Nota de agravo: Cremesp, SBCP e SBD pedem retratação à Anvisa sobre indicações do PMMA




27 de julho de 2018 0

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) vêm a público contestar o aviso de esclarecimento sobre indicações do polimetilmetacrilato (PMMA), divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quarta-feira (25/julho/2018).

Importante destacar que o polímero em questão – o PMMA – teve sua utilização primórdia na indústria como ligas para manufatura de vidros e similares, sendo posteriormente identificado sua biocompatibilidade para casos específicos e pontuais na confecção de lentes e cimento ortopédico.

O PMMA tem sido utilizado para preenchimento cutâneo de pequenas áreas corporais, com finalidade reparadora, nos casos pontuais de pacientes que apresentam atrofia tegumentar da face decorrente de tratamentos da Aids, ou com sequela de poliomielite. Nestes casos, a indicação da Anvisa para as quantidades aplicadas, segundo os fabricantes, é clara.

Não obstante, data de 2006, a preocupação das entidades médicas (SBCP, SBD e Conselho Federal de Medicina – CFM) com o uso indiscriminado de PMMA para fins estéticos, motivo pelo qual o CFM emitiu alerta público sobre a periculosidade da utilização deste produto. Em 2013, a SBCP reiterou posicionamento de restrição do emprego de PMMA em tratamentos médicos da especialidade.

O comunicado, emitido em 25/07/2018, pela Anvisa sobre a utilização do produto em situações com finalidades explicitamente estéticas – como o preenchimento dos glúteos –, afirma que o PMMA não é contraindicado, além de não estabelecer critérios de sua utilização. E acrescenta "cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto".

Face aos últimos acontecimentos, de casos de morte com a utilização inadequada do produto para fins estéticos, a Anvisa, ao divulgar este documento, presta um desserviço tanto à população quanto à classe médica, uma vez que está comprovado que o PMMA não pode ser usado indiscriminadamente e tampouco em grandes quantidades.

A situação é grave, pois é sabido que o produto – cuja aplicação é definitiva – não pode ser removido de maneira isolada, quando apresentar complicações, sendo sua remoção acompanhada dos tecidos preenchidos, podendo gerar importante dano estético e deformação. É impossível prever quais indivíduos serão suscetíveis e quando essas reações podem vir a ocorrer, sendo a qualquer tempo, mesmo anos após sua aplicação.

Diante disso, o Cremesp, a SBCP e a SBD exigem que a Anvisa se retrate publicamente e reordene as recomendações de uso do PMMA, como medida de proteção a pacientes e colaborando para que a Medicina seja praticada de maneira ética e transparente quanto à eficácia e perigo de determinados produtos e medicamentos.

 

São Paulo, 26 de julho de 2018.

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA


26 de julho de 2018 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) constatou o exercício ilegal da profissão praticado por fisioterapeuta em uma clínica em Juazeiro do Norte (Ceará). Em cumprimento de mandado judical de busca, a polícia apreendeu aparelhos de procedimentos estéticos, documentos, computadores e produtos no local (clique para ler a matéria publicada no G1). A ação ocorreu nesta quarta-feira (25/7) e a fiscalização foi realizada a partir de denúncias de médicos dermatologistas daquele município e do estado do Ceará.

“O resultado é fruto do trabalho ético da SBD Nacional, por meio de dos instrumentos legais, em defesa da saúde populacional, das prerrogativas médicas e com a importante colaboração dos nossos associados”, comentou o vice-presidente da SBD, Sérgio Palma.

O objetivo da SBD por meio do Departamento Jurídico é combater o exercício ilegal da medicina, defendendo a população que credita sua saúde nas mãos de pessoas não capacitadas para o exercício médico.

"A ação publicada na matéria é o ápice de toda uma estratégia jurídica adotada pelo Departamento Jurídico da SBD. Essa estratégia se inicia com a denúncia encaminhada pelo associado ou população, devidamente instruída com provas, que é instrumentalizada com toda argumentação jurídica e encaminhada aos órgãos de fiscalização para que adotem as medidas pertinentes ao caso", disse o assessor jurídico da SBD, Carlosmagnum, reforçando a importância da participação constante do associado no encaminhamento de denúncias "para que outras ações como essa possam ocorrer".

Os canais disponíveis para denúncias, dúvidas e esclarecimentos são: defesa-juridico@sbd.org.br ou pelo WhatsApp: (61) 99352-3061. Lembrando que será preservado o anonimato do denunciante.

 

 

 

 


26 de julho de 2018 0

As novas tecnologias chegaram para revolucionar as comunicações e a forma como as pessoas se relacionam. Por meio elas, os médicos encontram excelentes oportunidades para estreitar o relacionamento com seus pacientes, atraindo ainda novos interessados em suas especialidades. No entanto, essas mídias também trazem desafios que precisam ser colocados em perspectiva para garantir a ética e a responsabilidade médicas. Por isso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta: a internet deve ser utilizada como instrumento de promoção da saúde e orientação da população. Reforça que o critério de escolha de um profissional para a realização de procedimentos estéticos não deve ser o número de seguidores, curtidas, popularidade e da propaganda do “antes e depois” – prática expressamente proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e publicada na Resolução 2.125/15.

É fundamental que a população saiba certificar a capacitação do profissional escolhido para realizar um procedimento estético. A entidade alerta ainda sobre a oferta indiscriminada de serviços médicos em sites de compras coletivas, prática proibida e incompatível com a ética médica, bem como anúncios na internet, que oferecem pacotes baratos e promoções como forma de estabelecer um diferencial na qualidade dos serviços. Que profissional é esse que precisa fazer sensacionalismo e autopromoção para conquistar pacientes? Essa é uma reflexão que a SBD sugere que todos façam na escolha do profissional que cuidará da sua saúde.

O vice-presidente da SBD, Dr. Sergio Palma, recomenda “ter cautela, não acreditar em tudo que é oferecido na Internet e evitar se submeter a qualquer tipo de procedimento ou serviço médico sem que haja antes uma consulta completa em ambiente adequado, com realização da anamnese e do exame físico para que não haja danos e riscos à saúde. Esses são os princípios básicos para não confiar a vida em mãos erradas”.

O local onde o procedimento será realizado também deve ser decidido com muito cuidado. Para a execução de tratamentos clínico-cirúrgicos, as normas mínimas para o funcionamento de consultórios médicos e dos complexos cirúrgicos para procedimentos com internação de curta permanência devem ser rigorosamente observadas, atendendo as exigências do Conselho Federal de Medicina (CFM). Casas e imóveis residenciais em hipótese alguma devem ser considerados para a prática de procedimentos invasivos.

CRM e RQE
Para ser um especialista numa área médica, não basta ter CRM (número que o médico recebe para exercer a medicina), é necessário possuir o RQE: identificação que o especialista tem para que sua especialidade médica seja reconhecida. O número é obtido no momento em que o médico registra o certificado de conclusão de residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou também o Título de Especialista no Conselho Regional de Medicina do estado em que trabalha.

Para saber se o médico possui registro de especialista, qualquer pessoa pode fazer uma consulta gratuita no site do CFM e CRMs. No caso do médico dermatologista, a checagem também pode ser feita pelo site oficial da SBD.

A SBD é a única instituição reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB) como representante dos dermatologistas no território brasileiro.

Mais informações aqui no site da SBD: www.sbd.org.br


26 de julho de 2018 0

O envelhecimento é um processo natural que ocorre com o tempo e a pele é um dos órgãos que mais se modificam com o passar dos anos. Na pele, o envelhecimento se traduz por perda da hidratação, da oleosidade e da elasticidade e aumento de sua fragilidade, tanto física quando de defesa imunológica. Pensando nessas repercussões, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) aproveita o Dia dos Avós, celebrado em 26 de julho, para homenageá-los e orientá-los sobre como envelhecer com qualidade de vida e com boa saúde da pele.

A pele é o órgão que reveste todo o corpo e atua como uma barreira de proteção contra agressões externas. Com o passar do tempo, passa por mudanças devido à diminuição de alguns dos seus componentes, como o colágeno e a elastina, ao declínio de hormônios e desgastes físicos. Se torna mais fina e frágil, prejudicando sua função principal, que é de proteção. Alguns fatores como radiação ultravioleta, poluição, tabagismo, alimentação inadequada, álcool, doenças dermatológicas e estilo de vida, também contribuem para esse envelhecimento.

Já a pele do idoso apresenta uma menor atividade das glândulas produtoras de sebo e de suor, sendo mais ressecada e desidratada. Além disso, a diminuição da atividade imunológica a torna mais suscetível a infecções como micoses e viroses. Outro problema que pode surgir, em decorrência da exposição solar ao longo da vida e da diminuição da imunidade, é o câncer da pele. Qualquer lesão persistente na pele que não esteja cicatrizando, ou pinta e mancha que se modificam, devem ser examinadas por médico dermatologista para descartar ou confirmar o diagnóstico.

Algumas dicas para envelhecer com uma pele bonita e com saúde:

– Manter a pele limpa, seca e hidratada;
– Evitar banhos quentes e muito demorados; evitar se ensaboar demais e usar buchas, que também contribuem para alterar a composição do manto hidrolipídico (hidratante natural produzido pelo organismo) que protege a pele;
– Usar creme hidratante em toda superfície corporal logo após sair do banho, o que ajuda na sua absorção;
– Secar bem as áreas de dobras, como virilhas, axilas e espaços entre os dedos das mãos e pés;   
– Usar protetor solar nos momentos de exposição ao sol;
– Os lábios também costumam ressecar. É importante usar hidratantes específicos para essa região para evitar rachaduras.

É importante lembrar que essas disas não excluem uma ida ao médico dermatologista. A pele do idoso necessita ser examinada ativamente, pelo menos uma vez por ano, com o objetivo de diagnosticar e tratar precocemente as doenças da pele, evitando assim, procedimentos maiores e mais traumáticos.

Busque um médico associado à Sociedade Brasileira de Dermatologia aqui no site da SBD: http://www.sbd.org.br/associados/.

 


26 de julho de 2018 0

O filtro solar protege contra o câncer da pele, mas o uso incorreto diminui a eficácia do produto. Uma pesquisa revela que a maioria das pessoas usa uma quantidade menor do que a recomendada. Em matéria ao Jornal da Band veiculada nesta quinta-feira (26/7), o dermatologista Fábio Cuiabano fala sobre a quantidade ideal de protetor solar a ser aplicada para garantir sua eficácia. Clique na imagem para assistir.

 


25 de julho de 2018 0

Após o caso da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, que morreu depois de realizar um preenchimento nos glúteos com polimetilmetacrilato (PMMA), a polícia do Rio investiga outros dois casos semelhantes. Ao serem socorridas, as vítimas apresentavam falta de ar, o que sugere embolia pulmonar. A suspeita é de que o produto aplicado para dar volume ao corpo tenha sido injetado dentro de um vaso sanguíneo, se deslocado até uma artéria pulmonar e provocado a parada cardiorrespiratória. Segundo médicos, esse é um dos maiores riscos envolvidos no procedimento.

— O PMMA não é um produto que costuma ser usado por cirurgiões plásticos. É liberado pela Anvisa para uso em pequena quantidade na face em pacientes com HIV e perda de gordura. A substância não é absorvida pelo organismo e não há estudos que comprovem a sua segurança a longo prazo — afirma Sérgio Bocardo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e chefe do setor de cirurgia plástica do Hospital Federal de Ipanema.

Estudos que avaliaram a segurança do PMMA foram realizados com o uso de 22 ml.


Material usado para procedimentos estéticos apreendidos na cobertura do Dr. Bumbum, na Barra Foto: Fabiano Rocha / 17.07.2018

De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sérgio Palma, preenchedores permanentes, como o PMMA, estão mais ligados a complicações:

— As imediatas, mais graves e temidas estão relacionadas com os acidentes vasculares por embolização ou compressão arterial e venosa.

A SBD recomenda a utilização do ácido hialurônico como padrão ouro de preenchedor estético facial. A substância custa dez vezes mais que o PMMA.

— O ácido hialurônico pode ser utilizado para depressões glúteas e não para aumento de volume. Se a intenção for essa, o indicado é a colocação de prótese de silicone por um cirurgião plástico — diz Palma.

A realização de procedimentos estéticos, como lipoaspirações e suas variadas nomenclaturas (lipolight, lipoescultura) em local não apropriado, como salões de beleza, é outro grande risco.

— No lugar de sedar o paciente e fazer o procedimento com toda a segurança num centro cirúrgico, o profissional terá que lançar mão de anestésico local. Existe uma dose máxima que pode ser usada, sob risco de intoxicação, podendo causar convulsão, arritmias e parada cardíaca. Para uma lipo, sabemos do uso de anestésico local em doses altas, até cinco vezes mais que o máximo recomendado. É um grande risco — alerta Bocardo.

Bocardo diz que o primeiro passo antes de se submeter a uma cirurgia é se certificar que o profissional tem registro ativo no Conselho Regional de Medicina do estado, no caso, o Cremerj. Isso é possível saber pelo site da entidade (www.cremerj.org.br). Depois, verificar se o médico tem capacitação e é especialista pela SBCP, acessando o site www2.cirurgiaplastica.org.br. É bom lembrar que a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina não reconhecem medicina estética como uma especialidade médica.

Fonte: Extra


25 de julho de 2018 0

A edição maio-junho do JSBD detalha a Campanha de Mídia da SBD pela valorização profissional: "Sua pele sua vida". No texto, o associado saberá quais ações estão sendo trabalhadas ao longo do ano pela Diretoria.

A pesquisa Perfil das Consultas Dermatológicas no Brasil revelou a necessidade da implementação de ações voltadas para a educação, visando, por exemplo, a melhor atenção à acne e à redução dos casos de câncer da pele. A matéria destaca que 8% dos pacientes procuram um médico para cuidar de acne; 7,7% para tratar de fotoenvelhecimento; e 5,4% citaram o carcinoma basocelular como principal motivo para a consulta.

Nesta edição, o jornal também destaca a eleição das Regionais e Delegados 2019/2020 a ocorrer entre julho e agosto e a importância dos associados participarem do processo eleitoral que definirá os nomes dos futuros dirigentes, responsáveis pela missão institucional das Regionais da SBD.

Aborda também as campanhas promovidas no mês de junho pela Sociedade: a Campanha de Esclarecimento de Albinismo, com amplas divulgações nas redes sociais; e a Campanha de Conscientização do Vitiligo, com lançamento de filme publicitário com a modelo profissional Eliane Medeiros, que tem a doença, leva uma vida normal e deu seu depoimento de superação.

Outros temas abordados são: dicas de locais interessantes para visitar em Curitiba estão na matéria sobre o Congresso Brasileiro de 2018; os 85 anos da Biblioteca da SBD; o lançamento do Guia de Boas Práticas nas Redes Sociais; a entrevista com a dermatologista Marcia Ramos-e-Silva, presidente do Comissão de Candidatura do WCD 2023 Rio; o Seminário Envelhecimento além das Rugas realizado pela SBD em parceria com O Globo a ocorrer em agosto, no Rio, entre outros assuntos.

Acesse o jornal clicando na imagem da capa da publicação. O periódico está disponível para leitura na área restrita do site.


25 de julho de 2018 0

O Jornal Nacional desta terça-feira (24/7) abordou os cuidados a serem tomados antes da realização procedimentos estéticos. O local, as condições e o profissional devem ser observados com atenção pelo paciente.

Na reportagem, o médico dermatologista Marcio Serra afirmou que “não existe estética sem saúde”, e as mídias sociais não são os meios mais indicados na procura pelo profissional habilitado a realizar esse tipo de tratamento.

Clique na imagem para assistir a íntegra da matéria.

 

 


25 de julho de 2018 0

Os participantes do 73º Congresso Brasileiro de Dermatologia contam com uma importante ferramenta de conectividade: o aplicativo SBD Eventos, que pode ser baixado gratuitamente a partir das plataformas Play Store (Android) ou na Apple Store (Iphone). O download é rápido e o app utiliza pouca memória dos smartphones e tablets, além de ser de fácil utilização.

Para ter acesso ao conteúdo completo do app é necessário fazer o login.

Aproveite o aplicativo e agregue uma experiência a mais durante o Congresso Brasileiro de Dermatologia 2018!

 


23 de julho de 2018 0

O caso do médico brasileiro Denis Cesar Barros Furtado – conhecido nas redes sociais como Dr. Bumbum – acusado de injetar uma grande quantidade de polimetilmetacrilato (PMMA) nos glúteos de uma paciente em um procedimento no próprio apartamento onde vivia, no Rio de Janeiro, gerou comoção no Brasil.

Furtado, que era seguido por mais de meio milhão de pessoas no Instagram, fez o procedimento estético na bancária Lilian Calixto, de 46 anos, fora do ambiente ambulatorial ou hospitalar, contrariando regras de segurança.

A paciente morava no estado do Mato Grosso, centro-oeste brasileiro, e viajou ao Rio de Janeiro para fazer a bioplastia – como é conhecido o procedimento. De acordo com relatos na imprensa, Lilian avisou a família que voltaria para sua cidade logo após o procedimento. De acordo com um vídeo publicado nas redes sociais pelo próprio médico, seis horas após o procedimento Denis levou Lilian ao hospital para ser socorrida, mas dentro de algumas horas, o quadro da bancária evoluiu para óbito por parada cardíaca. A suspeita é que tenha ocorrido um tromboembolismo venoso em decorrência do preenchedor. Até o momento as causas da morte não foram divulgadas.

Furtado e a mãe, que é ex-médica, ficaram foragidos por quatro dias e foram presos nesta quinta-feira (20), no Rio de Janeiro, onde serão indiciados pela morte de Lilian Calixto.. A tragédia levantou discussão sobre o uso seguro do PMMA, material supostamente usado no procedimento. Apesar de a substância ser aprovada e regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), especialistas consultados pelo Medscape recomendam cautela no uso.

O PMMA é um preenchedor biocompatível bifásico, composto por microesferas suspensas em uma solução de colágeno bovino, carboximetilcelulose ou hidroxietilcelulose. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Sérgio Palma, informa que o PMMA é um preenchedor definitivo, pois não é absorvido pelo corpo.

"É um produto utilizado para sustentação, reposição de volume da face e de volume corporal, e para preenchimento de sulcos", explica.

De acordo com o especialista, a aplicação deve ser limitada a pequenas quantidades, como é tipicamente feito em casos de preenchimento reparador da lipodistrofia facial decorrente de aids. O Sistema Único de Saúde (SUS) inclusive prevê em seu rol de procedimentos o uso do PMMA em pacientes que apresentam diminuição do tecido adiposo facial em decorrência do HIV ou dos medicamentos antirretrovirais.

O Dr. Márcio Soares Serra, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, faz preenchimento com PMMA em pacientes com HIV há duas décadas. De acordo com ele, o sucesso da aplicação depende muito da técnica do médico, e a substância não é indicada para aplicação em grandes quantidades, já que não existem trabalhos de longo prazo mostrando eficácia e segurança. Em estudo do uso em pequena quantidade, como 22 ml, o preenchimento pode ser seguro[1], desde que o médico esteja tecnicamente habilitado para utilizar o produto corretamente.

De acordo com o Dr. Serra, o preenchedor deve ser utilizado de forma subcutânea.

"Na minha experiência, todos os problemas que vi relacionados ao PMMA, aconteceram quando o produto foi injetado muito profundamente, dentro do músculo, ou muito superficialmente".

A Dra. Marcela Cammarota, cirurgiã plástica e secretária-adjunta da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) adverte: usar o PMMA nas quantidades necessárias para preenchimento do glúteo, panturrilha e coxas não é recomendado, pois a chance de complicação é muito alta.

No caso de preenchimento estético para aumento de glúteo, a quantidade utilizada de PMMA pode variar de 400 ml a até 1,5 l, o que aumenta exponencialmente a imprevisibilidade dos efeitos colaterais, e é absolutamente desaconselhado, orienta a Dra. Marcela.

Problemas com o PMMA

O cirurgião plástico Dr. Wendell Uguetto, membro da SBCP conta que, mesmo usado em pequenas quantidades, o PMMA não está livre de efeitos adversos decorrentes da aplicação. Os efeitos podem surgir, inclusive, muitos anos depois do uso do produto. Entre eles estão edema, infecção no local da aplicação, granuloma, e migração da substância para outra parte do corpo.

Quando acontece algum problema com o preenchimento, é preciso uma intervenção cirúrgica para tentar retirar o produto do corpo, o que não acontece em sua totalidade, já que o PMMA pode se entremear aos tecidos do paciente, dificultando a retirada.

O Dr. Palma explica que, na maioria dos casos, as complicações posteriores do uso do PMMA não comprometem a vida, mas a autoestima do paciente, pois os efeitos como edema e granuloma são visíveis.

"Alguns pacientes podem precisar de medicações que controlem essas reações imunológicas e inflamatórias, como corticoides. Muitas vezes é preciso tomar ciclos de medicações anti-inflamatórias para contornar o problema", diz o dermatologista, acrescentando que, como o PMMA é um preenchedor definitivo, os problemas podem retornar depois de algum tempo.

A dermatologista Dra. Larissa Montanheiro se preocupa também com o risco da aplicação.

"Ele se torna mais alto quando o médico não tem boa técnica, treinamento, e excelente conhecimento da anatomia. Na falta desses quesitos, pode ser indicado erroneamente".

Há diferentes marcas de PMMA no mercado. A manipulação do produto foi proibida pela Anvisa em 2007, portanto o preenchedor vem em seringas prontas para o uso.

Para o Dr. Uguetto, a substância não deveria ter autorização da Anvisa, em decorrência dos problemas que podem acontecer anos depois. Para ele, há alternativas mais seguras que proporcionam resultados semelhantes, como o ácido hialurônico – embora os efeitos deste durem no máximo 18 meses, o que exige reaplicação. Mesmo com um custo que chega ser até 10 vezes maior do que o do  PMMA, o Dr. Uguetto considera o uso de ácido hialurônico mais prudente, tanto para preenchimentos reparadores quanto para fins estéticos.

Fonte: Medscape





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