Novo presidente da SBD reitera compromissos da Gestão 2021-2022 com os especialistas e a população




8 de janeiro de 2021 0

Entrevista

A consolidação e ampliação das ações visando à atualização científica dos associados é uma das metas que será empreendida pela nova gestão da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), no biênio 2021-2022. Em entrevista ao portal da SBD, Mauro Enokihara, novo presidente da entidade, apresentou algumas de suas preocupações e objetivos para o período, que se desenvolverá sob o slogan “Dermatologia de todos, e para todos”.

Ele salientou que para avançar em seus projetos a diretoria da Gestão 2021-2022 – em conjunto com a equipe de colaboradores da SBD – já iniciou o planejamento do trabalho para atender às principais demandas dos associados. De acordo o presidente, além de promover capacitação técnica de alta qualidade, também estão entre as prioridades ações de defesa profissional e de projeção da imagem institucional no debate público sobre temas de relevância para a dermatologia, a medicina e os pacientes.

Confira, a seguir, uma rápida entrevista com Mauro Enokihara.

Portal SBD – Como o senhor vê o desafio presidir a SBD?

Mauro Enokihara – No primeiro encontro com a atual equipe, eu apresentei uma imagem que julgo ser representativa: um campo vasto e verde, cortado por um caminho de pedras, que tem como destino uma alta montanha. Esse é o desenho da nossa atual conjuntura. Nos próximos meses, sabemos que haverá inúmeros desafios ao longo da estrada. Nesse contexto, se realmente quisermos alcançar novos patamares – chegando ao topo das montanhas –, precisamos estabelecer nossas metas. Nesse sentido, nosso objetivo maior será servir ao associado da SBD. Da mesma maneira que as diretorias anteriores fizeram um ótimo trabalho, sendo que eu como associado usufrui disso, nosso intuito é atender às demandas dos dermatologistas.

Portal SBD – No contexto da pandemia de Covid-19, como será a atuação da SBD?

Mauro Enokihara – Devido ao novo coronavírus, nós tivemos um 2020 extremamente difícil. Mas, nesse cenário de incerteza, que permanecerá pelo menos em curto prazo, houve também oportunidades de aprendizado. Inovamos no modo de promover atividades da SBD e de estabelecer contato com os associados. Com base nessa experiência, já estamos trabalhando para montar uma ampla programação científica, com cursos e eventos. Neste momento, é ainda mais importante elaborarmos planos para superar as indefinições impostas pela Covid-19. Mas uma coisa é certa: em 2021, vamos trabalhar com afinco para que a SBD reforce seus projetos de educação continuada e de apoio ao aprimoramento profissional dos dermatologistas brasileiros, dando atenção aos associados de cada uma de nossas Regionais. Queremos consolidar as boas iniciativas já oferecidas e aperfeiçoar o que precisa ser melhorado.

Portal SBD – Como a SBD pretende trabalhar no campo da defesa profissional?

Mauro Enokihara – Nos últimos anos, diferentes especialidades médicas – sobretudo a dermatologia – têm vivenciado sucessivos ataques às suas competências. São ações promovidas por entidades e indivíduos de outras categorias profissionais. Contra esse movimento, a SBD já tem buscado abrigo na Justiça, com uma série de ações onde essa postura tem alvo de questionamento. Sabemos que esse é um processo longo, com amplo direito a recursos, mas acreditamos que temos argumentos sólidos o suficiente para contrapor essas irregularidades. Também temos buscado sensibilizar parlamentares em favor dessa causa, assim como recebido o apoio de instituições representativas da classe médica, como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB). Essas iniciativas que já acontecem vão ser consolidadas. O último presidente da SBD, Sérgio Palma, juntamente com sua diretoria, encampou esse trabalho de defesa profissional de modo incansável e esse é um compromisso que não será abandonado.

Portal SBD – De que modo a dermatologia brasileira, por meio da SBD, pode contribuir com a formulação de políticas públicas de saúde?

Mauro Enokihara – Costumamos caracterizar a dermatologia como uma especialidade complexa e completa. É a única que engloba mais de três mil doenças, que necessitam de tratamento – clínico ou cirúrgico –, envolvendo uma gama imensa de procedimentos. Além disso, temos também a dermatologia sanitária, que se ocupam das chamadas doenças negligenciadas. Esse é um ponto que precisa ser valorizado. A hanseníase ainda é um exemplo de problema grave e atualíssimo. No passado, sonhávamos que haveria maior controle dessa doença do Brasil, no início dos anos 2000. Já se passaram duas décadas e hoje o nosso País ainda é o segundo no mundo em número de casos. Outro exemplo são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), que têm diversas manifestações cutâneas e vêm se disseminando, especialmente entre os mais jovens. Outro tópico relevante em termos de saúde pública é o cuidado inerente para cada tipo de pele, especialmente no Brasil, onde a miscigenação é uma realidade inegável. Há doenças que são próprias de cada cor ou etnia. Quando identificamos a dermatologia como especialidade completa é por que está atenta a todos esses fatores, além de muitos outros, como as ações nos campos cirúrgico e cosmiátrico. Efetivamente, ela engloba a assistência que cobre pessoas das classes menos favorecidas até as mais abastadas. Por isso, nossos compromissos e metas podem ser consolidados na frase escolhida para nortear a atual gestão em suas ações: “Dermatologia de todos, e para todos”.

Portal SBD –  Qual sua mensagem para os associados da SBD?

Mauro Enokihara – Muitos já me conhecem, em função da minha trajetória. Seja pela atuação no campo clínico, seja na vida associativa. Diante disto, quero reiterar a cada associado da SBD a total seriedade com a qual encaro essa oportunidade de gerir nossa entidade nos próximos dois anos. Para tanto, podem contar com o melhor de nossos esforços – meus e de todos os membros da diretoria – para oferecer aos especialistas uma gestão inovadora, permeada por valores éticos, trabalho árduo e que buscará sempre atender a cada um da melhor maneira, mesmo que para isso muitas vezes seja preciso tornar o impossível possível. 


7 de janeiro de 2021 0

O dia 1º de dezembro marcou o início da Campanha Dezembro Laranja, que completou sete anos em 2020 e, em virtude da pandemia de Covid-19, foi realizada exclusivamente no formato digital em todos os canais da SBD. Sob a coordenação do dermatologista Elimar Gomes, o tema da ação enfatizou que câncer da pele é coisa séria e que a conscientização deve começar desde a infância. Para isso, contou com os embaixadores e influenciadores Maria Clara e JP, que divulgaram o movimento em suas redes sociais e convidaram crianças e adultos para conhecerem de forma descomplicada as formas de prevenção e de tratamento disponíveis. Além das divulgações nas redes sociais direcionadas para a população, a SBD promoveu lives para os médicos sobre casos desafiadores e tratamento no melanoma.

Em paralelo, os Serviços Credenciados e Regionais da SBD realizaram algumas ações de atendimento ao público, respeitando os cuidados gerais com a saúde diante da pandemia. No entanto, um fato que chamou a atenção dos especialistas foi a redução de quase 50% na procura por exames na rede pública de saúde e também nos consultórios. De janeiro a setembro de 2020 foram computados 109.525 exames para diagnosticar o câncer da pele. No mesmo período no ano passado, o fluxo de atendimento foi bem mais expressivo, com a realização de cerca de 210 mil exames. O estado de São Paulo, que em 2019 realizou o maior número de exames, cerca de 80 mil, este ano não chegou aos 35 mil.

Locais públicos iluminados 

Diversos monumentos públicos ganharam iluminação especial durante o mês de dezembro. O Cristo Redentor foi o primeiro a aderir a campanha nacional de prevenção ao câncer da pele da SBD. O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Maracanã, monumento dos Três Marcos, em Goiânia, Forte de Santo Antônio, em São Luís do Maranhão, Santa Casa de Curitiba, CRM-SC, Fiesp, Roda Gigante Rio Star, Câmara dos Deputados, Congresso Nacional, Ministérios e Itamaraty também receberam tons da cor símbolo da campanha. O objetivo da SBD é tornar o movimento ainda mais conhecido pela população, além de informar sobre a doença, formas de tratamento e diagnóstico precoce e correto.  

Live com Paula Toller

Ainda em dezembro também foi promovida live com a cantora Paula Toller para conscientizar a população sobre a  prevenção do câncer de pele. O show foi transmitido pelo canal do YouTube da entidade e teve grande engajamento do público. Além da cantora, diferentes personalidades participaram do movimento vestindo a cor laranja.

Vídeo para conscientizar

O Dezembro Laranja 2020 também contou com a divulgação de um vídeo protagonizado por crianças e adolescentes que falaram sobre os grupos de risco e como identificar as lesões de pele.
Ainda precisamos ter muita atenção aos casos da doença. No Brasil, são registrados 180 mil novos casos por ano, sendo que 30% dos cânceres são malignos. É uma luta permanente da SBD para que a doença tenha seus números reduzidos. Para isso, contamos com o seu engajamento não só dezembro ou no verão, mas durante todo o ano.

Saiba mais: Jornal Nacional destaca o alerta dos dermatologistas para a importância do diagnóstico precoce do câncer de pele


6 de janeiro de 2021 0

Em meio a um ano completamente atípico, a SBD se reinventou ao criar o projeto SBD Live, um canal de atualização de conteúdo científico e troca de informações voltado para o associado, mas também de promoção à saúde, já que algumas apresentações foram abertas para população em geral por meio do YouTube.

Com periodicidade semanal, inicialmente as lives abordaram temas sobre a relação entre o novo coronavírus e as manifestações clínicas dermatológicas, diagnóstico, prescrições e complicações, sempre com a participação de convidados e especialistas no assunto. A seguir, foram apresentados assuntos diversificados e importantes para a prática dermatológica como dermatite atópica, melanoma, rejuvenescimento, proteção solar, entre tantos outros, totalizando 32 edições ao longo de 2020.  

Durante as apresentações os associados e público puderam enviar questões em tempo real para tornar a participação mais dinâmica. Para assistir ou rever alguns conteúdos acesse:  https://sbdlive.com.br.

 

 


5 de janeiro de 2021 0

Ao longo da gestão 2019-2020 a SBD realizou diferentes ações objetivando o fortalecimento da dermatologia, da medicina, e em prol da saúde dos pacientes, ao encaminhar demandas específicas ao diferentes órgãos de saúde do país, como Ministério da Saúde, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e outras instâncias. Foram muitos os diálogos com governantes que atuam nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, sempre mantendo o acompanhamento de sua assessoria jurídica nas discussões técnicas. O Relatório da Gestão 2019-2020 traz em minúcia todas as iniciativas empreendidas. Para se ter uma ideia, até dezembro de 2020 estavam em tramitação 620 procedimentos decorrentes de representações da SBD junto aos Ministérios Públicos e Vigilâncias Sanitárias, além de 260 processos ético-disciplinares, em conselhos de representação profissional.  Também tramitavam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal cerca de 70 projetos de lei de interesse da dermatologia até o último mês do ano de 2020. Em todos os encontros foram debatidas a importância do ato médico e do ensino de qualidade tanto na graduação quanto na pós-graduação, melhor assistência à população brasileira, a revisão de honorários e a atenção à publicidade médica.

No Congresso Nacional a SBD contribuiu com outros debates relevantes, muitos deles interligados com a saúde do paciente e também com o trabalho do médico, como participação em audiência pública relacionada ao câncer de pele para a discussão da criação da Semana de Prevenção e Combate a essa doença, que passaria a integrar o calendário oficial de atividades do governo; audiência pública na Câmara dos Deputados para debater o exercício ilegal da medicina e os riscos para pacientes ao serem expostos a profissionais sem formação adequada; iniciativas do Instituto Brasil de Medicina (IBDM), organização privada e sem fins lucrativos, criada para subsidiar o legislativo no debate técnico de temas associados ao exercício da medicina; audiência pública na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), da Câmara dos Deputados, na tentativa de mudar a denominação da profissão odontologia para medicina orofacial e do título profissional de cirurgião-dentista para médico orofacial; audiência para apresentar os riscos à população na realização de procedimentos estéticos invasivos por profissionais não médicos; mobilização pela revalidação do diploma em ação conjunta com o Conselho Federal de Medicina (CFM); reunião técnica do Grupo de Trabalho da Tabela Sistema Único de Saúde (SUS), organizado pela Câmara dos Deputados, com sociedades de especialidades médicas para discutir formas de modernização no cálculo e reajuste desse parâmetro para custeio das ações realizadas na rede pública.

No Judiciário, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alertou sobre diferentes situações que colocam em risco a saúde do paciente, por meio de mais de mil denúncias de prática irregular na realização de procedimentos estéticos encaminhadas aos Ministérios Públicos estaduais, às Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios e aos conselhos de classe de profissionais da saúde não médicos. Também atuou junto com sua assessoria jurídica em ações judiciais contra resoluções de biomédicos que pleiteavam aplicar substâncias e realizar procedimentos invasivos de natureza estética, como por exemplo a Resolução nº 241/14 do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM). Também agiu contra a Resolução nº 198/2019 do Conselho Federal de Odontologia (CFO) que reconheceu a harmonização orofacial como especialidade da odontologia. Atuou contra o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) cuja liminar, em vigor, suspende os efeitos da Resolução nº 529/2016 daquela entidade no que diz respeito aos procedimentos: micropuntura (microagrilhamento), laserterapia, depilação a laser, criolipólise, escleroterapia, intradermoterapia/ mesoterapia, prescrição de nutricêuticos/nutricosméticos e peelings. Por fim, está em em tramitação ação judicial movida contra o Conselho Federal de Farmácia (CFF) cuja liminar em vigor suspende os efeitos da resolução CFF nº 669/2018, que reconhecia a saúde estética como área de atuação do farmacêutico.

No Executivo, a SBD esteve à frente de dezenas de reuniões e audiências públicas, muitas de forma virtual em decorrência da pandemia de Covid-19, para a garantia do atendimento de qualidade e pela democratização do acesso a exames, procedimentos e medicamentos tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na rede privada. Atuou e participou da revisão das normas para a regularização de cosméticos para o alisamento ou ondulação dos cabelos em reunião promovida pela Anvisa; ofereceu sua contribuição ao divulgar estudo científico sobre o uso de antimaláricos aminoquinolínicos pela dermatologia; empreendeu esforços para ampliar o acesso da população dos planos de saúde aos medicamentos imunobiológicos destinados ao tratamento de doenças de pele, como psoríase, hidradenite supurativa e urticária crônica espontânea; participou da formulação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hanseníase; trabalhou pela inclusão de terapia imunobiológica subcutânea e endovenosa para o tratamento da psoríase no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo que hoje os biológicos já estão disponíveis no sistema oúbico de saúde.

Conheça detalhes dessas e outras essas iniciativas realizadas ao longo dos últimos dois anos no Relatório da Gestão 2019-2020.

* Com informações de SBD Por Você – Relatório de Gestão – 2019-2020

 

 


5 de janeiro de 2021 0

Mídia e Saúde

Após o sucesso do inédito Curso de Telemedicina e Responsabilidade Digital, a SBD abre novas vagas gratuitas e limitadas para essa atividade a partir de janeiro. Voltado para o médico dermatologista, o curso ocorre de 20 de janeiro até 10 de fevereiro sob a coordenação de Chao Lung Wen. Durante as aulas serão apresentados e debatidos conceitos relacionados à telemedicina e sua relação com o atual momento dos atendimentos médicos no Brasil; aspectos sobre regulamentações para teleassistência, teleconsulta, telepropedêutica, entre outros assuntos.

No total, o conteúdo programático abrange 14 temas, como ética nas redes sociais; segurança digital e HIPAA; critérios para escolha de plataformas tecnológicas; normas e compliance institucionais em telemedicina e como elaborar TCLE e TCI, que serão ministrados em quatro webinares por meio de plataforma exclusiva nos dias 20/01 (abertura); 27/01 (contextualização); 3/2 (contextualização) e 10/2 (encerramento), sempre das 19h30 às 20h30, totalizando 15 horas de conteúdo científico. O restante da carga programática, correspondente a 11 horas, poderá ser assistida de forma assíncrona de acordo com a disponibilidade do aluno em plataforma exclusiva da SBD.

Utilizando metodologia ativa de ensino, o espaço permitirá a resolução de dúvidas dos participantes que serão esclarecidas durante os webinares ao vivo. A intenção é que a iniciativa leve conhecimento sobre a temática – bastante atual nos dias de hoje – para todos os interessados, sabendo que parte do acesso às aulas poderá ser feita a qualquer hora do dia.

Certificados – Para receber o certificado de conclusão, o aluno deverá acessar todos os conteúdos obrigatórios e ter assistido 75% da carga de atividades programadas (votadores); além de assistir a um webinar de forma síncrona e a outros dois webinares gravados. O participante também deverá enviar resumo do conteúdo assimilado durante o curso.

A iniciativa conta com o patrocínio da Johnson&Johnson.

Para acessar a plataforma, clique aqui. A senha de acesso é a mesma utilizada aqui no site e no aplicativo da SBD.


Confira a seguir o temário completo do curso:

1. Histórico e fundamentos da telemedicina
2. Ética – fotografia digital
3. Ética – redes sociais
4. Segurança digital e HIPAA
5. Segurança: nuvens públicas, nuvens corporativas
6. Ética: porque WhatsApp e telefone não são recursos para teleconsulta?
7. Critérios para escolha de plataformas tecnológicas
8. Certificados digitais, prontuários eletrônicos e prescrição eletrônica
9. Telemedicina: leis, portarias, resoluções e normas técnicas
10. Tipos de serviços assistenciais em telemedicina
11. Telepropedêutica
12. Media training digital em saúde para teleassistência
13. Normas e compliance institucionais em telemedicina e como elaborar TCLE e TCI
14. Pilares da teleconsulta médica


5 de janeiro de 2021 0

Outros Olhares

O impacto das mudanças climáticas nos tratamentos dermatológicos
 
Morar em um país tropical significa vivenciar, na prática, apenas duas estações do ano, uma com temperatura mais amena, que não chega exatamente a ser fria, e outra mais quente, normalmente caracterizada por altas temperaturas, e que dura a maior parte do ano. No Brasil, especificamente, junta-se ao fato de ser um país quente em sua essência. E o aquecimento global decorrente da intervenção humana é capaz de acarretar temperaturas ainda mais elevadas. Esse calor, não raramente, costuma causar uma série de problemas relacionados à saúde. Não é incomum, por exemplo, as pessoas apresentarem maior cansaço, estresse e problemas respiratórios associados ao clima. Todas essas sensações também podem ser sentidas na pele.

Segundo o médico dermatologista Flavio Luz, as mudanças climáticas, especialmente os extremos de temperatura, levam a um aumento de doenças provocadas pelo calor, como a miliária e a Doença de Grover (dermatose acantolítica transitória). Entretanto, são as mudanças ecológicas decorrentes das mudanças climáticas e também das ações diretas do homem na natureza aquelas capazes de mais afetar a nossa saúde, vide o surgimento recorrente de novos vírus no planeta.  

Os indivíduos com doenças graves, agravadas ou induzidas pelo sol, como, por exemplo, algumas formas de lúpus eritematoso, o xeroderma pigmentoso e o albinismo, devem ter um controle quase que absoluto do sol. “Nesses indivíduos, é fundamental fazer a reposição da vitamina D. A tecnologia nos ajuda nessa proteção com o desenvolvimento de tecidos com grande proteção ultravioleta e bastante confortáveis de serem utilizadas. E também pela evolução dos filtros solares”, explica.

Clima X cultura
Embora, como dito anteriormente, o calor tenha uma relação direta com o aumento e agravamento de algumas doenças dermatológicas, é preciso lembrar que algumas mudanças devem partir de cada pessoa. “É preciso avaliar até onde as tais alterações do clima e temperatura têm incidência direta sobre algumas doenças. O ciclo de diminuição da camada de ozônio, que levaria a uma maior intensidade das radiações ultravioleta na superfície da Terra, já está essencialmente controlado pela proibição da emissão dos gases refrigerantes que destroem essa camada. Então, o aumento da incidência do câncer da pele se refere muito mais a aspectos culturais de maior exposição do corpo ao Sol do que de alterações climáticas diretas”, avalia Luz.

Além disso, segundo o médico, apesar de boa parte da população já estar consciente no sentido de se proteger do sol nas exposições recreativas, o grande desafio dos dermatologistas é educar as pessoas para proteção do solar no dia a dia. “Roupas de fibras naturais, especialmente de algodão, são altamente eficazes na proteção contra radiação. Roupas especiais também são indicadas em situações extremas, como esportes aquáticos. Dessa forma, não há necessidade, na maior parte das vezes, de utilização de filtro solar por baixo das roupas, com exceção dos indivíduos que apresentam uma necessidade muito grande de proteção e utilizam roupas de tecidos sintéticos claros e finos”, frisa Flávio.

É importante lembrar aos associados de que, com a chegada do verão, o índice ultravioleta na maior parte do Brasil se mantém em níveis muito altos ou extremos, já começando logo cedo, pela manhã. Em cidades ensolaradas, como Rio de Janeiro, e nas regiões Norte e Nordeste, a partir das 8h já se tem um índice ultravioleta bastante elevado e com potencial danoso para a pele. Portanto, além do tratamento habitual prescrito aos pacientes sobre determinada doença, é necessário sempre reiterar que os cuidados de proteção devem ser redobrados neste período, com uso de chapéus com abas largas, óculos escuros com proteção UV, camisa e protetor solar igual ou superior a 30, reaplicando a cada duas horas ou sempre que houver suor ou imersão em água, além de evitar exposição solar entre 9h e 15h.


5 de janeiro de 2021 0

Entrevista


Renato Marchiori Bakos

Médico dermatologista, professor associado da FAMED/UFRGS, chefe do Serviço de Dermatologia/ Hospital de Clínicas de Porto Alegre – HCPA e coordenador do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD

Nos últimos anos, inúmeros estudos têm demonstrado o crescimento na incidência de câncer em todo o mundo. Especificamente no Brasil, segundo a publicação "Estimativa 2020 – Incidência de câncer no Brasil", lançada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) durante comemoração do Dia Mundial do Câncer, em fevereiro de 2020, o país terá 625 mil novos casos da doença a cada ano do triênio 2020-2022, sendo a maioria de pele – mais de 180 mil.

Embora esse aumento de casos acenda um alerta entre profissionais da saúde, é importante ressaltar um índice maior de indivíduos com diagnóstico precoce da doença. E a dermatoscopia é o método não invasivo que melhor auxilia na avaliação das lesões pigmentadas da pele. “A dermatoscopia é fundamental na avaliação de pacientes com lesões com suspeita de neoplasias cutâneas melanocíticas e não melanocíticas e no segmento de tumores benignos que façam diagnóstico diferencial com elas, minimizando o índice de biópsias desnecessárias. A técnica permite a visualização de componentes estruturais, vasos sanguíneos e distribuição de pigmento na epiderme, na derme papilar e reticular, criando, consequentemente, um novo mundo morfológico. Isto permite estabelecer uma correlação clínico-histológica in vivo capaz de aumentar a acurácia diagnóstica dos tumores avaliados”, explica Renato Marchiori Bakos, professor associado da FAMED/UFRGS, chefe do Serviço de Dermatologia/HCPA e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista no tema.

A seguir, o médico comenta sobre a importância da dermatoscopia para a avaliação de lesões da pele e como o treinamento de médicos dermatologistas na técnica é fundamental para um diagnóstico mais preciso.

JSBD – Como a dermatoscopia pode auxiliar na relação com o dermatopatologista quando avaliando casos potencialmente oncológicos?

Renato Marchiori Bakos – Deve ser rotina o contato próximo do dermatologista com o patologista. Pela correlação que os achados dermatoscópicos possuem com os histopatológicos, a descrição adequada de estruturas dermatoscópicas pode ser extremamente útil para o dermatopatologista. Há inúmeros casos em que a impressão clínico-dermatoscópica pode ser determinante para a interpretação histológica. Além disso, a dermatoscopia também pode guiar um sítio mais representativo para uma biópsia incisional, quando indicada.  

JSBD – Além do câncer de pele, quais são outras indicações significativas do método?

RMB – As indicações de uso da dermatoscopia têm crescido. Inúmeras publicações apontam seu benefício na prática dermatológico na detecção ou auxílio diagnóstico de um número significativo de sinais e sintomas na dermatologia. Em especial, podemos destacar as doenças infecciosas, as infestações e as doenças inflamatórias, assim como a avaliação de unhas e doenças de couro cabeludo e em áreas anatômicas especiais. Como já foi escrito em editoriais, o dermatoscópio pode ser considerado o estetoscópio do dermatologista, praticamente. E não somente pode como deve ser utilizado de forma constante na prática clínica, cirúrgica e cosmiátrica.

JSBD – Todo médico dermatologista pode realizar o exame em seu paciente ou é preciso algum curso ou especialização para tal?

RMB – Sem dúvida, todo dermatologista que recebeu treinamento em dermatoscopia deve realizar o procedimento. Existe natural curva de aprendizado. Isso ocorre no aprimoramento de qualquer técnica diagnóstica. Além do treinamento nos Serviços Credenciados, a participação em cursos e outras atividades paralelas também é importante. Possivelmente, o mais significativo seja a insistência em treinar o método no dia a dia, avaliando todo tipo de lesão, com isso, desenvolvendo uma lógica na observação das estruturas e padrões dermatoscópicos. Obviamente, sempre correlacionando os achados práticos com a teoria.     

JSBD – Quais equipamentos o médico dermatologista precisa para realizar a dermatoscopia no seu consultório?

RMB – Essa resposta depende muito dos objetivos do profissional e o grau de investimento que pretende aplicar na dermatoscopia. Hoje em dia, há uma variedade de aparelhos portáteis acessíveis e extremamente eficazes para o diagnóstico dermatoscópico da prática diária. Inclusive, eles podem ser acoplados em telefones celulares e câmeras digitais, permitindo a realização da dermatoscopia digital e, consequentemente, a captura e armazenamento de imagens. Dessa forma, um dermatoscópio portátil e um adaptador para câmeras e celulares são suficientes para a maioria das situações. Para aqueles que pretendem realizar exames mais complexos com dermatoscopia (como o mapeamento corporal de nevos), esses aparelhos também podem ser suficientes. Entretanto, os videodermatoscópios digitais agilizam e facilitam a realização desses exames.

JSBD – Qual a influência que a inteligência artificial poderá ter na avaliação dermatoscópica?

RMB – Estudos recentes têm demonstrado que os sistemas de inteligência artificial têm uma alta capacidade de classificar as imagens dermatoscópicas de forma acurada, muitas vezes superior à classificação humana isolada. Achados similares são observados em quase todas as áreas médicas que realizam diagnóstico por imagem.  É muito possível que os algoritmos de inteligência artificial em dermatoscopia se tornem grandes aliados dos dermatologistas nesse provável aumento da acurácia diagnóstica das neoplasias de pele. É importante ressaltar que muitos diagnósticos são formulados por meio de uma boa entrevista médica, um exame geral da pele (no qual as lesões potencialmente suspeitas são detectadas), por uma inspeção ectoscópica adequada (com palpação das lesões) e também pela impressão clínica da imagem dermatoscópica. Essas prerrogativas aliadas a algoritmos de AI abastecidos por incontáveis imagens dermatoscópicas em sua memória, possivelmente irão beneficiar os pacientes.    
 
JSBD – Mais algum comentário que julgue importante para os associados sobre esse assunto?

RMB – Como um entusiasta da dermatoscopia, diria a todos os associados que ainda não estão familiarizados com a técnica que não tenham receio em procurar treinamento e que a apliquem em sua prática clínica. Para aqueles que já a utilizam, é sempre uma satisfação aprender com casos inusitados e trocar experiências e conhecimentos.

 


5 de janeiro de 2021 0

O 75º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia (CSBD 2021), evento mais importante da instituição, ocorrerá entre os dias 4 e 7 setembro de 2021, na cidade de São Paulo. Já definida, a programação científica aborda todos os assuntos relacionados ao segmento da dermatologia. Seguindo o padrão dos congressos anteriores, ocorrerão uma série de atividades, que englobam cursos teóricos e em vídeo, simpósios, fóruns, reuniões administrativas, sessões especiais e plenárias, totalizando 113 ações científicas (veja detalhes a seguir).

“A grade científica de nosso Congresso procura atender de maneira igualitária todos os dermatologistas, sejam eles jovens ou experientes das mais diferentes áreas da especialidade, quer clínica, cirúrgica, diagnóstica ou terapêutica. A grade está pronta desde 2019 e passará por poucas interferências até o início de 2021. Podemos afirmar que toda dermatologia será contemplada no Congresso”, afirma o presidente Cyro Festa-Neto, adiantando que o encontro terá como novidade uma sala especial de um dia inteiro para apresentação de trabalhos científicos de residentes. “Também no último dia do Congresso será feito um resumo dos temas de maior impacto para os participantes”, disse.

Com temas diversificados, o programa do Congresso Brasileiro de Dermatologia busca estimular novos conhecimentos, mas também pesquisadores no país. De acordo com Festa-Neto, a intenção é aliar os temas à prática de consultório, “além de estimular os jovens não apenas à prática diária, mas ao aprendizado e iniciação à ciência. Precisamos de jovens interessados na academia para o desenvolvimento científico de nossa especialidade”, reforça lembrando que a programação contará com forte contribuição de seis palestrantes internacionais que atuam em áreas importantes na dermatologia.

Com relação aos temas pré-Congresso, serão ministrados cursos teóricos e práticos de temas relevantes como oncologia cutânea, atualização terapêutica, dermatologia pediátrica, dermatologia cosmiátrica e cirurgia dermatológica, entre outros.

Segundo o presidente, a responsabilidade da organização redobra devido à pandemia de Covid-19. O acontecimento fez com o evento que seria realizado no ano anterior, fosse transferido para 2021. “Não podemos afirmar, entretanto, a chance de termos um Congresso presencial, é enorme. A expectativa é grande e provavelmente será um dos primeiros eventos de grande porte que se realizará pós-pandemia. Até lá, já esperamos que todos estejamos vacinados e livres da doença. Se existirem novas normas impostas para eventos presenciais, estas serão cumpridas à risca”, assinala.

Ter conseguido alinhar a programação científica em meio à pandemia foi um ponto positivo da organização. No entanto, o presidente ressalta que a esperança de reencontrar todos fisicamente e poder abraçar de novo ganham significado importante. “Gostaríamos alcançar os mesmos resultados que os congressos anteriores conseguiram que são ganho de aprendizado, conteúdo científico à altura de nosso congresso e número expressivo de participantes. Mas mais do que isso, será voltar ao nosso normal para que possamos estar juntos presencialmente, apertarmos nossas mãos e nos abraçarmos novamente”.

O último congresso realizado na capital paulista ocorreu em 2015 e a expectativa para o encontro deste ano é alta. Para inscrições e detalhes da programação científica, acesse a página oficial do evento.

Convidados Internacionais – Ao longo dos meses de trabalho, foram sendo divulgados os nomes dos conferencistas internacionais que iam sendo confirmados. Conheça os palestrantes.

Trabalhos científicos – O prazo para submissão de trabalhos científicos vai de 30 de março até 15 de maio de 2021. Para enviar um trabalho é necessário que um dos autores já tenha realizado a inscrição no Congresso, nas categorias disponíveis no período. Os temas devem estar de acordo com as seguintes áreas de interesse: Biologia molecular, Cirurgia dermatológica, Cosmiatria, Dermatoses acneiformes, Dermatoses autoimunes, Dermatoses de anexos cutâneos, Dermatoses eczematosas, Dermatoses genéticas, Dermatoses infecciosas,  Dermatoses metabólicas, Dermatoses neoplásicas, Dermatoses pápulo-escamosas, Dermatoses por agentes físicos, químicos e mecânicos, Dermatoses psicossomáticas, neurogênicas e psicogênicas, Dermatoses vasculares, Dermatoses vésico-bolhosas, Semiologia e métodos diagnósticos em dermatologia e Outras áreas. O envio deve ser feito apenas de forma online, por meio do site oficial do evento.

Programa científico
17 cursos teóricos
6 cursos práticos em vídeo
34 simpósios
29 fóruns
12 reuniões de Departamentos da SBD
4 sessões anatomoclínicas
5 sessões especiais
6 sessões plenárias


Cyro Festa Neto (no microfone) participa de seu primeiro Congresso de Dermatologia em 1979, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais

 


5 de janeiro de 2021 0

Com a palavra


Por Glaysson Tassara

Assessor do Departamento de Cirurgia Micrográfica da SBD

Para o tratamento do carcinoma basocelular (CBC) o dermatologista deve sempre considerar que o CBC apresenta uma infiltração subclínica que estende além da lesão clínica visível, e que se não tratada, pode promover a recidiva, agressividade e acometimento de planos profundos. O risco de infiltração subclínica e de recidiva do tumor é realizado classificando o CBC entre de baixo X alto risco. É considerado CBC de alto risco: subtipo histológico agressivo (micronodular, esclerodermiforme, infiltrativo e metatípico), lesões de limites imprecisos, tratamento prévio com radioterapia, presença de invasão perineural, recidiva, diâmetro maior do que 2 cm, imunossupressão e localização em algumas regiões especiais.

Existe uma máxima para o tratamento do CBC que, se observada e for baseada nos critérios acima, proporcionará o sucesso terapêutico: “a melhor chance de cura do CBC é no primeiro tratamento” (acrescentaria: no primeiro tratamento e/ou na primeira recidiva).

Portanto, por se tratar de tumor que apresenta uma infiltração subclínica sem perda de continuidade e que a possibilidade de metástase é de 0,028%, a principal indicação para o tratamento é a cirurgia. Serão abordados abaixo os tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos para o CBC, exceto a curetagem e eletrocoagulação e criocirurgia (em função do número de palavras).

Cirurgia convencional
A cirurgia convencional trabalha com o princípio da margem cirúrgica. O objetivo é remover a lesão clínica e a sua infiltração subclínica. Para o CBC de baixo risco essa margem cirúrgica deve ser de 4-5 mm, enquanto que para o CBC de alto risco a literatura cita 6 a 15 mm. A taxa de recidiva para CBC de baixo risco tratado com cirurgia convencional é baixa de 3 a 8%.

Uma questão importante e esquecida com frequência, é que a verificação da margem (livre ou comprometida) será realizada em menos de 1% da margem, via de regra, e, portanto, com risco de falso negativo. Diante disso, deve ser pensado em reconstrução com fechamento primário ou segunda intenção ou com enxerto de pele.

Cirurgia Micrográfica de Mohs (CMM)
A CMM e suas variações trabalham com o princípio da erradicação do tumor e a máxima preservação de tecido sadio, o que é obtido por meio do controle histológico completo da margem, realizado no intra operatório. O que é o ideal para a detecção da infiltração subclínica do CBC. Por isso apresenta uma taxa de cura superior, em comparação com as demais técnicas, em especial para o tratamento do CBC de alto risco.

A comparação da taxa de recidiva entre a CMM e a convencional para o tratamento do CBC recidivado mostra 3,9% e 13,5%, respectivamente (32). Para CBC primário/maior 2 cm, a taxa de cura para a CMM foi de 4% X cirurgia convencional de 12%.

Radioterapia
A taxa de recidiva da radioterapia para o CBC primário é de 8,7%, contudo, como acontece com as demais técnicas, são maiores para os CBC de alto risco (10 a 16%).

Alguns pontos a considerar para a escolha da radioterapia são os efeitos adversos (em especial o risco de necrose 2 a 6%), a dificuldade de se tratar um CBC que recidivou após radioterapia (diante da agressividade maior) e dificuldade de realizar a reconstrução, tendo em vista que o tecido submetido a radioterapia inviabiliza a realização de enxerto e retalho.

Segundo os critérios da The National Comprehensive Cancer Network (NCCN), a radioterapia está reservada para os pacientes acima de 60 anos com contraindicação para cirurgia ou para os casos de tumores agressivos, com margem comprometida após a realização de CMM ou com invasão perineural com nervos de calibre maior.

Imiquimode e Terapia Fotodinâmica (TFD)
O tratamento clínico com o imiquimode tópico e com a TFD são indicados principalmente para o CBC de baixo risco e de tipo histológico superficial, com taxas de cura 77,9 a 80,4% e 86,4%, respectivamente. Para o CBC sólido, a taxa é de 76% para o tratamento com o imiquimode. Para o CBC de risco aumentado, a taxa de cura é ainda menor, e esses tratamentos não devem ser indicados. Ambos os tratamentos apresentam um resultado estético superior as demais técnicas de tratamento.

Inibidores Hedgehog (inibidores Hh)
O Vismodegib e Sonidegib foram aprovados pelo FDA para o tratamento do CBC localmente avançado (CBC-la) em pacientes que não são bons candidatos para o tratamento cirúrgico ou para a radioterapia. O Vismodegib também foi aprovado para o tratamento do CBC metastático (CBC-m). A nova atualização da NCCN 2020 para CBC recomenda os inibidores Hh para o paciente com CBC tratado com CMM e com margem comprometida ao final do tratamento e para pacientes com contraindicação para procedimento cirúrgico.

Na avaliação final, há de se diferenciar os resultados para a taxa de resposta ao tratamento, taxa de resposta completa, duração média da resposta (indicando ocorrer resistência após algum tempo) e tempo de sobrevida, o que pode gerar confusão se não for considerado.

A taxa de resposta (diferente de resposta completa) ao Vismodegib varia de 60,3 a 68,5% para o CBC-la e de 36,9 a 48,5% para o CBC-m. A duração média da resposta foi 26,2 para o CBC-la e 14,8% para o CBC-m. A média de sobrevida foi de 33,4 meses para o CBC-m.

Novos estudos abordam a questão do tratamento neoadjuvante com os inibidores Hh, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor, seguido da realização da cirurgia (convencional ou CMM). Os resultados mostraram a redução do diâmetro do defeito cirúrgico. Foram relatados casos de regressão completa do CBC após o tratamento com os inibidores Hh. Contudo, são estudos ainda com N pequeno e com tempo de acompanhamento curto, pois o CBC pode apresentar recidiva tardia. Também, é importante considerar os efeitos adversos, o desenvolvimento de novos carcinomas de células escamosas e o questionamento se os inibidores não predisporiam a permanência de células tumorais descontínuas (o que reduziria a eficácia da CMM, por exemplo), levando a recidiva e de CBC mais agressivo.


Bibliografia

  1. Nehal KS, Bichakjian CK. Update on Keratinocyte Carcinomas. N Engl J Med. 2018;379(4):363–74.
  2. Kuiper EM, van den Berge BA, Spoo JR, Kuiper J, Terra JB. Low recurrence rate of head and neck basal cell carcinoma treated with Mohs micrographic surgery: A retrospective study of 1021 cases. Clin Otolaryngol. 2018;43(5):1321–7.
  3. Poignet B, Gardrat S, Dendale R, Lemaitre S, Lumbroso-Le Rouic L, Desjardins L, et al. Basal cell carcinomas of the eyelid: Results of an initial surgical management. J Fr Ophtalmol [Internet]. 2019;42(10):1094–9.
  4. Morgan FC, Ruiz ES, Karia PS, Besaw RJ, Neel VA, Schmults CD. Factors predictive of recurrence, metastasis, and death from primary basal cell carcinoma 2 cm or larger in diameter. J Am Acad Dermatol [Internet]. 2020;83(3):832–8.
  5. Peris K, Fargnoli MC, Garbe C, Kaufmann R, Bastholt L, Seguin NB, et al. Diagnosis and treatment of basal cell carcinoma: European consensus–based interdisciplinary guidelines. Eur J Cancer. 2019;118:10–34.
  6. Clinical N, Guidelines P, Guidelines N. NCCN Guidelines Version 1.2019 Panel Members Basal Cell Skin Cancer. Natl Compr Cancer Netw. 2018.

     


5 de janeiro de 2021 0

“A hanseníase é negligenciada, a sua saúde não! ”. Este é o alerta da campanha lançada neste mês pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em apoio ao chamado Janeiro Roxo, mês dedicado à conscientização sobre uma doença que, apesar de todos os avanços técnicos e científicos, ainda faz milhares de vítimas todos os anos no País. Além de material publicitário (cards, posts, vídeos), também foi desenvolvido um site sobre o tema.

CONHEÇA O SITE DO JANEIRO ROXO 2021

Ao longo do mês, os dermatologistas brasileiros, em apoio à tradicional mobilização do Ministério da Saúde, farão circular entre médicos, pacientes e outros profissionais da saúde informações de utilidade pública preparadas por especialistas da SBD. Entre os tópicos abordados estão a descrição de sinais e sintomas da hanseníase e orientações sobre onde buscar diagnóstico e iniciar o tratamento. Também será abordada a necessidade de se eliminar o estigma e o preconceito contra as pessoas com a doença.

“Situação negligenciada é aquela que é alvo de desatenção, desconsideração, displicência, descaso, indiferença, menosprezo. Infelizmente, apesar da detecção de 30 mil novos casos da doença a cada ano, a hanseníase ainda é considerada assim: uma doença negligenciada”, pontuou o presidente da SBD, Mauro Enokihara.

Segundo ele, ao alertar a população sobre este tema, a entidade pretende assegurar a todos o acesso a informações que ajudem a tirar o Brasil de uma triste posição: o segundo lugar mundial em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia. Todos os anos são diagnosticados, em média, 30 mil novos casos da doença no País.

Campanha 2021 – O Janeiro Roxo, iniciativa instituída no Brasil em 2016, tem como data símbolo o último domingo deste mês, quando é celebrado o Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase. Para marcar o período, a SBD planeja também realizar eventos online, divulgar depoimentos de pacientes e celebridades, estimular a iluminação em roxo de espaços públicos e monumentos. Todas as ações visam reforçar o compromisso de prevenir e combater a hanseníase, por meio do diagnóstico e tratamento precoces.

Outra preocupação da SBD é com o preconceito. “Combater o estigma é salvar vidas. Por isso, queremos auxiliar a sociedade a compreender essa doença. Desfazer mitos e fazer prevalecer a verdade sobre a hanseníase são as principais formas de ajudar profissionais da área de saúde, familiares, amigos e principalmente aqueles que buscam por tratamento”, ressaltou o vice-presidente, Heitor Gonçalves.

Para dar dimensão a esse alerta, a SBD convidou neste ano instituições de referência nacional. Além de representantes das Secretarias de Saúde dos Estados (Conass) e Municípios (Conasems), também foram convidados a encampar esta luta – por meio da iluminação de suas sedes e filiais ou distribuição de conteúdo digital – o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Confederação Nacional de Municípios (CNM), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Precoces –  A campanha da SBD também chama a atenção para um outro ponto importante: no Brasil, o tratamento para a hanseníase é gratuito e oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes podem se tratar em casa, com supervisão periódica nas unidades básicas de saúde. De acordo com Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, trata-se de uma doença infecciosa que pode levar a incapacidades físicas, mas o tratamento precoce promove a cura.

Segundo ela, a hanseníase é transmitida por meio do contato próximo e prolongado com pessoas que tenham a doença e não estejam em tratamento. Por isso, familiares, amigos e colegas de trabalho de pessoas com Hanseníase também devem ser avaliadas por médicos. “A prevenção consiste no diagnóstico e tratamento precoces, o que ajuda a evitar a transmissão e o consequente surgimento de novos casos”, lembra Sandra Durães.. “Precisamos frisar: hanseníase tem cura e quanto antes o tratamento for iniciado, menor o risco de sequelas”, complementou.





SBD

Sociedade Brasileira de Dermatologia

Av. Rio Branco, 39 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20090-003

Copyright Sociedade Brasileira de Dermatologia – 2021. Todos os direitos reservados