em relação às necessidades da população LGBT, tanto do ponto de vista clínico quanto estético. Conhecer seus aspectos dermatológicos específicos é essencial para prover uma assistência de qualidade. A literatura científica relacionada às questões dermatológicas desse grupo, porém, ainda é escassa, embora o número de publicações sobre o tema tenha aumentado nos últimos anos”, comenta.
 
Segundo Aguinaga, a maior parte dos artigos disponíveis sobre o assunto refere-se ao uso de preenchedores ilícitos e infecções sexualmente transmissíveis. “Mas os aspectos da saúde influenciados pela orientação sexual e pela identidade de gênero em que o dermatologista pode atuar são muito mais abrangentes”, salienta.

Medo de julgamento e discriminação impactam a morbimortalidade da população
O medo de ser julgado, a vergonha e a discriminação por identidade de gênero ou orientação sexual fazem com que esses pacientes evitem buscar assistência médica, o que impacta negativamente na sua saúde. De acordo com Aguinaga, pesquisas apontam que dois terços dos pacientes LGBT referem já ter sido vítimas de homofobia ou transfobia em serviços de saúde.
 
“A relutância em buscar assistência médica por esses motivos são algumas das várias barreiras que essas pessoas enfrentam e que impacta negativamente a morbimortalidade dessa população. É essencial a promoção de iniciativas educacionais para que os profissionais de saúde sejam capacitados e sintam-se preparados para lidar com esses pacientes e para fornecer a melhor assistência possível”, realça. Dessa forma, o dermatologista está mais bem preparado para atendê-los quando cria um ambiente em que o paciente se sinta bem-vindo e acolhido.
 
“Uma das grandes barreiras enfrentadas pela população LGBT é a dificuldade de encontrar médicos capacitados para lidar com suas questões particulares e sensíveis a suas demandas. Muitos pacientes resistem em procurar assistência médica por conta de experiências prévias insatisfatórias. Esse não é um assunto abordado na formação da maioria dos médicos; por isso é necessário um esforço extra para buscar esse conhecimento e manter-se atualizado. Felizmente, tem aumentado a disponibilidade dessas oportunidades educacionais, incluindo palestras sobre saúde LGBT nos congressos de dermatologia e artigos científicos nas principais revistas científicas dermatológicas”, ressalta.

Uma medicina que dialoga com a população sem distinção
Para viabilizar a excelência no atendimento dermatológico desses indivíduos, é fundamental que o profissional saiba que a orientação sexual, a identidade de gênero e os comportamentos sexuais são conceitos diferentes.
 
“É preciso ter sensibilidade na hora de colher essas informações, já que são muitas vezes clinicamente relevantes. Algumas recomendações simples têm amplo impacto na melhora da relação com esses pacientes: respeito ao nome social, usar pronomes corretos, utilizar formulários que sejam inclusivos e ofereçam opções de identidade de gênero não binárias. É fundamental tratar todos os pacientes com dignidade e respeito”, destaca.
 
Sobre a influência das interseções de gênero, raça, etnia, status socioeconômico nas disparidades de saúde das populações LGBT, Aguinaga comenta que a população LGBT é heterogênea, composta por indivíduos com identidades diversas e únicas. Logo, ao lidar com o paciente, o médico deve reconhecer suas experiências vividas, sem pré-julgamentos.
 
“Somente com uma abordagem interseccional de todas essas variáveis (identidade de gênero, raça, orientação sexual, status socioeconômico) são reconhecidos determinantes sociais de saúde, permitindo, assim, otimizar a assistência aos pacientes que atendemos”.

DermatoRio contemplará palestras sobre saúde LGBT
Segundo o médico, que ministrará a aula “Aspectos dermatológicos no paciente transgênero” a ser realizada na manhã do dia 13 de setembro, no DermatoRio 2019, o objetivo da apresentação é identificar e esclarecer conceitos e definições do campo de gênero e sexualidade, bem como a terminologia atualmente utilizada na literatura científica, além de abordar identidade de gênero como um determinante social de saúde.  
 
“Também vamos orientar sobre aspectos gerais na consulta do paciente trans e expor as principais questões enfrentadas pela população transgênero na esfera da dermatologia clínica: complicações da hormonioterapia em homens e mulheres desse segmento, complicações relacionadas ao uso de binders e de silicone industrial, dermatoses das neogenitálias, entre outros. Além disso, iremos compartilhar nossa experiência no Ambulatório de Dermatologia e Diversidade de Gênero, do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay, no Rio de Janeiro”, informa.

 


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados realizou nesta quinta-feira (11/7) uma audiência pública para discutir a criação da Semana de Prevenção e Combate ao Câncer da Pele. Como contribuição para os debates, o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sérgio Palma (foto acima), apresentou aos parlamentares as ações desenvolvidas pela entidade no âmbito da campanha Dezembro Laranja, cujas ações já beneficiaram diretamente mais de 600 mil pacientes em todo o Brasil ao longo dos últimos 20 anos.

A realização da audiência atendeu a um requerimento do deputado Dr. Frederico (Patri-MG), relator do PL 4234/08. Dentre outros pontos, o projeto prevê a instituição de uma data específica para a organização e implementação de atividades governamentais nos meios de comunicação acerca da prevenção e do tratamento da doença. Segundo a proposta, caberá ao Ministério da Saúde a realização das ações, que se estenderá por todo território nacional, “podendo, para tanto, celebrar convênios e acordos com órgãos congêneres públicos e privados, e, especialmente, com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde”.

“Na campanha deste ano, que se inicia em 7 de dezembro, contaremos com mais de 4 mil médicos e voluntários em 132 postos pelo país, atendendo a população gratuitamente para a prevenção e diagnóstico do câncer da pele”, destacou Palma. O presidente da SBD acrescentou que a medida é um passo importante e propôs que as atividades alusivas à prevenção do câncer da pele se estendessem ao longo do mês de dezembro, não se restringindo apenas a uma semana.

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Dr. Frederico (Patri-MG), o presidente da SBD, Sérgio Palma, a representante do MS Jaqueline Silva Misael, o vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Gustavo dos Santos Fernandes, e parlamentares

A sugestão foi bem recebida pelo deputado federal Dr. Frederico, pela representante do Ministério da Saúde, Jaqueline Silva Misael, e pelo vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Gustavo dos Santos Fernandes, que também participaram da sessão. Confira a íntegra da apresentação do presidente da SBD na Câmara dos Deputados.

Campanha SBD – A sensibilização promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia acontece sempre no último mês do ano, quando a entidade realiza diferentes ações em parceria com instituições públicas e privadas para informar a população sobre as principais formas de prevenção e a procurar um médico especializado para diagnóstico e tratamento. 

No período, são iluminados monumentos, realizadas iniciativas de conscientização em praias, parques, praças em locais de grande movimentação, entre outras atividades. Todo ano o tema da campanha é renovado para atrair um maior número de pessoas nessa luta de conscientização.

Em 2018, a iniciativa passou a contar com o apoio e a chancela da Academia Americana de Dermatologia (AAD) e da Liga Internacional de Sociedades de Dermatologia (ILDS).

Panorama – O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém, seus números são muito altos.

A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele.


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – MAIO-JUNHO

A Sociedade Brasileia de Dermatologia (SBD) encaminhou ofício às diretorias de Jornalismo e de Entretenimento das principais emissoras de TV e de rádio do Brasil cobrando atenção por parte das equipes na hora de convidar profissionais para tratar de temas relacionados à saúde da pele, do cabelo e das unhas, inclusive no se refere à estética e à cosmiatria. O texto, divulgado nesta quinta-feira (25/7), também foi enviado às redações de jornais e revistas de grande circulação. O objetivo é, sobretudo, estimular a observação pelos veículos de critérios que protegem a população e garantem a valorização dos que estão realmente habilitados pelas entidades da área médica para executar essas ações. 

No documento, a SBD reitera a importância de as emissoras respeitarem a legislação que protege o Ato Médico (Lei nº 12.842/2013), pela qual apenas graduados em medicina podem realizar procedimentos estéticos invasivos e fazer o diagnóstico e o tratamento de doenças. Para a entidade, a participação de não médicos em reportagens sobre esses assuntos, desrespeita pressuposto legal e coloca o espectador numa situação de vulnerabilidade ao informá-lo erroneamente sobre quem pode executar determinados serviços, como aplicações de preenchimentos e de toxina botulínica. Nesse caso, em pautas sobre a saúde e os cuidados com a pele, cabelos e unhas o ideal é ouvir dermatologistas, conforme reitera a Sociedade da especialidade. 

“Os veículos de comunicação são peça-chave na formação de hábitos e comportamentos saudáveis. Desse modo, ao solicitar que observem aspectos normativos vigentes, reconhecidos por diferentes instâncias judiciais, a SBD está apenas alertando-os para que cumpram com rigor sua tarefa de repassar boas informações ao seu público. Temos certeza de que rádios, TV, jornais e revistas serão sensíveis ao nosso pleito, pois têm compromisso com a ética e com a legalidade”, ressaltou o presidente da entidade, Sergio Palma.

Especialista – Além desse tema, a SBD solicitou ainda aos responsáveis pelos veículos de comunicação que ao creditarem médicos convidados a falar sobre assuntos relativos à dermatologia, apenas nomeiem como especialista na área da dermatologia os que tiverem seu título registrado junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), ou seja, possuam um número no Registro de Qualificação de Especialista (RQE). 

A queixa decorre do crédito indevido a alguns médicos que desconsideram as regras da publicidade médica e se anunciam como especialista sem possuírem a titulação devida, o que é proibido e passível de processo ético-profissional. Da mesma forma, a SBD espera que os veículos de comunicação fiquem sensíveis a esse pleito. 

“Para ser um dermatologista, o médico estuda mais de oito mil horas de estudo, apenas na residência. A imprensa deve reconhecer e valorizar esse esforço. Atribuir título a quem não passou por esse processo não reconhece o mérito de quem trabalhou para atuar no tratamento e no diagnóstico de doenças da pele e de seus anexos, assim como agride as normas que regulam a categoria médica”, disse Sergio Palma. 

Informação – Recentemente, ocorreu episódio desse tipo no programa da apresentadora Ana Maria Braga, que contou com a participação de uma médica que, mesmo sem ter título de especialista em dermatologia registrado no CFM, foi creditada como tal. Na avaliação de Palma, “mesmo que o profissional diga ser detentor de determinado atributo, os jornalistas devem checar a veracidade da informação”.

Inclusive, a SBD se colocou à disposição para identificar nomes de referência para oferecer esclarecimentos em entrevistas e reportagens. Também foi informado como verificar a situação de todos os médicos brasileiros, os veículos de comunicação e qualquer pessoa podem acessar o portal do CFM (https://bit.ly/1O55zWK). No campo busca de médico, ao informar o nome do profissional, o interessado terá acesso a dados como números do CRM e do RQE, o que atesta ser ele um especialista em determinada área. No caso da dermatologia, no site da SBD, é possível encontrar informações sobre todos os que possuem título, atribuído após aprovação em exame específico organizado pela entidade. 

Para se tornar dermatologista é preciso ser graduado em Medicina, curso que compreende seis anos de estudo em período integral. A seguir, concluir um curso de residência médica em dermatologia reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou de especialização em Serviço Credenciado à SBD, com aprovação no Exame de Título de Especialista em Dermatologia (TED), promovido pela entidade em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). Ao fim dessas etapas, o médico ainda necessita se registrar no Conselho Regional de Medicina (CRM) do estado onde atuará, informando ser especialista em dermatologia para poder se anunciar dessa forma. 


2 de agosto de 2019 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologista (SBD) divulgou nesta sexta-feira (2/8) esclarecimento para médicos e população no qual alerta para notícia falsa (fake news) que tem sido veiculada em grupos de discussão e em redes sociais. O texto aponta a existência de suposto projeto de lei que altera o nome do curso de graduação em Odontologia para Medicina Orofacial e dá o título de médico-orofacial aos seus graduados. De acordo com a SBD, pesquisa realizada no Congresso Nacional aponta a inexistência de iniciativa desse tipo.

Confira a íntegra da nota:
 

ESCLARECIMENTO AOS DERMATOLOGISTAS E À POPULAÇÃO

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) informa que não procede documento que circula nas redes sociais e em grupos de discussão que seria suposto projeto de lei que altera o nome do curso de graduação em Odontologia para Medicina Orofacial e dá o título de médico-orofacial aos seus graduados.

A assessoria parlamentar da SBD pesquisou a origem do texto junto à Câmara dos Deputados e do Senado Federal e identificou que, até a presente data, não existe projeto de lei sobre o tema que tenha sido submetido ou esteja em tramitação.

De qualquer modo, essa equipe se mantém em alerta para apontar iniciativas que causem prejuízos à especialidade. Assim, a gestão 2019/2020 da SBD reitera seu compromisso com a dermatologia e a medicina, lutando em todas as instâncias contra abusos que afetem o profissional e o paciente.

Rio de Janeiro, 2 de agosto de 2019.

Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)

Gestão 2019/2020


2 de agosto de 2019 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enviou ofício (clique para ler) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e ao Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, ligados ao Ministério da Saúde, em que solicita a tomada de providências urgentes para o reabastecimento do medicamento acitretina, tanto na rede pública quanto no mercado privado. 

O pedido veio após o laboratório TEVA, atual fabricante do medicamento, informar no site institucional sobre a suspensão da produção, sem data especificada para retomada. No documento, a SBD sugere a possibilidade de o Ministério da Saúde importar, de forma emergencial, o medicamento para suprir as demandas até que a produção no Brasil seja normalizada.

“O problema cresce em proporção ao considerarmos que a Acitretina é a única medicação eficaz e disponível para tratamento de uma série de genodermatoses graves (disceratoses – distúrbios de ceratinização da pele), o que deixa uma grande população de crianças gravemente enfermas sem possibilidade de tratamento”, diz trecho do ofício.

O ofício da SBD reitera ainda a posição da instituição em manter, nos últimos dez anos, tratativas junto aos gestores federais com o intuito de estabelecer parceria nas decisões relacionadas aos assuntos da especialidade, dentre os temas, aqueles relacionados à melhora da assistência farmacêutica oferecida aos doentes dermatológicos no País. 

“Trata-se de um apelo em nome de pacientes e profissionais que contam com esse medicamento para fazer o controle de doenças. Contamos com a sensibilidade do Governo diante desse grave problema, cuja solução passa pela vontade política dos tomadores de decisão. Os dermatologistas estão empenhados na cobrança por respostas”, disse o presidente da SBD, Sérgio Palma. 

 
 


2 de agosto de 2019 0

“O Programa Médicos pelo Brasil, que acaba de ser lançado pelo Governo Federal, incorpora uma nova lógica na contratação de profissionais da medicina que atuarão em unidades básicas de saúde de áreas de difícil provimento. Ao contrário do Mais Médicos, que foi implementado nas gestões anteriores, a iniciativa atual propõe remuneração diferenciada e vínculo empregatício com carteira assinada. 

“Em princípio, as condições são melhores para atrair e fixar o médico na rede pública. Acreditamos que um passo importante foi dado, mas é preciso acompanhar de perto para nos certificarmos que tudo será realizado conforme a proposta”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Sergio Palma, que acompanhou a solenidade de lançamento, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). 

Critérios – Ao todo, serão 18 mil vagas previstas, sendo cerca de 13 mil em municípios de difícil provimento. O Governo Federal priorizará a participação de municípios em regiões carentes. Para isso, adotou metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseada em estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que classifica as cidades em espaços rurais e urbanos, considerando o tamanho da população, densidade demográfica e distância de grandes centros urbanos. Assim, os municípios foram divididos em 5 categorias: rurais remotos, rurais adjacentes, intermediários remotos, intermediários adjacentes e urbanos.

Todas as regras constam da Medida Provisória que dá escopo legal à iniciativa e que deverá ser votada pelo Congresso Nacional. Pela MP, os médicos serão selecionados por meio de processo seletivo eliminatório e classificatório que contemplará duas funções diferentes: médicos de família e comunidade e tutor médico. Para a função de Médico de Família e Comunidade, serão selecionados médicos com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Se aprovados na prova escrita, serão alocados em USF pré-definidas pelo Ministério da Saúde para realização do curso de especialização em Medicina de Família e Comunidade.

Para a função de Tutor Médico serão selecionados especialistas em Medicina de Família e Comunidade ou de Clínica Médica com CRM. Nessa modalidade, os profissionais aprovados na prova escrita já ingressam, por meio de contratação via CLT, e ficam responsáveis pelo atendimento à população nas USF a que foram designados e pela supervisão dos demais médicos ingressantes no Programa Médicos pelo Brasil, durante o período do curso de especialização.

Remuneração – Ao longo dos dois primeiros anos no Programa Médicos pelo Brasil, os profissionais realizarão o curso de especialização, recebendo bolsa-formação no valor de R$ 12 mil mensais líquidos, com gratificação de R$ 3 mil adicionais para locais remotos (rurais e intermediários) e de R$ 6 mil adicionais para Distritos Sanitários Indígenas (DSEIs), além de localidades ribeirinhas e fluviais. Se aprovados no curso, os médicos realizarão uma prova para adquirirem titulação de especialista em Medicina de Família e Comunidade e poderão ser contratados via Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), permanecendo nas USF em que realizaram a formação.

A contratação via CLT apresenta quatro níveis salariais, com progressão a cada três anos de participação no programa, além de gratificação por desempenho vinculada ao alcance de indicadores de qualidade de atendimento e satisfação das pessoas atendidas. Este adicional por desempenho pode variar entre 11% e 30% em relação ao salário. O primeiro nível salarial pode chegar até R$ 21 mil e, gradativamente, até R$ 31 mil, considerando o acréscimo máximo da gratificação por desempenho e local de difícil provimento. Esses valores também incluem gratificação de R$ 1 mil mensais para os médicos que acumularem o cargo de tutor.

Durante a participação no programa, os médicos serão avaliados através de métodos científicos e indicadores de saúde da população, a partir da valorização da opinião das pessoas e de critérios de desempenho clínico. O médico também avaliará a estrutura de USF e da rede de serviços do município em que trabalha. Essa avaliação ajudará no fortalecimento da qualidade da Atenção Primária à Saúde no Brasil.

Especialização – O curso de especialização em Medicina de Família e Comunidade será obrigatório para a contratação federal via CLT. O médico cumprirá jornada semanal de 60 horas, sendo 40 horas voltadas à integração ensino-serviço, desenvolvendo atividades de atendimento direto à população, e 20 horas de atividades teóricas.

Os médicos serão supervisionados por seus respectivos tutores e passarão uma semana, a cada dois meses, na Unidade de Saúde da Família do tutor, realizando atendimentos em conjunto. Além disso, o tutor deverá estar disponível para supervisão de casos à distância a qualquer momento. Os médicos também contarão com a possibilidade de discussão de casos via telessaúde, de médico para médico, utilizando os recursos já ofertados pelo Ministério da Saúde.

O componente teórico será realizado por instituição de ensino superior parceira, com a participação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), na modalidade de ensino à distância. As avaliações serão semestrais, com aprovação obrigatória para continuidade no Programa. Ao final do curso, o médico deverá realizar um trabalho de conclusão que consistirá na identificação e priorização de um problema existente na população vinculada a sua USF, acompanhado da intervenção para a melhoria desse problema.

Com informações da Agência Saúde
 


2 de agosto de 2019 0

“O Programa Médicos pelo Brasil, que acaba de ser lançado pelo Governo Federal, abre uma nova perspectiva para o trabalho do profissional da medicina dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Diferentemente de outras propostas, há um eixo estruturante que permite que aquele que ingressar conte com mais estímulos para realizar um bom trabalho”. Essa foi a avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sérgio Palma, após assistir a solenidade no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), na qual a iniciativa foi apresentada à população. Com a novo Programa, o Ministério da Saúde espera ampliar a oferta de serviços médicos em locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade, além de formar especialistas em Medicina de Família e Comunidade.

A estratégia ampliará em cerca de 7 mil vagas a oferta de médicos em municípios onde há os maiores vazios assistenciais na comparação com o programa Mais Médicos, sendo que as regiões Norte e Nordeste juntas têm 55% do total dessas vagas. Ao todo, serão 18 mil vagas previstas, sendo cerca de 13 mil em municípios de difícil provimento.


O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente da SBD, Sérgio Palma

Comunidade – A Atenção Primária à Saúde (APS), em que os médicos do Programa Médicos pelo Brasil vão atuar, é a base do Sistema Único de Saúde (SUS), onde as doenças mais frequentes são acompanhadas, como diabetes, hipertensão e tuberculose. A proximidade da Equipe de Saúde da Família (ESF) com a comunidade permite que se conheça melhor o cidadão, garantindo maior adesão aos tratamentos e às intervenções médicas propostas. Assim, nesse nível de atenção, é possível resolver cerca de até 80% dos problemas de saúde, sem a necessidade de intervenção na emergência de Unidades de Pronto-Atendimento (UPA 24h) ou de hospitais.

“A ampliação do acesso a esses serviços nas Unidades de Saúde da Família é prioridade do Governo Federal. Assim, vamos promover a qualidade de vida da população e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. Também vai trazer para perto da comunidade serviços como consultas médicas, exames, vacinas, radiografias e pré-natal para gestantes”, destacou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O Governo Federal priorizará a participação de municípios em regiões carentes. Para isso, adotou metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseada em estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que classifica as cidades em espaços rurais e urbanos, considerando o tamanho da população, densidade demográfica e distância de grandes centros urbanos. Assim, os municípios foram divididos em cinco categorias: rurais remotos, rurais adjacentes, intermediários remotos, intermediários adjacentes e urbanos.


O primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, agradece em nome dos 466 mil médicos brasileiros, pela implementação do programa que levará profissionais de medicina ao interior. O programa terá novo critério para distribuição de vagas entre os municipios e novas regras para seleção dos profissionais

Prioridades – Serão priorizados os municípios rurais remotos, rurais adjacentes e intermediários remotos, que concentram 3,4 mil cidades, e poderão incluir todas as equipes de Saúde da Família no Programa Médicos pelo Brasil. Todas as Unidades de Saúde da Família ribeirinhas e fluviais e os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) também serão consideradas como prioritárias.

Os municípios intermediários adjacentes e urbanos receberão médicos em USF consideradas de alta vulnerabilidade, a partir de critérios como proporção de pessoas cadastradas que recebam benefício financeiro do Programa Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou qualquer benefício previdenciário até o limite de dois salários-mínimos. Os municípios que quiserem participar do Programa Médicos Pelo Brasil deverão assinar Termo de Adesão onde serão definidas pelo Ministério da Saúde as responsabilidades dos gestores municipais, especialmente quanto à oferta de estrutura adequada para a realização do trabalho do médico.

A saída dos municípios e das Unidades de Saúde da Família do programa devem ocorrer na medida em que forem sendo alcançados melhores indicadores de desempenho no cuidado à saúde da população, influenciados ainda pela melhoria da economia. Isso porque a prioridade do Médicos pelo Brasil é levar médicos para áreas mais carentes.

Para apoiar a atenção à saúde em municípios de médio e grande porte, o Ministério da Saúde lançou em maio deste ano o programa Saúde na Hora, que oferece incentivo financeiro para Unidades de Saúde da Família que ampliarem horário de atendimento à população, aumentando o acesso da população aos serviços da Atenção Primária, como consultas médicas e odontológicas, coleta de exames laboratoriais, aplicação de vacinas e acompanhamento pré-natal.

Com informações da Agência Saúde

* Fotos Antonio Cruz – AG Brasil e Marcos Corrêa/PR – Palácio do Planalto


31 de julho de 2019 0

Estão abertas até o dia 12 de agosto as inscrições online para o Simpósio Nacional de Linfomas da SBD. O encontro contará com a participação de experts no estudo, diagnóstico e tratamento da doença e é voltado para médicos dermatologistas e médicos de outras especialidades filiadas à Associação Médica Brasileira (AMB).

Coordenado pelo ex-presidente da SBD José Antonio Sanches, o programa científico está dividido em cinco módulos que abordarão temas como vírus e linfomas; micose fungoide clássica e suas variantes, síndrome de Sézary; neoplasia de células dendríticas plamocitóides; a necessidade da biopsia de MO; novas perspectivas na abordagem dos linfomas cutâneos; drogas alvo e transplante de medula óssea, entre outros.

Acesse e inscreva-se: http://www.sbd.org.br/evento/i-simposio-nacional-de-linfomas-da-sbd//programacao.aspx


29 de julho de 2019 0

A campanha pelo uso de protetor solar ganhou força nos últimos 30 anos e mobilizou a comunidade médica de dezenas de países. Além de evitar queimaduras solares e o surgimento de manchas cutâneas, o produto é recomendado por dermatologistas na prevenção do câncer de pele.

Embora ele seja a melhor forma de evitar certos tipos da doença, sua real eficácia ainda é debatida pela comunidade científica.

Especialistas não determinaram qual a quantidade e a frequência ideais para usá-lo. Em relação à segurança, também não há consenso sobre a formulação mais adequada, a mais segura para o organismo – já que os componentes são absorvidos pela pele – e a composição menos poluente ao meio ambiente.

A discussão segue em meio à disseminação de notícias falsas sobre supostos riscos ao usá-lo, um problema a mais a desafiar os órgãos de saúde pública.

O alerta dos EUA e as notícias falsas

No fim de maio de 2019, a Sociedade Brasileira de Dermatologia divulgou nota rebatendo uma avalanche de notícias falsas sobre o potencial tóxico no uso de filtros solares.

Os rumores foram provocados pela divulgação de um estudo organizado pela Food and Drug Administration (FDA), agência ligada ao governo americano que regulamenta a indústria farmacêutica e de alimentos.

Nele, os cientistas analisaram o plasma sanguíneo de 24 pessoas, usuárias frequentes de quatro marcas comerciais de protetor solar. O exame detectou presença considerável, bem acima dos níveis considerados saudáveis, de quatro ingredientes ativos: avobenzona, octocrileno, ecamsule e oxibenzona.

Os autores do artigo ainda não sabem o que o achado representa – a absorção dessas substâncias era comum e esperada. Entretanto, no documento, a FDA recomendou que a comunidade científica conduzisse testes adicionais para entender as consequências disso.

A orientação do órgão foi suficiente para gerar um sinal de alerta e provocar um efeito cascata de notícias falsas, disseminadas pelas redes sociais, sobre o perigo de usar filtro solar, em vários países e também no Brasil.

Na resposta, a Sociedade Brasileira de Dermatologia afirmou que acompanha atentamente o resultado dos estudos com filtros solares e que a pesquisa tocada pela FDA não altera, por ora, as recomendações de uso dos filtros solares registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), agência equivalente à FDA no Brasil.

Ressaltou ainda que o experimento da FDA foi realizado com aplicações de grandes quantidades de filtro solar, em 75% da superfície da pele, e reaplicações quatro vezes ao dia, por quatro dias.

"Esses elementos certamente contribuem para uma maior absorção de qualquer substância testada e não representam o uso cotidiano de filtros solares pela população." A oxibenzona, por exemplo, tem sido cada vez menos usada nos protetores fabricados no Brasil.

Apesar do esclarecimento do órgão, o debate sobre o uso de protetores solares não deve esfriar tão cedo. Segundo a própria comunidade científica, o "uso cotidiano de filtros solares" está longe do ideal. A recomendação é que se aplique mais protetor e mais vezes ao dia. Significa dizer que o experimento replica o uso mais indicado pelos médicos para os filtros solares.

Além desse impasse, outro artigo científico, publicado no periódico acadêmico Journal of the American Academy of Dermatology, em fevereiro, questionou o real efeito do uso de filtro solar na redução dos casos de câncer de pele nos Estados Unidos.

O que a pesquisa concluiu

Na análise conduzida por Reid A. Waldman e Jane M. Grant-Kels, do Departamento de Dermatologia da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, os autores esclarecem que, apesar de protetores solares serem recomendados com vigor pela comunidade médica americana, apenas quatro estudos foram feitos nos últimos 40 anos sobre o tema, e nenhum deles investigou a fundo a eficácia do produto em indivíduos saudáveis.

A pesquisa encontrou, sim, evidências sólidas de que o protetor solar previne o carcinoma de células escamosas. Entretanto, não há prova de que ocorra o mesmo com os carcinomas basocelulares, que são a forma mais comum de câncer de pele, provavelmente porque esses cânceres se desenvolvem muito devagar para que os estudos detectem uma tendência de queda.

O único estudo que investigou o uso de filtro solar para evitar melanoma, a forma mais agressiva de câncer de pele, não obteve resultado satisfatório.

Indivíduos que usaram protetor solar diariamente, ao longo de quatro anos, tiveram 1,5% de chance de desenvolver melanoma dez anos depois, comparado a 3%, entre pessoas que não aplicavam protetor solar com frequência ou do modo correto. Para os autores do artigo, a redução não tem significado estatístico.

Ouvido pela BBC News Brasil, o dermatologista Sérgio Schalka, referência nacional em fotoproteção, afirma que há um problema nos protetores solares americanos, o que pode explicar em parte a dificuldade de determinar a eficácia dos filtros fabricados ali.

"Há uma disputa entre a sociedade médica americana e a FDA, que demora muito para regulamentar novos filtros e não avalia os que já estão no mercado. No Brasil, a regulamentação segue mais as diretrizes dos órgãos de saúde europeus."

Schalka diz que o desafio, agora, é conduzir estudos de longo prazo para estabelecer de fato o que faz um protetor solar.

"É complexo, porque precisamos ter sempre um grupo controle, que nesse caso não pode ficar sem usar nada de filtro solar por causa dos riscos, seria antiético. Só a Austrália fez algo massivo, com uma pesquisa conduzida por Adele Green. É o estudo mais importante que temos, envolveu milhares de pessoas. E ele comprova a eficácia dos protetores solares australianos: entre a população que fazia uso constante de filtro solar, o número de casos de melanoma caiu pela metade."

Jade Cury Martins, coordenadora do departamento de Oncologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia, afirma que tanto o estudo da FDA quanto o dos dermatologistas da Universidade de Connecticut fazem uma crítica adequada às metodologias usadas nos estudos anteriores, dentro da realidade americana.

"É verdade que ainda existem controvérsias sobre o uso do protetor solar. Uma delas é exatamente sobre a absorção das substâncias pela pele, e se isso teria algum impacto ou toxicidade para nosso organismo. Outra controvérsia seria o efeito hormonal do uso frequente de protetores. A questão da vitamina D também é muito debatida pelos médicos: usar filtro solar reduz a síntese da substância, que é fundamental na absorção de cálcio pelo organismo e na formação e recuperação de tecido ósseo. Nesse último caso, temos a opção de receitar vitamina D quando há deficiência, mas todas as questões que descrevi permanecem em aberto", afirma a especialista.

Martins argumenta que o câncer é uma doença multifatorial e complexa, "mas é importante dizer que o estudo sobre a eficácia conclui de modo muito assertivo que o uso de protetor solar deve ser encorajado, apesar da carência de evidências. Estudos prospectivos de longo prazo são sempre necessários".

Os tipos de câncer de pele

O câncer de pele é o tumor maligno mais frequente no Brasil: corresponde a cerca de 30% de todos os casos de câncer registrados no país. A doença é dividida em dois grupos principais: melanomas e não melanomas. Os não melanomas são o tipo mais comum (cerca de 90% dos casos) e apresentam alto percentual de cura, se forem detectados e tratados precocemente. Carcinoma basocelular – o mais comum e também o menos agressivo – e carcinoma espinocelular (ou epidermoide) são variações dentro desse grupo.

Os melanomas representam apenas 3% das neoplasias malignas da pele. No entanto, são o tipo mais grave da doença, devido à probabilidade de provocarem metástase (disseminação do câncer para outros órgãos do corpo).

A relação entre o sol e o câncer de pele

É consenso entre especialistas que, em excesso, a radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol provoca reações cutâneas e em nossos olhos.

São três os tipos de radiação ultravioleta: UVA, UVB e UVC. Tanto a UVA quanto a UVB têm potencial de penetrar a pele, danificar o DNA das células e favorecer o surgimento do câncer. Além disso, a UVB provoca vermelhidão, queimaduras e sensação de ardência. A UVC não penetra a atmosfera da Terra: é absorvida antes pela camada de ozônio.

A exposição à luz do Sol causa ainda enrugamento e manchas escuras na pele, o lentigo, muito comuns em pessoas acima dos 50 anos. A luz solar agride os olhos e pode provocar catarata.

Mas câncer é uma doença complexa, em que participam componentes genéticos e ambientais. "Outros fatores de risco incluem a cor da pele, ter cabelos e olhos claros ou ruivos, ter recebido radiação ionizante na pele (radioterapia, por exemplo), ter histórico familiar… No caso do melanoma, há ainda predisposições genéticas", afirma Martins.

A origem dos filtros solares

Segundo o livro The History of Sunscreen (a história do protetor solar, em tradução livre), de Adam S. Aldahan, os egípcios foram os primeiros a fabricar protetores solares. Eles usavam ingredientes como farelo de arroz, jasmim e tremoço para as pastas que protegiam a epiderme, a camada mais superficial da pele.

Embora não compreendessem os efeitos nocivos do sol, entenderam o conceito de bronzeamento. Em uma cultura em que a pele mais clara era mais desejável, o propósito do filtro solar entre os egípcios era unicamente cosmético.

"Só recentemente foi descoberto que o farelo de arroz absorve a radiação ultravioleta, que o jasmim ajuda a reparar o DNA e que o tremoço 'ilumina' a pele", explica o autor no livro.

Outras culturas também fabricavam cosméticos – os dos gregos antigos tinham como base o azeite. Algumas tribos nativas americanas se besuntavam com um uma pasta feita da planta Tsuga canadensis, a cicuta canadense, que tem efeito calmante em queimaduras solares.

O que o protetor solar faz

Quando bem utilizados, os filtros solares evitam as queimaduras que podem levar ao surgimento de alguns tipos de melanoma.

O filtro solar é eficaz em prevenir os danos cutâneos causados pela radiação UVB, tanto agudos (queimaduras solares) quanto crônicos – como manchas, fotoenvelhecimento e câncer de pele. Também é eficaz para doenças que são pioradas pelos raios UV, como é o caso do lúpus eritematoso.

Pelas normas da Anvisa, todos os filtros devem ter um fator de proteção UVA de ao menos 1/3 do valor da proteção UVB – o FPS que vemos no rótulo deve ser, de preferência, 30 ou maior. Eles devem ser aplicados de 15 a 30 minutos antes da exposição ao Sol, e serem reaplicados regularmente, a cada duas ou três horas.

O maior erro de quem usa protetor solar está na quantidade de filtro aplicada: a maioria das pessoas usa menos do que deveria. O Consenso Brasileiro de Fotoproteção, documento assinado pelos conselhos de dermatologistas do país, criou em 2013 a "regra da colher de chá", que determina a proporção ideal de fotoprotetor para cada parte do corpo. Rosto, cabeça e pescoço devem receber uma colher de chá de filtro solar cada um. Torso e costas, duas colheres de chá cada.

E a vitamina A?

Também alardeada como prejudicial à pele, a vitamina A presente na formulação de alguns protetores solares não causa câncer. O que acontece é que o retinol, produto derivado da substância e presente nesses produtos, estimula a regeneração celular, mas em geral protetores com retinol devem ser usados depois do entardecer, porque com o aquecimento da pele pode causar irritação.

A regra geral indica que filtros orgânicos, ou de base química, absorvem a radiação. Os inorgânicos ou minerais, também chamados de bloqueadores solares, refletem a radiação. Hoje, se sabe que os inorgânicos também absorvem os raios UV.

"Os dois possuem vantagens. Mas o filtro solar inorgânico causa menos dermatite de contato. Por isso, é o tipo de produto recomendado para uso em bebês com mais de seis meses, pois há menor risco de sensibilização", explica Martins.

Tatiana Araújo Batista tem trabalhado com a produção de filtros solares inorgânicos biocompatíveis, que levam compostos como hidroxiapatita e fosfato tricálcio. "São substâncias que existem naturalmente nos ossos e dentes, ou seja, materiais compatíveis com o tecido humano. Além de não causarem alergias, descartariam o risco de desenvolver outros tipos de câncer."

Fonte: BBC Brasil


26 de julho de 2019 0

Na doença popularmente conhecida como fogo selvagem, forrnam-se bolhas na pele e posteriormente lesões. Trata-se de um tipo especifico, endémico da América do Sul – inclusive Brasil, na região Centro-Oeste –, da doença autoimune chamada pénfigo.

Os pénfigos são divididos, de forma geral, em dois grupos. O vulgar, que costuma ser mais grave – afeta também mucosas, como a boca – e atinge pacientes de meia idade. E a foliáceo, que só ocorre na pele e começa geralmente na face, tronco superior ou couro cabeludo – há casos em que as bolhas podem se espalhar por todo o corpo.

O fogo selvagem é uma forma do pénfigo foliáceo e ocorre em pessoas entre os 10 e os 50 anos, segundo Gunter Hans FIlho, assessor do departamento de doensus bofficsas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). "Sáo lesões que ardem como fogo", diz Hans Filho. Já o selvagem do nome vem do fato das pessoas atdrigidas pela doença normalmente residirem na área rural.

O problema é causado pelo sistema imunológico que começa a atacar moléculas de adesão celular na epiderme, o que leva á formagáo de bolhas. Segundo o especialista, a doença tem relação com questões de susceptibilidade genética, em alguns casos com exposição a medicamentos e também pode haver ligação com fatores ambientais.

O tratamento para o problema costuma ser agressivo, feito com corticoldes e imunobiológicos. Normalmente, o tempo mínimo de tratamento é de três anos e, depois de controlada, a condição não necessariamente terá desaparecido permanentemente. Hans Filho diz que há pacientes com a doença controlada por mais de dez anos que apresentam recidivas.

Assim, o quadro é imprevisível. No passado, a cada dez pacientes com o quadro, nove acabavam morrendo por sepsia. Hoje, a morte é rara.

Fonte: Folha de S. Paulo

Imagem: Portal Drauzio Varella





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