Outros olhares – Entrevista com a psiquiatra Carmita Abdo




6 de maio de 2020 0

JSBDv24n2 – março/abril 2020

O enfrentamento de uma pandemia como a da Covid-19 causa danos na vida de todos: tanto da população, que muitas vezes se sente solitária devido ao confinamento e confusa em relação às informações divulgadas pela imprensa, quanto de quem está na linha de frente nos hospitais, como médicos e demais profissionais de saúde, que a cada dia recebem mais pessoas com a doença.

Seguir os protocolos do Ministério da Saúde e se informar por meio dos órgãos oficiais e de sociedades médicas de especialidades são ações fundamentais para que menos pessoas se infectem pelo novo coronavírus. Entretanto, mesmo sabendo que a adoção de tais medidas é importante para evitar a propagação, muitos – médicos incluídos – acabam desenvolvendo estresse, ansiedade e até depressão devido ao distanciamento, às incertezas quanto ao futuro e ao medo de contrair a doença. E como não abalar a saúde mental com tantas dúvidas e inseguranças?

Conversamos com a psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas da FMUSP e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria(ABP) no triênio 2017-2019, para saber como é possível amenizar os reflexos desse período na vida de profissionais da saúde e pacientes.

JSBD: O que pode ser feito para minimizar o estresse do confinamento? Atividades de lazer e o estímulo à criatividade são importantes tanto para a população quanto para médicos em geral?
Carmita Abdo: O confinamento, por si só, pode gerar estresse, porque nos sentimos tolhidos, limitados. É ainda pior para aquelas pessoas que não encontram em casa atividades com que se envolver ou que estão em relacionamentos conflituosos. Quanto maior o desconforto doméstico, maior o estresse do confinamento; obviamente atividades, sejam elas de lazer ou de trabalho, ajudam a lidar com essa situação. Prática de exercícios físicos, uma agenda balanceada com entretenimento e tarefas diárias, cuidados com a aparência, contatos virtuais, brincadeiras com as crianças da casa são medidas protetivas. Mas cada um deve buscar preencher seu tempo com escolhas pessoais, para não criar uma rotina mais entediante do que o próprio ócio.

JSBD: E como lidar com a solidão? Especificamente com relação às pessoas que moram sozinhas sejam elas jovens ou idosas.
CA: Estar só pode ser uma preciosa oportunidade de organização interna, de resgate do equilíbrio. Por outro lado, vale salientar que confinamento não é sinônimo de isolamento. Bons filmes, bons livros, papos pela internet, culinária, jardinagem, cuidado com os animais são alternativas para se contrapor ao distanciamento físico das pessoas queridas. É até possível programar um happy hour ou um almoço, cada um na sua casa, num encontro virtual, com direito a fundo musical e boa conversa.

JSBD: No caso de pessoas que já possuem transtornos de estresse agudo, bem como manias e compulsões, em momentos como este os sintomas podem se acentuar? Como agir?
CA: Os sintomas podem se acentuar em quem já apresenta esses transtornos. Nesses casos, uma ajuda especializada deverá ser retomada ou intensificada. Além disso, procurar manter-se ocupado, evitar dormir demais (como fuga) ou de menos (privação do sono é nociva à saúde mental), evitar também a ociosidade absoluta, o sedentarismo, as bebidas em excesso são atitudes que ajudam.

JSBD: Como lidar com as situações de estresse pós-traumático após quarentena tanto na população como também nos profissionais de saúde?
CA: Durante a quarentena, o equilíbrio emocional pode se romper pelo medo da pandemia, pela insegurança econômica, pelo distanciamento físico de pessoas queridas, pela sobrecarga de trabalho (dos profissionais de saúde e dos home office sem hora para começar nem para acabar), pelos hábitos forçosa e repentinamente modificados. A melhor forma de lidar é admitir que se fragilizou, fazer do cuidado pessoal a prioridade, até se restabelecer por meio de relaxamento, mindfulness, exercícios físicos, hobbies, terapias e medicamentos, quando for o caso.

JSBD: Uma vida financeira desequilibrada pode afetar muito o psicológico. E em um país com tantos autônomos, a pandemia fez seus lucros certamente caírem. Como fazer essa equação para não afetar a saúde mental?
CA: A pandemia está nos ensinando que podemos viver com menos e que os desafios nos mantêm vivos. Se de um lado, sofremos perdas; de outro, constatamos que essa perda é geral, o que nos impulsiona a separar o essencial do supérfluo, a socorrer os menos favorecidos do que nós. Estamos reaprendendo que dependemos uns dos outros para conseguir vencer. Vitória é sair saudável dessa guerra. Terminar materialmente mais pobre é o preço que vamos pagar.

JSBD: Muita gente está fazendo lives para manter contato com parentes e amigos. No início, pareceu uma forma de interagir. Mas acredita que com o tempo possa não fazer bem, já que pode gerar algum tipo de ansiedade? Fale sobre isso.
CA: Por enquanto as lives estão cumprindo o seu papel de aproximar as pessoas e propiciar a interação possível. Quando essa alternativa se esgotar, não tenho dúvida de que nossa criatividade já terá descoberto outras formas tão ou mais eficazes. Vamos evoluir num ritmo eletrizante para superar a ansiedade. Pode crer, novos meios de contato serão descobertos e praticados, a cada dia de confinamento. Por exemplo? Cantar e dançar nas varandas dos apartamentos, brindar à distância com cálices presos a hastes, registrar e divulgar cenas pitorescas das nossas ruas quase desertas. Muita gente já começa a se interessar por costumes de países dos quais nunca antes ouviu falar. Estamos ampliando os horizontes e o jeito de fazer as mesmas coisas, confirmando que a criatividade é filha da adversidade.

JSBD: Médicos que estão na linha de frente do combate à Covid-19 tendem a se deprimir mais rapidamente que os demais? Explique por que, uma vez que, em tese, médicos já estão acostumados a lidar com a morte.
CA: Se as circunstâncias nos exigem  acima de nossas forças; se nos sentimos desafiados e desarmados, apesar de nossa coragem; se há falta de perspectiva a curto e médio prazo; se compaixão pelos pacientes é o sentimento possível no momento, não há como o médico não se entristecer ou até deprimir (se a predisposição for para tal). Acostumado a lidar com a morte, ele se mantém hígido, quando sabe o que fazer para curar ou minimizar a doença. Diante de um inimigo praticamente desconhecido, contando com poucas armas para defesa e pouca ou nenhuma munição para o ataque, os médicos que estão na linha de frente da Covid-19 vivem a dolorosa experiência de dias frustrantes e a insana luta por dias mais promissores para si e, em especial, para seus pacientes.

JSBD: Há hoje algum tipo de curso ou atualização para os médicos que estão trabalhando com esses pacientes com corona nos hospitais?
CA: Sim, há inúmeros cursos, palestras, debates e lives sendo oferecidos online para que o médico se instrumentalize melhor e se atualize. E estão sendo divulgados pelas redes sociais. Diversificados quanto às temáticas, contemplam diferentes especialidades e interesses.

JSBD: A crise, pelo que se diz, está apenas começando. Tanto que profissionais das mais diversas áreas de saúde estão sendo convocados. O que diria, neste momento para os médicos de consultório, que não estão acostumados à rotina de hospitais? Como se preparar para isso?
CA: O consultório nem sempre é um lugar mais protegido do que o front de uma pandemia. A crise se alastra para além dos hospitais e será combatida com a experiência que o médico adquiriu no exercício da medicina, em tempos de não crise. Para qualquer situação, o preparo deve ser não só técnico, mas especialmente emocional. Ser verdadeiramente útil, vai depender de estar saudável. Recomendo fortemente que os colegas se protejam com EPIs adequadas e respeitando os seus limites. Não negligenciem de sua integridade física e mental. Só assim estarão aptos para continuar salvando vidas. O certo é que a cada dia saberemos um pouco mais sobre o novo coronavírus, o que nos tornará dia a dia mais habilitados para combatê-lo e vencer.

JSBD: Alguns médicos, pelo fato de estar na linha de frente, vêm-se afastando de suas famílias. Como manter a mente ativa, o trabalho fluindo, quando a vida pessoal está tão destroçada?
CA: Quando está nessa atividade, tenho certeza de que o médico se concentra e nem percebe o quanto (em tempo e espaço) está afastado de sua própria vida. Nos raros momentos de descanso, essa consciência volta. É nesses momentos que o pensamento deve se desapegar do presente. Nada é para sempre! Nem mesmo uma pandemia da magnitude da Covid-19. Sua vida de volta depende de você resistir (recordando os momentos felizes) e acreditar (a cada vida que salva).

JSBD: E os parentes dos doentes? Algum protocolo que esteja sendo seguido pelos médicos para dar amparo a essas pessoas?
CA: Sim, temos protocolos já elaborados e divulgados. Sugiro, por exemplo, acessar o site da Associação Médica Brasileira (AMB) para conhecer as recomendações de como lidar com a Covid-19: https://amb.org.br/. Há outras excelentes diretrizes elaboradas, divulgadas e diariamente atualizadas, à medida que mais vamos sabendo sobre essa doença.

JSBD: A solidariedade entre as pessoas diante de uma pandemia reforça os laços de afeto e é capaz de transformar a maneira como a sociedade enxerga a vida daqui para frente?
CA: A solidariedade é um diferencial que preserva vidas. Só quando pensamos e agimos na direção de proteger o outro, conseguimos proteger a população e, por conseguinte, a nós mesmos. O planeta havia se esquecido disso. A pandemia nos roubou a convivência com nossos pares para que recobrássemos essa consciência.

JSBD: Quando a senhora acha que a vida vai voltar à normalidade de fato?
CA: Essa previsão é difícil de se fazer. Pode ser de repente, porque o acaso ajudou e foi descoberta uma vacina, um remédio. Pode demorar, porque as pesquisas dependem de tempo para um desfecho confiável. De qualquer forma, não há como voltar ao ponto de onde partimos. A normalidade será outra, quando essa verdadeira guerra terminar. Estaremos menos crédulos e menos confiantes em nossa imunidade, porém mais sábios e mais felizes.


6 de maio de 2020 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulga uma série de informações relevantes para os médicos quanto ao manejo clínico e à prevenção de contágio no atendimento de pessoas com suspeita ou diagnóstico positivo para a Covid-19. Para tanto, foi criada uma página aqui no site institucional que concentra uma seleção de documentos preparados por autoridades sanitárias, como o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), bem como pela própria SBD.
 
Acesse aqui a página da SBD sobre coronavírus: https://www.sbd.org.br/covid-19

“Essa é uma iniciativa da Gestão 2019-2020 com foco no associado diante da pandemia que acomete o país e o mundo. A informação é uma ferramenta fundamental para enfrentarmos o novo coronavírus e a Covid-19. Por isso, é importante que os dermatologistas conheçam os documentos oficiais referentes aos temas que, mesmo que indiretamente, passaram a fazer parte de seu cotidiano”, disse Sérgio Palma, presidente da SBD.

Ordem alfabética – Na página criada pela SBD, estão disponíveis informações que foram agrupadas em função de palavras-chaves, dispostas em ordem alfabética. Ao ler os textos, o interessado poderá acessar outros documentos relacionados, como notas técnicas, protocolos e manuais. Os tópicos abordados têm relação direta com a dermatologia, mas também com a assistência à população de uma forma geral, como fluxos referenciados de atendimentos a pessoas idosas e gestantes.

Dentre os temas tratados, também constam, com acesso online e gratuito, orientações sobre uso da certificação digital em receitas; lei da telemedicina; prescrição da hidroxicloroquina; manejo de pacientes com condições especiais; uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); medicamentos controlados; e medidas de prevenção e controle.

“É importante que os especialistas conheçam os documentos oficiais, uma vez que essa nova realidade já faz parte do cotidiano do atendimento no país. Devido à dinâmica de evolução dessa doença, muitas atualizações e revisões têm sido divulgadas com velocidade. Por isso, a plataforma da SBD será atualizada constantemente para auxiliar os dermatologistas na busca por conhecimento científico sólido e confiável”, frisou Sérgio Palma.

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6 de maio de 2020 0

No momento em que o país atravessa uma situação de pandemia e precisa se adaptar em curto prazo a novas realidades, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) oferece aos seus associados um importante benefício para que o exercício da especialidade possa acontecer sem interrupções e com qualidade. A partir de entendimentos com parceiros institucionais, a entidade obteve apoio para que dermatologistas possam usar, a custo reduzido, uma plataforma para realização de teleconsultas, incluindo a emissão de prescrições eletrônicas.

A parceria com o laboratório TheraSkin e a empresa iClinic – permitirá que o associado, com situação em dia com a SBD, possa atender seus pacientes a distância, mediados por uma ferramenta moderna, que atende requisitos de qualidade na transmissão de dados e imagens, assim como garante respeito ao sigilo das informações trocadas entre médicos e pacientes.

Após fazer a adesão, o associado poderá realizar até dez teleconsultas, utilizando essa plataforma, sem custos. A partir da décima primeira, ele paga um valor acordado, por atendimento. Além dessa ferramenta, todos os associados terão o direito de utilizar, gratuitamente e por dois meses, sistema de prontuário eletrônico oferecido por esses parceiros.

Para mais informações acesse aqui

Consultas – Dessa forma, dermatologistas que estão com consultórios fechados ou têm dificuldades em realizar consultas presenciais, poderão usar recursos de telemedicina com segurança. Após esses dois meses, o associado poderá dar continuidade ao uso da ferramenta ou optar por outras soluções, de acordo com o que for mais conveniente. De acordo com as empresas, a plataforma tem como características principais sua segurança na transmissão e manuseio de dados e usabilidade, podendo ser auxiliar estratégico para os consultórios e clínicas. A parceria foi alinhavada pela Gestão 2019-2020 que, desde o início da pandemia, tem buscado alternativas para facilitar a vida de dermatologistas que integram os quadros da SBD. Também foi implementada mudança no calendário de pagamento das anuidades, dando maior fôlego para sua quitação.

Informações – Outra frente tem sido tornar disponíveis, de modo ágil e didático, informações de interesse da especialidade e da medicina em geral vinculadas ao coronavírus. A SBD criou em seu site uma área específica para agrupar dados, notícias, artigos e protocolos sobre a Covid-19 e temas relacionados. Também tem encaminhado e-mails marketing e boletins focados na atualização dos dermatologistas.

“A Diretoria da SBD, na Gestão 2019-2020, tem como prioridade buscar soluções que atendam os interesses dos associados. Todos nós entendemos as angústias de quem está na ponta. Por isso, o trabalho tem sido voltado em oferecer respostas a problemas concretos. Podem contar conosco”, ressaltou o presidente da entidade, Sérgio Palma.


5 de maio de 2020 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) informa aos especialistas e demais médicos que continua em funcionamento a página para cadastrar profissionais da saúde no programa O Brasil Conta Comigo, mantido pelo Ministério da Saúde. A iniciativa visa facilitar a contratação especial de médicos e de outros membros das equipes de atendimento que se interessem em atuar, emergencialmente, em locais que necessitam de reforço contra a pandemia. Um dos exemplos é o Amazonas, que já está recebendo ajuda de voluntários.

Para saber mais sobre as condições oferecidas pelo programa, o Ministério da Saúde disponibilizou um folder com um detalhamento. Segundo a Pasta, existe um contrato, no qual constam as responsabilidades das partes e a descrição dos direitos dos médicos. Os interessados em participar da iniciativa podem se inscrever acessando página na internet mantido pelo Governo.

ACESSE O FOLDER DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

ACESSE A PÁGINA PARA INSCRIÇÕES NO BRASIL CONTA COMIGO

As entidades médicas, como a Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a própria SBD, ajudam na divulgação dessa iniciativa importante na luta contra o coronavírus, contudo, reiteram a importância de que os gestores garantam acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs), dentre outros itens.

Da lista fazem parte: remuneração adequada (paga pelo Ministério da Saúde), incluindo insalubridade e adicional noturno (quando for o caso), infraestrutura para atendimento (medicamentos, respiradores e outros equipamentos e insumos fundamentais em um cenário como como o atual), alojamento e custos de deslocamento e de retorno à origem, quando necessários.

Profissionais que integrem O Brasil Conta Comigo ou façam parte das equipes locais devem acompanhar o desenvolvimento das atividades contra o coronavírus em seus serviços e, se perceberem falhas na sua condução, podem informar as distorções por meio de plataformas criadas pela AMB e pelo CFM.

ACESSE A PLATAFORMA DA AMB

ACESSE A PLATAFORMA DO CFM


4 de maio de 2020 0

Os médicos, em especial os dermatologistas, devem estar atentos para registrar e catalogar, com o suporte de fotos e exames histopatológicos, manifestações cutâneas em pacientes com diagnóstico positivo para Covid-19. Dessa forma, os profissionais podem oferecer importantes contribuições ao esclarecimento de hipóteses que apontam para possíveis relações entre o coronavírus e doenças de pele ou em mucosas detectadas nestes pacientes.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reitera essa recomendação, pois entende que, até o momento, não há evidências comprovadas de que essa relação de causa e efeito exista. Nesse sentido, apenas por meio do estímulo à investigação científica que se poderá ter uma resposta concreta sobre o tema. Alguns artigos publicados recentemente, já revisados pela entidade, sugerem essa ligação, mas apresentam conclusões sem observar aspectos metodológicos fundamentais.

Nesta semana, mais um trabalho nesse sentido foi abordado pela imprensa. O jornal espanhol El País trouxe matéria sobre artigo publicado no British Journal of Dermatology, assinado pela professora da Cristina Galván Casas e sua equipe, da Academia Espanhola de Dermatologia e Doenças Venéreas (AEDV), no qual é sugerida a associação do corononavírus com cinco tipos de manifestações cutâneas diferentes. Além disso, os pesquisadores apontam indícios da relação entre o tipo de complicação dermatológica e a gravidade da contaminação pela Covid-19.

Para obter essas conclusões, o time liderado pela professora Cristina Casas reuniu, durante duas semanas, informações de 375 pessoas com suspeita (141) ou diagnosticadas (234) com Covid-19. Elas foram selecionadas por atenderem a critérios clínicos ou por confirmação em laboratório de contaminação pela doença e por apresentarem alterações cutâneas concomitantes, sem causa conhecida.

Além de resgatar dados e informações dos pacientes, cada caso foi fotografado. De acordo com a AEDV, os cinco padrões de manifestações cutâneas registrados no grupo acompanhado foram os seguintes.

1) Erupções similares a geladuras (aspecto semelhantes a lesões cutâneas geradas por exposição ao frio prolongado) nas áreas acrais (pés e mãos):  apareceram em 19% dos casos, em pacientes mais jovens, nos estágios finais do processo da Covid-19, com duração de 12,7 dias e associação a quadros menos graves.

2) Erupções vesiculares: observadas em 9% dos casos, mais frequentes em pacientes de meia idade e associadas a uma gravidade intermediária.

3) Lesões urticariformes:  registradas em 19% dos casos, principalmente no tronco ou espalhadas pelo corpo, e caracterizadas por coceira intensa. Foram detectadas em pacientes mais graves e, com mais frequência, ao mesmo tempo de que outros sintomas causados pelo coronavírus.

4) Erupções máculo-papulares: detectadas em 47% dos casos, geralmente em pacientes com maior gravidade, apresentando quadro semelhante ao de outras infecções virais.

5) Livedo-reticularis ou necrose por obstrução vascular: encontrada em 6% dos casos, geralmente em pacientes de mais idade e mais graves (nesse grupo foi registrada uma mortalidade de 10%).

Segundo o professor Paulo Ricardo Criado, coordenador do Departamento de Medicina Interna da SBD e pesquisador Pleno da Pós-Graduação da Centro Universitário Saúde ABC (FMABC), esse trabalho constitui estudo prospectivo e multicêntrico, com a maior casuística até agora. No entanto, alerta, apesar da farta documentação fotográfica, não houve, porém, estudo histopatológico.

Além disso, ele prossegue:” se considerarmos, mesmo que subnotificados os casos diagnosticados com lesões na pele, a frequência destas alterações cutâneas na Covid-19 continua extremamente baixa (em torno de 0,1569% dos 239 mil doentes com esse diagnóstico naquele país). Assim, lesões na pele pela Covid-19 existem, porém não devem criar ansiedade e expectativas de que sejam indicadoras precisas da doença”.

Para facilitar a análise do trabalho dos autores espanhóis, os professores Paulo e Roberta Criado elaboraram diagrama (ver abaixo) com a representação da casuística encontrada e a possível fisiopatogenia das diferentes lesões cutâneas relatadas, a partir de estudos de anatomopatologia em pacientes da epidemia prévia de SARS-CoV, entre 2002-2003, onde se expressavam os principais receptores das membranas das células humanas na pele, que em teoria permitiriam ativar células cutâneas e produzir as diferentes lesões micro e macroscópicas.

O presidente da SBD, Sérgio Palma, concorda com as considerações de Criado. “De fato, as publicações até o momento apontam para uma prevalência baixa de manifestações cutâneas em pacientes com Covid-19. A ausência de exame anatomopatológico garantindo a patogênese específica da doença é um complicador para se constatar essa relação causa-efeito. Nesse trabalho espanhol, verifica-se um conjunto de lesões polimorfas, o que deixa uma dúvida: são manifestações da doença ou efeitos secundários dos tratamentos?”, indagou.

Segundo ele destacou, para responder a essas dúvidas e outras é preciso investir em ciência. “A SBD estimula a produção de estudos com maior controle e melhor desenho sobre esse tema. Conduzidos com critério, eles permitirão conclusões mais acertadas sobre a frequência das manifestações dermatológicas relacionadas à Covid-19”, destacou o presidente, para quem o primeiro passo neste processo implica em estar atento aos fatos que acontecem ao redor dos profissionais e pacientes.


2 de maio de 2020 0

Como ficará o atendimento por telemedicina após o fim da pandemia de Covid-19? Como assegurar que o paciente compreende os limites dessa plataforma? Um médico pode prescrever qualquer tipo de medicamento fazendo uso de certificação digital? Essas e muitas outras perguntas devem animar debate promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), na próxima semana. 

No dia 7 de maio (quinta-feira), a partir de 19h, o 1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Donizetti Giamberardino, participará de um webinar que discutirá questões relacionadas às teleconsultas e ao uso de formulários de prescrição eletrônica. Segundo Sérgio Palma, presidente da SBD, “será um momento importante para nossos associados, pois o nosso convidado especial estará diretamente implicado na atualização da resolução que normatizará o atendimento médico à distância no país”.

Emissão de receitas – Giamberardino também esteve envolvido na formulação do acordo firmado entre CFM, Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) e Conselho Federal de Farmácia (CFF) que permitiu o lançamento, no dia 23, de uma ferramenta para que os médicos brasileiros possam, com segurança, no âmbito do atendimento por Telemedicina, emitir atestados ou receitas médicas em meio eletrônico. 

Acesse aqui a plataforma criada pelo CFM

Trata-se de um site validador de prescrições e atestados, que auxiliará a relação remota entre médico, paciente e farmacêutico. O serviço consolida a possibilidade de o paciente receber prescrições diretamente no celular, sem uma via em papel, e ter o documento conferido, via plataforma, diretamente pelo farmacêutico.

 


2 de maio de 2020 0

No momento em que o país atravessa uma situação de pandemia e tem que se adaptar em curto prazo a novas realidades, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) oferece aos seus associados um importante benefício para que o exercício da especialidade possa acontecer sem interrupções e com qualidade. A partir de entendimentos com parceiros institucionais, a entidade obteve apoio para que dermatologistas possam usar, sem custo, plataforma para realização de teleconsultas, incluindo a emissão de prescrições eletrônicas, durante dois meses. A parceria com o laboratório TheraSkin e a empresa iClinic – permitirá que o associado, com situação em dia com a SBD, possa atender seus pacientes à distância, mediados por ferramenta moderna, que atende requisitos de qualidade na transmissão de dados e imagens, assim como garante sigilo às informações trocadas entre médicos e pacientes. 

Após fazer a adesão, o associado interessado poderá realizar até dez teleconsultas, utilizando essa plataforma, sem custos. A partir da décima primeira, ele paga um valor acordado, por atendimento. Esse benefício será oferecido aos 1.800 primeiros inscritos. Além dessa ferramenta, todos os associados terão direito de utilizar, gratuitamente – também por dois meses -, sistema de prontuário eletrônico oferecido pelos mesmos parceiros.

Para mais informação clique aqui

Consultas – Dessa forma, dermatologistas que estão com consultórios fechados ou têm dificuldades em realizar consultas presenciais poderão usar recursos de telemedicina com segurança. Após esses dois meses, o associado poderá dar continuidade ao uso da ferramenta ou optar por outras soluções, de acordo com o que lhe for mais conveniente. De acordo com as empresas, a plataforma tem como características principais sua segurança na transmissão e manuseio de dados e usabilidade, podendo ser auxiliar estratégico para os consultórios e clínicas.

A parceria foi alinhavada pela Gestão 2019-2020 que, desde o início da pandemia, tem buscado alternativas para facilitar a vida de dermatologistas que integram os quadros da SBD. Por exemplo, também foi implementada mudança no calendário de pagamento das anuidades, dando maior fôlego para sua quitação.   

Informações – Outra frente tem sido tornar disponíveis, de modo ágil e didático, informações de interesse da especialidade e da medicina em geral vinculadas ao coronavírus. A SBD criou em seu site uma área específica para agrupar dados, notícias, artigos e protocolos sobre a Covid-19 e temas relacionados. Também tem encaminhado e-mails marketing e boletins focados na atualização dos dermatologistas.
“A Diretoria da SBD, na Gestão 2019-2020, tem como prioridade buscar soluções que atendam os interesses dos associados. Todos nós entendemos as angústias de quem está na ponta. Por isso, o trabalho tem sido voltado em oferecer respostas a problemas concretos. Podem contar conosco”, ressaltou o presidente da entidade, Sérgio Palma.
 

 


30 de abril de 2020 0

O isolamento social em meio à pandemia da Covid-19 pode fazer surgir ou agravar doenças de pele. A dermatologista e coordenadora do Departamento de Psicodermatologia da SBD, Marcia Senra, participou do Bom Dia Rio desta quinta-feira (30/4) para comentar sobre o assunto. Em sua fala, a médica ressaltou que durante a quarentena, doenças de pele podem se acentuar, já que o estresse gerado pelo confinamentos pode agravar o quadro do paciente.

"A pele é um órgão ligado ao sistema nervoso, então é muito comum em nossa área receber queixa de queda de cabelo, da piora da oleosidade, acne, vitiligo, psoríase". Segundo a médica, cuidados de redução de estresse e de autocuidado, como a realização diária de técnicas de mindfulness, são importantes para contornar o problema. 

Clique na imagem para assistir a íntegra da reportagem.

 


27 de abril de 2020 0

A confirmação de pandemia pelo novo coronavírus e a necessidade de realizar a quarentena com isolamento domiciliar trouxe muitos questionamentos, medos, ansiedade e estresse. Uma das consequência disso são as queixas, nos últimos dias, de surgimento ou piora das doenças psicodermatológicas, área da Dermatologia que foca na interação entre as doenças de pele e a saúde mental dos pacientes. Alguns exemplos das queixas são a acentuação de queda de cabelos, piora da dermatite atópica, agravamento da psoríase e a volta das manchas brancas de vitiligo que já estavam pigmentadas.

Já é comprovado que estressores psicológicos são gatilhos para o aparecimento ou piora dos quadros cutâneos. "Emoções são importantes fatores em todas as doenças de pele. Os estressores tanto internos quanto externos rompem o equilíbrio do organismo estimulando uma série de reações do sistema neuroendócrino afetando vários aspectos imunológicos das doenças da pele", explica a Dra. Marcia Senra, Coordenadora do Departamento de Psicodermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Algumas pessoas com pouca resiliência, sensíveis ao estresse, portadores de transtornos ansiosos e depressivos, pioram muito com a experiência de quarentena, afastados de seus entes queridos, pela perda de liberdade, fobias desenvolvendo quadros de pânico, insônia pelas incertezas quanto à doença e ao futuro, inclusive levando à ideação suicida. "Com tantas emoções negativas, com toda certeza, as somatizações na pele irão aumentar enormemente justamente por essa inter relação entre a pele, o sistema nervoso e o psiquismo", afirma Márcia Senra.

Diante do cenário, a SBD orienta que a população, nesse período de quarentena, invista em bons hábitos que vão ajudar a reduzir o estresse e prevenir alterações em sua pele, como prática de atividades físicas, ter um bom sono, se alimentar bem e ocupar a cabeça com atividades que causem prazer (desenhar ou realizar jardinagem, por exemplo).  Além disso, é importante ter uma rotina diária de cuidados com a pele.

Quanto ao profissional dermatologista, cabe a ele abordar tanto a pele quanto o psiquismo de quem o procura. "O dermatologista deve desenvolver a melhor relação médico paciente com total empatia, acolhimento, fornecendo ferramentas, oferecendo terapias complementares e indicando em alguns casos, o aconselhamento psicológico/psiquiátrico", finaliza o Dr. Sérgio Palma, Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).


23 de abril de 2020 0

O CFM lançou nesta quinta-feira (23/4) uma plataforma digital que visa facilitar a telemedicina durante a pandemia de Covid-19. Por meio da plataforma os médicos conseguem emitir documentos como atestados ou receitas médicas, validados por uma assinatura digital, e que podem ser acessados diretamente do celular do paciente. A autenticidade do documento é verificada na farmácia.

Em matéria divulgada no Jornal Hoje sobre o assunto, o médico dermatologista Paulo Criado salientou que a receita disponibilizada por meio digital é uma forma de respeitar a quarentena e que a certificação digital também pode combater fraudes.

"A partir do momento que existe a certificação da assinatura digital do médico, através dessa nova plataforma, é possível fazer a prescrição e a receita contém a assinatura digital autenticada, que pode ser reconhecida por um farmacêutico", disse.

Clique na imagem para assistir a íntegra da matéria.

Saiba mais: Entra em funcionamento serviço que permite validar receitas médicas e atestados digitais montado pelo Conselho Federal de Medicina 





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