Biomédica não pode realizar procedimentos estéticos invasivos, afirma Justiça Federal em processo movido pela SBD




10 de junho de 2021 0

Os biomédicos não devem invadir a competência do profissional da medicina, devendo ficar restritos aos atos privativos de sua profissão. Esse argumento foi utilizado em decisão anunciada pela 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), a qual reafirmou decisão judicial anterior, proferida em primeira instância. O resultado representa uma vitória para a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que, por meio de seu Departamento Jurídico, apresentou denúncia de invasão de competência junto ao Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, a partir de um caso específico.

Como resultado dessa representação, o MP ajuizou ação civil pública para impedir uma biomédica acusada de realizar procedimentos estéticos. Já no pedido de liminar, a Justiça havia se manifestado favoravelmente ao pleito da SBD. Naquela decisão já ficava determinado que a profissional não-médica se abstivesse, em sua clínica ou qualquer outro local de atendimento ao público, de ofertar procedimentos estéticos invasivos sem supervisão médica. De acordo com o Departamento Jurídico da SBD, apesar da decisão ser aplicada apenas o caso analisado, ela serve de parâmetro para denúncias e julgamentos.

Multa – Dentre os serviços que ela ficou proibida de oferecer estavam: preenchimento facial e labial, toxina botulínica, mesoterapia, escleroterapia, depilação a laser, radiofrequência, peeling de diamante, peeling químicos, ultrassom, carboxiterapia, máscara de LED, drenagem linfática, laser CO2 fracionado, luz intensa pulsada, criolipólise e fio de sustentação. No caso de descumprimento da determinação da Justiça, a biomédica ficou sujeita à multa de R$ 2 mil para cada hipótese de descumprimento.

Diante da liminar favorável à SBD, a biomédica recorreu ao Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, sendo que o juiz Sérgio Renato Tejada Garcia negou o pedido de recurso. Na sua argumentação, o magistrado destacou que os atos administrativos do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), que permitem a realização de procedimentos estéticos por profissionais desta categoria, desrespeitam leis federais.

Extrapolação – O magistrado destaca que a Resolução nº 241/14 e as Normativas nº 03, 04 e 05/2015, todas da CFBM, não observam o que está previsto na Lei nº 6.684/79, que condiciona o biomédico a realizar atividades para as quais está legalmente habilitado sob a supervisão de um médico. Além disso, pontuou o juiz, a Lei nº 12.842/2013 preceitua que os procedimentos estéticos invasivos são atividades privativas de profissionais da medicina. No entendimento dele, os atos publicados pelo CFBM extrapolam seu limite de regulamentação.

“A SBD tem se mantido vigilante contra abusos cometidos por profissionais de outras categorias, numa ação contínua de combate ao exercício ilegal da medicina, especialmente na área da estética. Desde 2017, a entidade já protocolou mais de 1,2 mil denúncias contra profissionais não médicos pela prática de irregularidades, sendo que muitas delas se transformaram em ações civis públicas, como a que foi julgada pelo TRF4”, ressaltou o Geraldo Magela Magalhães, 1º secretário da SBD da Gestão 2021-2022.  

 


10 de junho de 2021 0

Por Magda Weber
Professora adjunta da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

Desde março de 2020, no Brasil, convivemos com a pandemia causada pelo SARS-COV2, o que tem afetado os mais variados segmentos da sociedade, da medicina e da vida em geral.

Na dermatologia não poderia ocorrer de forma diferente. Estamos frente a uma piora da qualidade de vida dos pacientes e a um aumento das dermatoses em geral (além das causadas pela covid-19) e também das psicodermatoses.

Os efeitos psicossociais da pandemia, o aumento das dermatites de contato e outras dermatoses pelo uso de desinfetantes, lavagem frequente das mãos e de toda a pele, uso de EPIs, em especial nos trabalhadores da saúde, acesso limitado a consultas dermatológicas, distanciamento social são fatores que contribuem para uma piora da qualidade de vida dos pacientes.

É fato que a pandemia do SARS-COV2 tem acarretado várias alterações psicológicas, incluindo ansiedade, depressão, medo acentuado, insônia e sentimentos de negação da doença.

Cabe ao dermatologista, ao atender seus pacientes, atentar cuidadosamente neste momento aos sintomas e sinais destas alterações psicológicas, visando  definir se são exclusivamente por conta de alguma dermatose ou se estão associados a alterações decorrentes da pandemia.

O uso de psicofármacos, que em muitas dermatoses é extremamente útil e indicado, deve ser avaliado cuidadosamente, com base nos sintomas e sinais psicológicos decorrentes da pandemia e dos sinais e sintomas das dermatoses específicas.

Além disso, cabe lembrar que, na dermatologia, os pacientes cosmetológicos são um grupo que muitas vezes demandam um cuidado especial, sobretudo com relação à identificação dos transtornos dismórficos corporais. Esse grupo deve ser bem avaliado no atual momento para que não seja deixado sem diagnóstico, transtorno maior do que todos que já se fazem presentes durante este período excepcional dos dias de hoje.

O dermatologista, como todos os trabalhadores da área da saúde, está diariamente sendo confrontado com novos desafios decorrentes da pandemia, novas dermatoses, novos conceitos.

Trazer para o presente à luz destes novos conhecimentos conceitos dermatológicos já existentes e tratamentos já consagrados, se faz indispensável na contemporaneidade. As psicodermatoses e seu tratamento adequado não podem ser esquecidas e deixadas de ser tratadas adequadamente.

 


10 de junho de 2021 0

Para esclarecer dúvidas recorrentes a respeito da suplementação oral de colágeno e, desse modo, auxiliar os dermatologistas brasileiros a conseguirem melhores resultados no tratamento de seus pacientes, o Jornal da SBD convidou para um bate-papo aprofundado UMA referência no assunto: Lília Guadanhim, colaboradora da Unidade de Cosmiatria da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Na conversa, a especialista discorreu sobre: diferença entre os tipos de colágeno disponíveis; doses diárias recomendadas; associação da suplementação para tratamentos reumatológicos e para a pele; uso em pacientes com doenças preexistentes; suplementação combinada de colágeno com vitaminas; entre outros tópicos.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Jornal da SBD – Todos os colágenos são iguais ou existem diferenças em função do formato (cápsulas, pó e outros)? Existe uma opção mais indicada?
Lília Guadanhim – Quando o tema é colágeno, torna-se relevante sempre distinguir se estamos lidando com colágeno propriamente dito ou colágeno hidrolisado. O colágeno, em si, é uma molécula de alto peso, obtida a partir da gelatina. Em sua forma original, como colágeno não hidrolisado, ele tem 450 kilodaltons. Uma molécula com massa atômica que não consegue ser absorvida pelo organismo e, assim, não desempenha papel biológico. Costumo brincar: os pacientes que tomam colágeno não hidrolisado estão pagando caro para tomar gelatina. Para fins terapêuticos, é fundamental que primeiro ocorra o processo de hidrólise do colágeno, para sair dos 450 kilodaltons a um peso molecular que varia de três a seis kilodaltons. Nessa forma, sim, haverá peptídeos de colágeno, que conseguem ser bem absorvidos e desempenham papel biológico. Em relação à sua formulação, tanto faz se ele vem em forma de comprimido, balinha ou pó. A atenção deve estar voltada à dose. Os produtos que existem no mercado variam de 2,5g a 10g, o que é uma quantidade grande. É difícil conseguir colocar tudo isso em cápsula, por exemplo. Eu já ouvi depoimentos de pacientes que compraram colágeno fora do País e na embalagem a recomendação era tomar várias cápsulas ao dia, e eles não tomavam, por acharem excessivo. Isso é o que não pode. Tanto faz a forma de administração, desde que seja um produto com patente estudada e que o paciente respeite a prescrição indicada. É preciso saber qual é a característica de cada um dos produtos. Não necessariamente quanto mais, melhor.

Jornal da SBD – Uma dúvida frequente sobre o colágeno vem de pacientes que já usam o produto para tratamento das articulações. Se o paciente já utiliza esse tipo de colágeno, ele pode tomar também o colágeno para a pele?
LG – Sim. É possível fazer essa associação para pacientes que já usam o produto com foco no tratamento de articulações, ossos ou doenças reumatológicas. Essa associação não gera efeitos deletérios. É importante esclarecer que, quando o colágeno passa pelo processo de hidrólise, ele já pode gerar peptídeos com ação otimizada para pele, articulações e ossos. A partir daí, há formulações que direcionam efeitos mais específicos em algum dos tecidos. Só que não existe nada na literatura sobre benefícios de efeito cruzado. Mas, com base na minha experiência, acredito, sim, que os peptídeos usados com foco na saúde da pele também podem influenciar positivamente nas articulações, e vice-versa.

Jornal da SBD – Um grupo específico de pacientes cada vez maior é o de pessoas veganas. Existe algum colágeno que não seja de origem animal para atender esse público?
LG – Infelizmente, ainda não. O colágeno disponível no mercado é sempre obtido a partir de fonte animal. Vem da pele ou dos ossos de porcos, bois e peixes. No Brasil, há duas patentes principais e as origens são bovina e suína.   

Jornal da SBD – A partir de qual idade a reposição é recomendada?
LG – Essa é uma das dúvidas mais frequentes. Eu ancoro a recomendação com base na literatura médica. Apesar de sabermos que o processo de envelhecimento começa de forma mais intensa em torno dos 25 anos, em geral, as pesquisas disponíveis sobre a suplementação oral de colágeno avaliam a faixa etária de 35 até 65 anos. Num estudo específico, há a análise de um subgrupo mostrando que, talvez, existam melhores resultados em pacientes acima dos 50 anos. Mas só um estudo aponta isso. Desse modo, de 35 a 65 anos, é o período com respaldo. De todo modo, não há contraindicação se quisermos começar a suplementação em pacientes mais velhos.

Jornal da SBD – E por quanto tempo se mantém a suplementação?
LG – O processo de envelhecimento é contínuo. Mas ressalto: segundo os estudos disponíveis na literatura, os acompanhamentos dessa suplementação são de oito a 12 semanas. Seguimentos mais longos acompanham os pacientes por até seis meses. Por isso, minha indicação é em torno de ao menos 12 semanas, para conseguir avaliar a terapêutica. Se a resposta for satisfatória, mantemos por mais tempo.

Jornal da SBD – Existe algum risco para saúde? E restrição por interação medicamentosa?
LG – Esse é um cuidado relevante. O colágeno é considerado um suplemento alimentar sem contraindicação. Ele é seguro, uma vez que não contém gorduras, carboidratos, colesterol e possui baixo risco alergênico. Inclusive, o Food and Drug Administration (FDA, nos Estados Unidos) classifica o colágeno como um produto Generally Recognized as Safe (GRAS). Eles partem do princípio que a suplementação é segura. Não há problema fazer em pacientes com doenças reumatológicas, doenças renais, nada disso.

Jornal da SBD – A vitamina C ajuda na absorção? Há uma oferta considerável no mercado de produtos que associam o colágeno a outras vitaminas. Qual a recomendação?
LG – Precisamos observar esse ponto com atenção. Existe muito boato na internet e no boca a boca. A resposta científica é que a vitamina C é um fator importante para a síntese de colágenos, no entanto, a enorme maioria dos estudos só avalia a suplementação isolada de colágeno. Há pouquíssimas pesquisas que analisam essa suplementação combinada com outras vitaminas. Logo, não há na literatura essa recomendação. Além disso, sempre há o risco de hipervitaminose. Se fizer a reposição por um tempo maior, tem que estar atento a isso. Também precisamos lembrar que a suplementação de determinadas vitaminas em pacientes com predisposição a algumas doenças pode aumentar o risco de deflagração. Isso é válido para doenças cardiovasculares, alguns tumores. Por isso, é fundamental estar sendo acompanhado por um médico e avaliar a dose e o tempo.

Jornal da SBD – Em relação ao horário de uso do colágeno? Deve ser tomado em jejum?
LG – Quanto a esse ponto, não há recomendação técnica. Ele pode ser tomado depois do almoço, em jejum, tanto faz.

Jornal da SBD – Os pacientes que já fazem uso de outros procedimentos que estimulam a produção de colágeno têm melhores resultados se associam à sua terapêutica a suplementação oral?
LG – Racionalmente, faz todo sentido realizar um procedimento para estimular a produção de colágeno e associar a isso a suplementação oral. Há um estudo feito na Coréia, que avaliou esse resultado em oito pacientes submetidos ao laser fracionado não ablativo. Nessa pesquisa, o autor explica, inclusive, que no pós-procedimento de laser não ablativo os pacientes têm muita queixa de ressecamento e eritema. Logo, ele resolveu avaliar essa diferença entre quatro pacientes que receberam a suplementação, e outros quatro que não receberam. Ele introduziu a suplementação com peptídeos de colágeno duas semanas antes de realizar o procedimento e continuou duas semanas após. Apesar desse ter sido um estudo bem pequeno, a conclusão do autor é que a satisfação dos pacientes que receberam a suplementação foi bem maior e houve menores efeitos de ressecamento e eritema. Logo, essa associação faz sentido, mas ainda há poucos casos descritos. É um tema aberto.

Jornal da SBD – Como é realizada triagem de pacientes para iniciar a suplementação? Qual a expectativa do tratamento?
LG – A expectativa é algo fundamental a se alinhar com o paciente, antes de iniciar o processo. Há pacientes que se queixam de flacidez e celulites intensas no rosto. Nesses casos, a suplementação com colágeno hidrolisado não vai resolver o problema. Por isso, eu gosto de demonstrar pontualmente o que existe reportado em termos de evidências para cada patente disponível no mercado. A partir daí, chegamos a uma conclusão em conjunto. Os registros indicam melhora em cerca de 28% da hidratação e 9% da densidade do colágeno dérmico, além de redução de 30% na fragmentação desse colágeno. Também há publicações indicando aumento da elasticidade, em média 7; diminuição do volume de rugas na região periocular; e em um estudo específico, com viés de condução, mas que faz biópsia por sucção da região periocular, mostra 65% de aumento do pró-colágeno tipo 1 e aumento de 18% da elastina. Esses são os benefícios que podemos esperar, pensando em envelhecimento. Há ainda um estudo sobre celulite, que costumo citar, porque mostra redução de 11% do relevo da pele. Entre melhorar 11% e olhar no espelho e enxergar isso de forma objetiva existe uma lacuna. Por isso, realmente é preciso alinhar muito bem com o paciente as expectativas. Se ele estiver de acordo com as evidências descritas do benefício, a suplementação surge, então. como opção.

 


10 de junho de 2021 0

Os associados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) contam com uma nova plataforma exclusiva de acesso à informação e pesquisa científica na área da especialidade. Trata-se da EBSCO, cuja base de dados oferece, de forma gratuita e ilimitada, uma série de recursos para atender às necessidades de busca por conhecimento e de desenvolvimento profissional dos dermatologistas.

A novidade acaba de ser anunciada pela Gestão 2021-2022. Para usufruir, basta entrar no site da SBD e fazer login na área restrita. O serviço pode ser acessado pelo desktop ou por meio de dispositivos móveis. O conteúdo disponível na EBSCO fornece informações necessárias para o aprimoramento do dermatologista, avaliam especialistas em ensino e pesquisa.

ACESSE A PLATAFORMA EBSCO NA ÁREA RESTRITA

“Convidamos nossos associados que se dedicam à investigação clínica e que procuram se manter atualizados a respeito da produção científica em dermatologia a utilizarem essa nova plataforma. Essa é uma importante ferramenta de atualização profissional que objetiva também promover o atendimento de excelência ao paciente”, ressalta a coordenadora da Biblioteca da SBD, Clívia Oliveira.

Educação médica – A decisão de mudança representa uma ampliação nos investimentos em educação médica continuada para o associado, sobretudo por meio do compartilhamento de conteúdo científico de qualidade. Dentre os inúmeros recursos oferecidos pela EBSCO está o Dynamed, portal de medicina baseada em evidências, que reúne mais de 3 mil respostas rápidas e precisas para auxiliar o médico dermatologista nas decisões clínicas.

A plataforma também disponibiliza o Medline Complete, que dá acesso aos principais periódicos da área da saúde. Dentre eles, estão mais de 2,4 mil indexados na Medline.  Para orientar a pesquisa acadêmica, a EBSCO conta ainda com os e-books Clinical Collection. Esta coleção soma número superior a 4,1 mil títulos de diferentes especialidades médicas e mais de 5 mil periódicos completos e indexados, como o JAAD, British Journal e Jama Dermatology.

Detalhamento – A seguir, uma lista de serviços, produtos e funcionalidades oferecidos pela EBSCO:

•    Portal Médico com e-books, periódicos, teses, dissertações e ferramenta para tomada de decisão clínica;
•    Pesquisa integrada com portais de acesso aberto como ScieLo, DOAJ, PubMed, BDTD;
•    Biblioteca com mais de 4 mil livros eletrônicos;
•    Acesso a mais de 5 mil periódicos pela assinatura com editor;
•    Base com importante revistas dermatológicas (Journal of Drugs in Dermatology, Journal of Cosmetic Dermatology, Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, British Journal of Dermatology, e International Journal of Dermatology);
•    Calculadora Médica;
•    Ferramenta para compatibilidade de fármacos;
•    Ferramenta para interação medicamentosa;
•    Ferramenta para busca de fármacos;
•    Criação de alerta de pesquisa;
•    Criação de pasta;
•    Utilização de aplicativos;
•    Tradução de artigos em HTML;
•    Ahead of print disponível;
•    Créditos em educação médica continuada;
•    Formatos de citação: ABNT, Vancouver etc.


10 de junho de 2021 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulga nesta quarta-feira (2) esclarecimento à população sobre fungo causador de micoses que, de acordo com relatos clínicos científicos, podem afetar pacientes de covid-19 com problemas respiratórios e na pele. Segundo o Departamento de Micoses da SBD, a chamada mucormicose é uma doença oportunista que, em geral, não tem potencial patogênico. Ou seja, pessoas sadias entram em contato com os fungos, mas não ficam doentes. Contudo, organismos debilitados ficam suscetíveis a maiores complicações.

“O conhecimento da doença e dos fatores predisponentes, como o descontrole da glicemia e da cetoacidose, facilitam o diagnóstico e o tratamento precoces da mucormicose. Esse é o principal aliado para salvar vidas, pois essa micose oportunista tem progressão rápida e é muitas vezes fatal, com mortalidade em 40-50% dos casos. No Brasil, outras doenças do mesmo tipo, como a aspergilose invasiva e a candidíase sistêmica, são mais comuns do que a mucormicose nos pacientes com covd-19, sendo que também exigem atenção semelhante”, disse a coordenadora do Departamento de Micoses da SBD, Rosane Orofino.

Grupo de risco – Os indivíduos mais vulneráveis à mucormicose são portadores de diabetes melito descompensado ou com cetoacidose. No grupo de risco, ainda estão usuários de corticoides de forma prolongada, além de pacientes com alguns tipos de câncer, queimados graves, portadores de feridas abertas e transplantados de órgãos sólidos. O aumento do ferro sérico e a diminuição dos linfócitos, que ocorrem na covid-19, também são fatores que predispõem a essa micose oportunista.

“Há algum tempo a Índia vem relatando aumento dos números da mucormicose e curiosamente é também o segundo país em casos de diabetes melito do mundo, o que pode ser fator de predisposição ao seu surgimento. Dos 101 casos dessa micose oportunista relacionados à covid-19 descritos recentemente, 82 deles aconteceram na Índia”, lembrou Rosane Orofino.

A apresentação clínica mais frequente da mucormicose é rino-ocular. Começa com edema (inchaço) e endurecimento da região nasal ou em volta dos olhos, dor na face e secreção nasal sanguinolenta. Essa doença pode rapidamente progredir para lesão cerebral e morte, se não houver diagnóstico e tratamento precoces. Os fungos entram nos vasos sanguíneos, causam embolia e infarto, levando à necrose tecidual. A maioria dos casos que chegam a acometer o cérebro são fatais. Pode ainda ter acometimento pulmonar ou de outros órgãos.

Sintomas – Quando acomete os pulmões, os sintomas da mucormicose são parecidos com os da covid-19 (febre, tosse e falta de ar). O uso de corticoides, usados para diminuir a inflamação intensa em pacientes com o coronavírus, também pode ser um dos fatores envolvidos no aparecimento dessa micose oportunista.

Sobre o tratamento, a SBD explica que ele consiste na retirada cirúrgica do tecido necrosado e infectado (desbridamento), o que ajuda na melhoria da cicatrização e na diminuição de secreções. Ainda é recomendado o emprego de antifúngicos sistêmicos em ambiente hospitalar, como anfotericina B, posaconazol e isavuconazol.

Os fungos da Ordem Mucorales são adquiridos pela inalação de conídios (esporos). Estão presentes no ar, solo, material orgânico em decomposição e contaminam alimentos como frutas, pães etc. Os principais são Rhizopus sp, Mucor sp, Lichtheimia sp, Rhizomucor sp, entre outros, que não são pretos, como vem sendo divulgado pelos meios de comunicação. “Talvez a cor escura da lesão da pele e mucosa decorrente da necrose do tecido tenha levado a esse termo equivocado”, ressaltou a coordernadora do Departamento de Micoses da SBD.

 

 


10 de junho de 2021 0

A covid-19 pode gerar manifestações cutâneas em pacientes afetados pelo novo coronavírus, o que já pode ser comprovado por meio de exames como PCR, imunohistoquímica e microscopia eletrônica. As lesões de pele surgem em até quatro semanas depois do início dos sintomas gerais da covid-19, mas principalmente nas duas primeiras. Os quadros de exantema e urticária costumam ser mais precoces, com início concomitante aos sintomas gerais ou nos dois primeiros dias, embora existam relatos de surgimento tardio, até um mês depois. As manifestações vasculares, como pseudo-eritema pérnio, púrpura e necrose são tardias, ocorrendo em geral após a segunda semana de infecção.

As conclusões fazem parte de documento divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que fez uma revisão ampla de estudos científicos dedicados ao tema. O trabalho, que será disponibilizado aos especialistas, ressalta que as manifestações cutâneas, apesar de possíveis, são menos específicas do que outros sinais clínicos relacionados à covid-19, exigindo sempre uma avaliação criteriosa dos dermatologistas antes de sua classificação final.

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A assessora do Departamento de Medicina Interna da SBD, Camila Seque, responsável pela revisão, explica que a frequência das manifestações dermatológicas nos pacientes com covid-19 ainda é um dado bastante variável na literatura internacional. “Diferentes pesquisas estimam prevalências entre 0,2% e 45%. São inúmeros fatores que influenciam essa ampla variabilidade, tais como: a metodologia do estudo científico; o perfil epidemiológico das amostras; a avaliação presencial ou por telemedicina; a exclusão ou não dos diagnósticos diferenciais; entre outros”, enumera. Segundo ela, no Brasil, até o momento não há estatística sobre esses achados.

Sintomas – Alguns estudos apontam a possibilidade das lesões cutâneas surgirem antes dos sintomas gerais da covid-19, ou seja, de serem os primeiros sinais da infecção. “Isso pode ocorrer entre 8 a 17% dos pacientes que desenvolvem quadro cutâneo”, alerta Camila Seque.

Segundo informa a nota técnica da SBD, nesses casos, as lesões de pele precedem em média três dias os sintomas gerais e os quadros de urticária são os mais relatados. “Tal dado é relevante, pois aponta para as manifestações cutâneas como possíveis marcadores iniciais da infecção por SARS-CoV-2, e ainda na fase pré-clínica, o que contribuiria para o diagnóstico precoce da covid-19”, complementa o texto.

A coordenadora Científica da SBD, Flávia Bittencourt, adverte que outro ponto controverso na literatura científica é a presença de lesões de pele como manifestação única da covid-19, ou seja, lesões cutâneas sem qualquer outro sintoma geral. “Até o momento, há poucos estudos que sustentem essa afirmação”.

Outro dado importante da nota técnica é sobre a relação entre as manifestações cutâneas e as formas leves e graves da doença. Segundo a especialista, elas podem se apresentar em ambas as formas, pois acometem diferentes perfis de pacientes. A nota técnica da SBD também aponta que as manifestações cutâneas mais comuns encontradas na literatura internacional como possível infecção pelo SARS-CoV-2 são: erupções máculo-papulares; urticariformes; tipo pseudo eritema pérnio; vesico-bolhosas; e livedo/necrose.

“Vale ressaltar que até mesmo a frequência de cada um desses padrões é variável de acordo com cada estudo. Grande parte das pesquisas de revisão sistemática relata maior frequência das erupções maculo-papulares (até 70%), seguida das lesões vasculares (incluindo pseudo eritema pérnio), enquanto outros relatam que o padrão mais comum seriam as lesões tipo eritema pérnio (até 75%). Já os quadros urticariformes, vesiculares e livedo/necrose parecem ser mais raros”, salienta o texto.

Alopécia – A revisão divulgada pela SBD aborda uma questão que pode ter relação com a maior susceptibilidade de adoecimento dos homens em relação às mulheres, inclusive com chance de evolução para a forma mais grave da doença, com risco de internação e óbito.

De acordo com a dermatologista Camila Seque, uma possível explicação para essa predisposição do sexo masculino à infecção e ao pior prognóstico seria a associação entre a via dos andrógenos e a infectividade do SARS-CoV-2. Ele explica que um dos marcadores clínicos da expressão dos andrógenos é justamente a alopécia androgenética (AGA), que pode ser um possível fator de risco para a covid-19, uma vez que estudos observaram elevada frequência de AGA entre os homens internados por covid-19.

Além disso, o uso de medicações antiandrógenas, amplamente indicadas nos casos de AGA, parecem ter um efeito protetor na doença, com redução dos sintomas e menores chances de necessitarem de cuidados em UTIs. Porém, a pesquisadora salienta que ainda não há estudos, com metodologia adequada, que demonstrem efetivamente se a introdução dessas medicações após o diagnóstico de covid-19 teria algum benefício terapêutico ou, até mesmo, risco adicional.

Evolução – O tema deve gerar novos documentos. Segundo especialistas que acompanham a evolução da pandemia, por se tratar de uma doença recente, cujo conhecimento ainda está em construção, as informações sobre a covid-19 podem mudar em semanas ou meses. No caso das manifestações cutâneas, ainda há dúvidas sobre a real frequência das manifestações dermatológicas na covid-19, quais as mais relevantes e mecanismos fisiopatológicos envolvidos, entre outros.

“Acompanhar o crescimento diário do conhecimento sobre a covid-19 em todas as áreas da medicina, inclusive na dermatologia, é uma excelente oportunidade de aprendizado e contribuição para sua construção, sempre com a esperança de que a ciência traga mais respostas que se reflitam em benefícios, tanto para os pacientes quanto para a sociedade”, concluiu Camila Seque.

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3 de junho de 2021 0

Centenas de especialistas acompanharam webinar que debateu o tema Covid-19: conduta e cuidados em pacientes com psoríase, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Com o intuito de discutir o manejo de pacientes em uso de imunossupressores, fototerapia e imunobiológicos durante a pandemia, o encontro foi transmitido por meio de plataforma virtual exclusiva, na terça-feira (2/5).

Foram feitas considerações sobre o estado imunológico de pacientes com psoríase, a necessidade do isolamento social e ressalvas à prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina. Esse é o quarto evento consecutivo, nesse formato, organizado pela SBD com foco na qualificação do dermatologista frente à Covid-19, sendo que todos estão disponíveis para o associado.

O presidente da SBD, Sergio Palma, ao mediar as apresentações, lembrou ainda os expectadores sobre a página especial “SBD Coronavírus”, na qual estão reunidas informações relevantes para os dermatologistas quanto ao manejo clínico e à prevenção de contágio no atendimento de pessoas com suspeita ou diagnóstico positivo para a Covid-19.

Clique aqui para acessar a plataforma de webinares

“A SBD Coronavírus é mais uma ação elaborada pela atual Gestão 2019-2020 com foco na educação científica. É um repositório de textos e documentos sobre Covid-19 de interesse da nossa especialidade. Nessa página, já é possível acessar inclusive documento da SBD com recomendações para atendimento de pacientes que utilizam imunossupressores e biológicos, no período de pandemia”, afirmou.

Clique aqui para acessar a plataforma SBD Coronavírus

Aspectos genéticos – Em seguida, Renata Magalhães, coordenadora dos Ambulatórios de Psoríase e Biológicos do Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP), ministrou aula sobre os novos conceitos da psoríase, com ênfase em aspectos genéticos, imunopatogênese e tratamento. Segundo ressaltou, no Brasil, aproximadamente 1,3% da população é acometida pela doença, sendo que cerca de 20% desse total tende a evoluir para as formas graves.

Ela lembrou que alguns fatores ambientais e hábitos do paciente contribuem para o agravamento, principalmente: estresse, consumo de álcool e tabaco e uso de determinados medicamentos. Renata pontuou ainda os imunobiológicos atualmente aprovados para administração no Brasil.

Infecções – Na sequência, o coordenador de Ações para Psoríase na SBD e do Ambulatório de Psoríase do Hospital de Clínicas da USP, Ricardo Romiti, discutiu o risco de infecções em paciente com psoríase. Na sua avaliação, os casos mais graves da doença, como a forma eritrodérmica e pustulosa generalizada, necessitam de atenção especial, uma vez que existe risco aumentado para infecções sistêmicas independentemente do tratamento realizado. A recomendação de isolamento social deve ser reforçada e o tratamento mantido, disse.

“Se o paciente é grave e está evoluindo bem, sem sinais de infecção, o ideal é continuar com a terapêutica para evitar uma recidiva, com o retorno dos sintomas. Da mesma forma, para aqueles com psoríase em placas. No entanto, se o paciente possui um quadro mais leve e estável da doença e ainda não iniciou o tratamento, na atual situação de pandemia, a indicação é aguardar. Isso porque a introdução de novos tratamentos necessita de exames laboratoriais frequentes e pode estar associada a eventuais efeitos adversos, motivo este de apreensão na atual crise do novo coronavírus”, declarou.

Pandemia – Na oportunidade, Renata Magalhães detalhou também sugestões de seguimento de pacientes graves e leves com psoríase que adquirem Covid-19. De acordo com a especialista, estudos observacionais de países que já enfrentaram a fase mais aguda da pandemia demonstram que o uso de determinados imunossupressores e imunobiológicos não está associada a formas mais graves de Covid-19.

“Segundo o International Psoriasis Council (IPC), integrado por Ricardo Romiti e outros especialistas internacionais, os pacientes com diagnóstico de Covid-19 devem suspender o tratamento imunossupressor. A situação daqueles com teste positivo, mas que pertencem ao grupo de risco – como idosos e portadores de comorbidades –, deve ser avaliada com mais cuidado”, ponderou Renata Magalhães.

Estresse – Ricardo Romiti destacou ainda que o alto nível de estresse, que atualmente atinge toda população, constitui um fator de risco para a piora da psoríase. Além disso, o uso de medicamentos antimaláricos, como a cloroquina, também deve ser avaliado caso a caso em função dos efeitos adversos dermatológicos associados ao remédio.

“Classicamente a cloroquina está relacionada a reações gastrointestinais. Mas é importante evidenciar as erupções agudas, pois relatos de urticária, exantemas e farmacodermias graves têm sido cada vez mais frequentes na literatura médica”, disse.

Por fim, o webinar da SBD contou ainda com uma sessão de perguntas e respostas, em que os especialistas esclareceram dúvidas dos espectadores a respeito da utilização de fototerapia; reintrodução de imunobiológicos após a Covid-19; manifestações dermatológicas associadas ao novo coronavírus; e mais.

Nesta edição, o encontro organizado pela SBD conta com o patrocínio da ABBVIE e o apoio da Editora Manole.


2 de junho de 2021 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulga nesta quarta-feira (2) esclarecimento à população sobre fungo causador de micoses que, de acordo com relatos clínicos científicos, podem afetar pacientes de covid-19 com problemas respiratórios e na pele. Segundo o Departamento de Micoses da SBD, a chamada mucormicose é uma doença oportunista que, em geral, não tem potencial patogênico. Ou seja, pessoas sadias entram em contato com os fungos, mas não ficam doentes. Contudo, organismos debilitados ficam suscetíveis a maiores complicações.

“O conhecimento da doença e dos fatores predisponentes, como o descontrole da glicemia e da cetoacidose, facilitam o diagnóstico e o tratamento precoces da mucormicose. Esse é o principal aliado para salvar vidas, pois essa micose oportunista tem progressão rápida e é muitas vezes fatal, com mortalidade em 40-50% dos casos. No Brasil, outras doenças do mesmo tipo, como a aspergilose invasiva e a candidíase sistêmica, são mais comuns do que a mucormicose nos pacientes com covd-19, sendo que também exigem atenção semelhante”, disse a coordenadora do Departamento de Micoses da SBD, Rosane Orofino.

Grupo de risco – Os indivíduos mais vulneráveis à mucormicose são portadores de diabetes melito descompensado ou com cetoacidose. No grupo de risco, ainda estão usuários de corticoides de forma prolongada, além de pacientes com alguns tipos de câncer, queimados graves, portadores de feridas abertas e transplantados de órgãos sólidos. O aumento do ferro sérico e a diminuição dos linfócitos, que ocorrem na covid-19, também são fatores que predispõem a essa micose oportunista.

“Há algum tempo a Índia vem relatando aumento dos números da mucormicose e curiosamente é também o segundo país em casos de diabetes melito do mundo, o que pode ser fator de predisposição ao seu surgimento. Dos 101 casos dessa micose oportunista relacionados à covid-19 descritos recentemente, 82 deles aconteceram na Índia”, lembrou Rosane Orofino.

A apresentação clínica mais frequente da mucormicose é rino-ocular. Começa com edema (inchaço) e endurecimento da região nasal ou em volta dos olhos, dor na face e secreção nasal sanguinolenta. Essa doença pode rapidamente progredir para lesão cerebral e morte, se não houver diagnóstico e tratamento precoces. Os fungos entram nos vasos sanguíneos, causam embolia e infarto, levando à necrose tecidual. A maioria dos casos que chegam a acometer o cérebro são fatais. Pode ainda ter acometimento pulmonar ou de outros órgãos.

Sintomas – Quando acomete os pulmões, os sintomas da mucormicose são parecidos com os da covid-19 (febre, tosse e falta de ar). O uso de corticoides, usados para diminuir a inflamação intensa em pacientes com o coronavírus, também pode ser um dos fatores envolvidos no aparecimento dessa micose oportunista.

Sobre o tratamento, a SBD explica que ele consiste na retirada cirúrgica do tecido necrosado e infectado (desbridamento), o que ajuda na melhoria da cicatrização e na diminuição de secreções. Ainda é recomendado o emprego de antifúngicos sistêmicos em ambiente hospitalar, como anfotericina B, posaconazol e isavuconazol.

Os fungos da Ordem Mucorales são adquiridos pela inalação de conídios (esporos). Estão presentes no ar, solo, material orgânico em decomposição e contaminam alimentos como frutas, pães etc. Os principais são Rhizopus sp, Mucor sp, Lichtheimia sp, Rhizomucor sp, entre outros, que não são pretos, como vem sendo divulgado pelos meios de comunicação. “Talvez a cor escura da lesão da pele e mucosa decorrente da necrose do tecido tenha levado a esse termo equivocado”, ressaltou a coordernadora do Departamento de Micoses da SBD.

 


2 de junho de 2021 0

A atual crise ocasionada pela pandemia de covid-10 reforça a relevância do desenvolvimento de pesquisas científicas no campo da saúde. Ciente desse contexto, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) convida os seus associados, dermatologistas e população em geral a participarem de um levantamento que busca informações sobre manifestações dermatológicas pós-covid em pacientes portadores de doenças inflamatórias crônicas, como hidradenite supurativa, urticária, psoríase, dermatite atópica, hanseníase, entre outras.

O estudo é vinculado às Faculdades de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Centro Universitário FMABC, Universidade Federal de Goiás (UFG), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A pesquisa conta com o apoio da SBD, por meio do seu Departamento de Dermatologia e Medicina Interna, sob a coordenação do professor Paulo Criado.

Conhecimento – Conforme destaca o especialista, as informações coletadas serão úteis para promover mais conhecimento sobre a doença e sobretudo proporcionar melhores cuidados aos pacientes. “É um questionário objetivo, que não leva nem cinco minutos para ser respondido. Esperamos contar com o apoio do maior número possível de dermatologistas nessa empreitada”, afirma.

Os resultados do estudo serão comunicados posteriormente nos canais de comunicação das faculdades participantes e das sociedades médicas apoiadora do projeto. Para contribuir com este trabalho que ajudará no avanço de conhecimentos sobre a relação entre covid-19 e a saúde da pele, basta acessar o link abaixo.

PARA PARTICIPAR DA PESQUISA APOIADA PELA SBD, CLIQUE AQUI

 

 


2 de junho de 2021 0

A covid-19 pode gerar manifestações cutâneas em pacientes afetados pelo novo coronavírus, o que já pode ser comprovado por meio de exames como PCR, imunohistoquímica e microscopia eletrônica. As lesões de pele surgem em até quatro semanas depois do início dos sintomas gerais da covid-19, mas principalmente nas duas primeiras. Os quadros de exantema e urticária costumam ser mais precoces, com início concomitante aos sintomas gerais ou nos dois primeiros dias, embora existam relatos de surgimento tardio, até um mês depois. As manifestações vasculares, como pseudo-eritema pérnio, púrpura e necrose são tardias, ocorrendo em geral após a segunda semana de infecção.

As conclusões fazem parte de documento divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que fez uma revisão ampla de estudos científicos dedicados ao tema. O trabalho, que será disponibilizado aos especialistas, ressalta que as manifestações cutâneas, apesar de possíveis, são menos específicas do que outros sinais clínicos relacionados à covid-19, exigindo sempre uma avaliação criteriosa dos dermatologistas antes de sua classificação final.

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A assessora do Departamento de Medicina Interna da SBD, Camila Seque, responsável pela revisão, explica que a frequência das manifestações dermatológicas nos pacientes com covid-19 ainda é um dado bastante variável na literatura internacional. “Diferentes pesquisas estimam prevalências entre 0,2% e 45%. São inúmeros fatores que influenciam essa ampla variabilidade, tais como: a metodologia do estudo científico; o perfil epidemiológico das amostras; a avaliação presencial ou por telemedicina; a exclusão ou não dos diagnósticos diferenciais; entre outros”, enumera. Segundo ela, no Brasil, até o momento não há estatística sobre esses achados.

Sintomas – Alguns estudos apontam a possibilidade das lesões cutâneas surgirem antes dos sintomas gerais da covid-19, ou seja, de serem os primeiros sinais da infecção. “Isso pode ocorrer entre 8 a 17% dos pacientes que desenvolvem quadro cutâneo”, alerta Camila Seque.

Segundo informa a nota técnica da SBD, nesses casos, as lesões de pele precedem em média três dias os sintomas gerais e os quadros de urticária são os mais relatados. “Tal dado é relevante, pois aponta para as manifestações cutâneas como possíveis marcadores iniciais da infecção por SARS-CoV-2, e ainda na fase pré-clínica, o que contribuiria para o diagnóstico precoce da covid-19”, complementa o texto.

A coordenadora Científica da SBD, Flávia Bittencourt, adverte que outro ponto controverso na literatura científica é a presença de lesões de pele como manifestação única da covid-19, ou seja, lesões cutâneas sem qualquer outro sintoma geral. “Até o momento, há poucos estudos que sustentem essa afirmação”.

Outro dado importante da nota técnica é sobre a relação entre as manifestações cutâneas e as formas leves e graves da doença. Segundo a especialista, elas podem se apresentar em ambas as formas, pois acometem diferentes perfis de pacientes. A nota técnica da SBD também aponta que as manifestações cutâneas mais comuns encontradas na literatura internacional como possível infecção pelo SARS-CoV-2 são: erupções máculo-papulares; urticariformes; tipo pseudo eritema pérnio; vesico-bolhosas; e livedo/necrose.

“Vale ressaltar que até mesmo a frequência de cada um desses padrões é variável de acordo com cada estudo. Grande parte das pesquisas de revisão sistemática relata maior frequência das erupções maculo-papulares (até 70%), seguida das lesões vasculares (incluindo pseudo eritema pérnio), enquanto outros relatam que o padrão mais comum seriam as lesões tipo eritema pérnio (até 75%). Já os quadros urticariformes, vesiculares e livedo/necrose parecem ser mais raros”, salienta o texto.

Alopécia – A revisão divulgada pela SBD aborda uma questão que pode ter relação com a maior susceptibilidade de adoecimento dos homens em relação às mulheres, inclusive com chance de evolução para a forma mais grave da doença, com risco de internação e óbito.

De acordo com a dermatologista Camila Seque, uma possível explicação para essa predisposição do sexo masculino à infecção e ao pior prognóstico seria a associação entre a via dos andrógenos e a infectividade do SARS-CoV-2. Ele explica que um dos marcadores clínicos da expressão dos andrógenos é justamente a alopécia androgenética (AGA), que pode ser um possível fator de risco para a covid-19, uma vez que estudos observaram elevada frequência de AGA entre os homens internados por covid-19.

Além disso, o uso de medicações antiandrógenas, amplamente indicadas nos casos de AGA, parecem ter um efeito protetor na doença, com redução dos sintomas e menores chances de necessitarem de cuidados em UTIs. Porém, a pesquisadora salienta que ainda não há estudos, com metodologia adequada, que demonstrem efetivamente se a introdução dessas medicações após o diagnóstico de covid-19 teria algum benefício terapêutico ou, até mesmo, risco adicional.

Evolução – O tema deve gerar novos documentos. Segundo especialistas que acompanham a evolução da pandemia, por se tratar de uma doença recente, cujo conhecimento ainda está em construção, as informações sobre a covid-19 podem mudar em semanas ou meses. No caso das manifestações cutâneas, ainda há dúvidas sobre a real frequência das manifestações dermatológicas na covid-19, quais as mais relevantes e mecanismos fisiopatológicos envolvidos, entre outros.

“Acompanhar o crescimento diário do conhecimento sobre a covid-19 em todas as áreas da medicina, inclusive na dermatologia, é uma excelente oportunidade de aprendizado e contribuição para sua construção, sempre com a esperança de que a ciência traga mais respostas que se reflitam em benefícios, tanto para os pacientes quanto para a sociedade”, concluiu Camila Seque.





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