Preconceito pode agravar o quadro da psoríase



Preconceito pode agravar o quadro da psoríase

19 de outubro de 2016
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Há cerca de seis anos, a rotina da secretária aposentada Cibeli Sampaio, de 76 anos, foi afetada pela descoberta de que estava com psoríase. Muito ativa, o aparecimento das lesões nas pernas e braços fez com que ela deixasse temporariamente algumas atividades que fazia regularmente. "Parei de ir à hidroginástica e passei a andar sempre de calça comprida, para evitar os olhares e o preconceito de quem desconhece a doença", relembra. Bem mais frequente do que se imagina, a psoríase afeta cerca de 3% da população mundial. É uma doença crônica, autoimune, não contagiosa e de caráter sistêmico, afetando o sistema imunológico como um todo, e não apenas a pele. Pode estar associada a várias outras doenças que potencializam umas às outras, como depressão, tabagismo e alcoolismo.

Como mostra o caso de Cibeli, o fator aparente da doença e a reação dos outros em função do desconhecimento podem levar a pessoa não só a esconder-se sob as roupas, mas também a tornar-se mais reclusa, em prejuízo de sua vida afetiva e social. Esse processo acaba por alimentar um quadro depressivo. "Os pacientes carregam um sofrimento muito grande, pois têm lesões em áreas aparentes, como braços, pernas, couro cabeludo, rosto, e sentem que existe um preconceito. E não é algo com o qual se vá conviver por alguns dias, a cura pode demorar meses ou anos, o que provoca um impacto psicossocial negativo muito importante. A pessoa se isola, deixa de praticar atividades físicas, de lazer, o que atrapalha o convívio, as relações interpessoais. Isso traz um sofrimento muito grande", relata Marcelo Arnone, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, com larga experiência no atendimento a pacientes com psoríase.

O ideal, diz ele, seria que houvesse uma equipe multidisciplinar, com um psicólogo, para que esse lado também pudesse ser atendido. Mas, reconhece, isso é muito difícil, em especial na rede pública, em que a luta do momento é para o reconhecimento da Resolução de 2014 da OMS e a liberação pelo SUS de tratamentos com melhor resposta à doença, inclusos os medicamentos biológicos. Se nem todos podem contar com um psicólogo, o apoio da família e dos amigos é essencial para não deixar que o paciente se isole socialmente.

Como lembra Cibeli: "Tive muito apoio de quem estava à minha volta. E também faço de tudo para ajudar a trazer mais informação sobre a doença e quebrar o preconceito".





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