Diretoria da SBD garante apoio irrestrito para crescimento da S&CD




7 de fevereiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

No dia 31 de janeiro, a Diretoria da SBD realizou a primeira reunião do ano com a equipe editorial da revista Surgical & Cosmetic Dermatology. No encontro, realizado na sede da SBD, o presidente Sérgio Palma reiterou o empenho na garantia de infraestrutura e logística para a revista e para outras publicações que levam o selo e o nome da dermatologia brasileira. “Estamos desenvolvendo um trabalho intenso para que essas plataformas de conhecimento mantenham nível elevado, o que contribuirá para sua projeção no cenário internacional. Aos editores da Surgical & Cosmetic Dermatology, os professores Bogdana Victoria Kadunc e Hamilton Stolf, que estiveram conosco nesse encontro, nossos parabéns pela dedicação e pelo brilhante trabalho que vem sendo realizado”, considera Palma.


7 de fevereiro de 2020 0

Silenciosa e negligenciada pelas autoridades sanitárias em anos anteriores, a hanseníase acumula milhares de vítimas ano após ano no Brasil. Entre 1999 e 2018, foram diagnosticados 768.215 casos desta doença, que pode ser detectada com facilidade. Mesmo com as constantes campanhas educativas, com foco no diagnóstico precoce, a detecção de novos casos tem indicado uma média de 38 mil registros por ano, no período. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Brasil no segundo lugar no mundo em casos de hanseníase. Perde apenas para a Índia, que em 2017 apresentou 126.164 registros. 

Para a coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sandra Durães, trata-se de uma doença que afeta, sobretudo, regiões com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Apesar de o Brasil ser considerado uma potência econômica, a existência de desigualdades regionais repercute na forma como o registro de novos casos se materializa, explicou. 

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Nessas duas décadas analisadas, no Brasil, as maiores detecções de novos casos, em números absolutos, foram registradas no Maranhão (84.628 notificações); Pará (83.467); Mato Grosso (63.779); Pernambuco (57.355); e Bahia (52.411). Os dados foram apurados e avaliados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia com base em informações da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. 

Prevenção – Como janeiro é o mês dedicado a conscientização, combate e prevenção da hanseníase no País, a SBD somou forças para apontar a importância de se enfrentar essa doença tropical de evolução crônica, que se manifesta principalmente por meio de lesões na pele e sintomas neurológicos, como dormência e diminuição de força nas mãos e nos pés. 

Seu diagnóstico, tratamento e cura dependem de exames clínicos e, principalmente, da capacitação do médico. Nesse sentido, Sergio Palma, presidente da SBD, afirma que a entidade tem colaborado com a capacitação de médicos de outras especialidades e generalistas, o que contribui para o fortalecimento da rede de detecção dessa doença. “No entanto, fica o alerta: quando descoberta e tratada tardiamente, a hanseníase pode trazer deformidades e incapacidades físicas”, ressaltou.

Ao longo dessas duas décadas, a avaliação dos números da hanseníase comprova que seu enfrentamento exige o desenvolvimento de diferentes estratégias devido à complexidade de seus determinantes. Múltiplos fatores estão envolvidos nessa questão, entre eles a dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, principalmente no Norte, Centro-Oeste e Nordeste, levando ao diagnóstico tardio. 

Por um lado, percebe-se um movimento de queda constante no total de novos casos identificados entre 1999, quando o Brasil contabilizou 43.617 registros da doença, e 2016, onde esse total baixou para 25.214. Porém, os dados do Ministério da Saúde apontam uma pequena alta a partir de então, com 26.875 notificações, em 2017, e 28.657, no ano seguinte. 

Detecção – No que se refere à taxa de detecção da doença na população geral, os indicadores também oscilam. Em 2000, ela era de 25,44 casos por 100 mil habitantes, chegando a 12,23, em 2016. Porém, como na contagem de números absolutos, esse índice também voltou a apresentar alta nos anos seguintes: 12,94 notificações, em 2017, e 13,70, em 2018.

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“Isso não significa necessariamente uma piora repentina. A doença não se comporta como uma epidemia viral. Na verdade, é a prova de que a rede de atendimento, buscou mais ativamente os casos para fazer o diagnóstico mais precoce. Contudo, mostra que o volume de pessoas portadores da hanseníase ainda é significativo, sendo que muitos não sabem que possuem essa condição”, alerta Egon Daxbacher, diretor da SBD e especialista no assunto.

Segundo ele, esse aumento no número de novos casos detectados, entre 2016 e 2018, resulta de mudanças na estratégia de prevenção e combate à doença. Dados do Ministério da Saúde apontam, por exemplo, que houve aumento no total de casos detectados a partir de ações como campanhas, exames feitos em pessoas que mantém contato (direto ou periférico) com pacientes e exames de coletividade.

O percentual de contactantes examinados passou de 60,9%, em 2000, para 81,4%, em 2018. “Mudou o modo de detecção, que deixou de ser apenas por demanda espontânea ou por encaminhamentos”, lembrou Daxbacher. Além disso, continuou ele, o tamanho da rede assistencial na atenção básica, onde a grande maioria dos pacientes recebe acompanhamento, quase triplicou. Há 18 anos, eram 3.327 serviços que atuavam nesse sentido. Atualmente, são 9.051.

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Carregada de estigmas, a hanseníase apresenta uma taxa de mortalidade relativamente baixa, em comparação com o número de casos diagnosticados no período. Entre 2008 e 2017, em todo o Brasil foram registrados 1.801 óbitos decorrentes dessa doença. O maior volume de mortes aparece no Maranhão (269), Bahia (136), Ceará (135), Rio de Janeiro (134) e Pará (126). 

Por sua vez, o tratamento da doença, o qual é eminentemente ambulatorial, tem gerado inúmeros pedidos de internação para o acompanhamento de pacientes com maiores complicações, com necessidade de cuidados mais especializados e até mesmo cirúrgicos para tratar as sequelas deixadas.

Internação – Nas duas décadas analisadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) processou 38.745 pedidos de internação para pacientes por conta da hanseníase, com o custo total estimado em R$ 27,6 milhões (valores não atualizados). Ao longo do período, esses procedimentos foram mais adotados no Paraná (4.514 casos), Pernambuco (4.341), Santa Catarina (3.246), Goiás (2.811) e São Paulo (2.682 pedidos). 

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Se na Idade Média as pessoas com hanseníase eram obrigadas a anunciar sua presença carregando um sino, o preconceito se arrastou pelos séculos. No Brasil, há algumas décadas o isolamento compulsório era adotado, separando famílias e amigos. No entanto, até hoje muitos ignoram que essa doença tem tratamento eficaz, disponível na rede pública. 

O Grau de Incapacidade Física (GIF) nos casos diagnosticados, como de Grau 2, fica em 10,2 ocorrências por milhão de habitantes. Nos pacientes com atestação de cura, 68% foram avaliados quanto a incapacidade. Conforme explicou Sandra Durães, durante a evolução da doença, o acometimento do nervo periférico faz com que o paciente apresente alterações motoras e sensoriais. “Com o tempo, se lesiona e desenvolve infecção na pele que pode se transmitir ao osso. Também corre o risco de perder tecidos, como ocorria no passado. Atualmente, isso é muito raro, porque o tratamento é eficaz”.

Conforme explicou Egon Daxbacher, o diagnóstico precoce é muito importante e crucial para o controle da doença. “Se o paciente conta com atendimento médico e dos outros profissionais da equipe de saúde e toma seus remédios vai ficar bem. Mas se não houver acompanhamento e adesão ao tratamento, a hanseníase evolui, com possibilidade de aumentar o dano neural. As manchas reduzirão e o doente deixará de ser um agente de transmissão, mas as perdas motoras não serão recuperadas. Em decorrência, essa pessoa exigirá acompanhamento multiprofissional e de médicos de diferentes especialidades para não se lesionar e reduzir o risco de ficar incapacitada”, disse.


6 de fevereiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

Com quase 10 mil dermatologistas em atividade, cuidando da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas em todo o Brasil, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou, nesta quarta-feira (5/2), um minidocumentário que destaca a formação profissional e ética desses especialistas comprometidos com a qualidade do atendimento em diferentes frentes da dermatologia como a clínica, a cirurgia e a cosmiatria.

O vídeo faz parte das comemorações pelo Dia do Dermatologista (5 de fevereiro). O presidente da SBD, Sérgio Palma, destacou que a homenagem reforça a boa formação em dermatologia, em que o uso da tecnologia não implica em “esquecer o lado humano” da relação médico-paciente. “A gente precisa desse olhar, dessa atenção ao ser humano. Então, é esse dermatologista do futuro que eu desejo”, ressaltou. 

Atualmente, há cerca de três mil doenças dermatológicas catalogadas e uma demanda crescente por cuidados cosmiátricos. Como reafirmou o presidente da SBD no vídeo, “cabe ao dermatologista cuidar para que essas patologias não evoluam de uma forma mais agressiva, assim como minimizar, aliviar o sofrimento dos pacientes e, claro, buscar sempre o avanço tecnológico de ponta. Isso tanto no serviço público quanto no serviço privado”.

Os outros especialistas que participaram do vídeo, de forma geral, destacaram em suas participações a necessidade de que os dermatologistas passem por uma formação ampla, o que inclui uma carga horária com foco na prática. Atualmente, a SBD mantém 89 Programas de Residência Médica credenciados em 24 estados. No total, são 826 residentes em formação. Todos são obrigados a seguir os parâmetros de excelência da SBD e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

A partir deste ano, com as mudanças na matriz curricular da residência em dermatologia, esses programas vão oferecer 8.640 horas de treinamento prático e teórico. “Não é em um curso de fim de semana que alguém se transforma em bom dermatologista”, destacou em sua entrevista a editora da Surgical & Cosmetic Dermatology, Bogdana Victoria Kadunc. 

No vídeo, além da importância da boa formação, os entrevistados abordam aspectos éticos que devem ser observados na relação com os pacientes, com os outros médicos e com os profissionais da saúde em geral. 

“A SBD é uma das maiores instituições médicas do mundo relacionadas à pele e a gente tem certeza de que está indo em bom caminho nessa entrega de qualidade de um bom profissional à população”, finalizou Palma no vídeo dirigido aos colegas de profissão.
 

 


6 de fevereiro de 2020 0

Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontou que em 20 anos a hanseníase atingiu 768 mil brasileiros e quase 156 mil pessoas são da Região Norte. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de seis mil novos casos foram registrados em 2018 na referida região, sendo 2.574 no Pará; 1.713 no Tocantins; 741 em Rondônia; 425 no Amazonas; 133 no Acre; 109 no Amapá e 107 em Roraima. 

A hanseníase só é transmitida quando não é identificada; a partir do diagnóstico e do início do tratamento não há mais risco de trasmissão.

Clique na imagem para assistir a íntegra da reportagem veiculada no Bom Dia Amazônia.


6 de fevereiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

Até o dia 19 de fevereiro é possível enviar contribuições para o aperfeiçoamento da Resolução n. 2.227/2018, que disciplina a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologias no país. As contribuições podem ser feitas em formulário Consulta Telemedicina disponível no site do CFM.

Todas as propostas e comentários enviados serão analisados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), por intermédio de grupo de trabalho criado especificamente para acompanhar o processo. O relatório subsidiará a produção de um novo documento normativo.

 


5 de fevereiro de 2020 0

Com quase 10 mil dermatologistas em atividade, cuidando da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas em todo o Brasil, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou, nesta quarta-feira (5/2), um minidocumentário que destaca a formação profissional e ética desses especialistas comprometidos com a qualidade do atendimento em diferentes frentes da dermatologia como a clínica, a cirurgia e a cosmiatria.

O vídeo faz parte das comemorações pelo Dia do Dermatologista (5 de fevereiro). O presidente da SBD, Sérgio Palma, destacou que a homenagem reforça a boa formação em dermatologia, em que o uso da tecnologia não implica em “esquecer o lado humano” da relação médico-paciente. “A gente precisa desse olhar, dessa atenção ao ser humano. Então, é esse dermatologista do futuro que eu desejo”, ressaltou. 

Atualmente, há cerca de três mil doenças dermatológicas catalogadas e uma demanda crescente por cuidados cosmiátricos. Como reafirmou o presidente da SBD no vídeo, “cabe ao dermatologista cuidar para que essas patologias não evoluam de uma forma mais agressiva, assim como minimizar, aliviar o sofrimento dos pacientes e, claro, buscar sempre o avanço tecnológico de ponta. Isso tanto no serviço público quanto no serviço privado”.

Os outros especialistas que participaram do vídeo, de forma geral, destacaram em suas participações a necessidade de que os dermatologistas passem por uma formação ampla, o que inclui uma carga horária com foco na prática. Atualmente, a SBD mantém 89 Programas de Residência Médica credenciados em 24 estados. No total, são 826 residentes em formação. Todos são obrigados a seguir os parâmetros de excelência da SBD e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).

A partir deste ano, com as mudanças na matriz curricular da residência em dermatologia, esses programas vão oferecer 8.640 horas de treinamento prático e teórico. “Não é em um curso de fim de semana que alguém se transforma em bom dermatologista”, destacou em sua entrevista a editora da Surgical & Cosmetic Dermatology, Bogdana Victoria Kadunc. 

No vídeo, além da importância da boa formação, os entrevistados abordam aspectos éticos que devem ser observados na relação com os pacientes, com os outros médicos e com os profissionais da saúde em geral. 

“A SBD é uma das maiores instituições médicas do mundo relacionadas à pele e a gente tem certeza de que está indo em bom caminho nessa entrega de qualidade de um bom profissional à população”, finalizou Palma no vídeo dirigido aos colegas de profissão.
 

 


3 de fevereiro de 2020 0

Com a confirmação de milhares de casos de contaminação pelo novo coronavírus em diferentes países, o Brasil se prepara para enfrentar essa epidemia que preocupa as autoridades sanitárias ao redor do mundo. Até o momento, em território nacional, só existem alguns pacientes com suspeita de terem contraído a doença. Para ajudar nesse esforço de prevenção, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta seus associados para ficarem atentos a pacientes que manifestem sinais e sintomas de contaminação pelo coranavírus. Essas pessoas devem ser orientadas a procurarem os serviços de saúde o mais rapidamente possível. 

“Esse é um grave problema de saúde pública. A prevenção e o combate a essa doença devem envolver a todos os profissionais da saúde. Os dermatologistas precisam fazer sua parte e orientar aqueles que recebem em seus consultórios sobre as medidas que evitam complicações”, alerta o presidente da SBD, Sergio Palma. 

Sobre o coronavírus, o Ministério da Saúde criou uma página na internet que traz dados sobre sua origem e características. De acordo com o presidente da SBD, a informação é a principal arma para impedir que a doença se alastre e faça vítimas. 

Acesse a página do Ministério da Saúde sobre o coronavírus 

Segundo informe da Sociedade Brasileira de Infectologia, o coronavírus é conhecido desde a década de 1960, sendo parte de uma grande família de microrganismos que causam de resfriados  a síndromes respiratórias mais graves.  A entidade salienta que uma pessoa contaminada pode apresentar sintomas variados, desde infecções em vias aéreas superiores parecidas com um resfriado comum a casos de pneumonia ou insuficiências respiratórias agudas. 

“O cenário no momento é de alerta máximo para identificação precoce de casos suspeitos e instituição de medidas de precaução, uma vez identificados. Até o momento, não há casos confirmados no país. Devemos como médicos nos manter atualizados, já que as informações tem sido processadas de forma muita rápida. Nosso papel com relação a promoção à saúde é também o de esclarecer a sociedade e não deixar que o pânico se instale”, disse o infectologista Paulo Sérgio Ramos de Araújo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador da Fiocruz. 

Dentre os cuidados necessários para se reduzir o risco de infecção por coronavírus estão: 

•      Evitar viagens à China como forma de prevenir contaminações;
•    Evitar contato próximo com pessoas doentes e que tenham infecção respiratória aguda;
•    Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos;
•    Se não houver água e sabão, usar um antisséptico para as mãos à base de álcool em gel, principalmente, após contato direto com pessoas doentes e antes de se alimentar;
•    Usar lenços descartáveis para higiene nasal (evitar lencinhos de pano);
•  Cobrir nariz e boca sempre que for espirrar ou tossir com um lenço de papel e descartar no lixo;
•    Higienizar as mãos sempre depois que tossir ou espirrar;
•    Evitar tocar em olhos, nariz e boca com as mãos não higienizadas;
•    Manter ambientes muito bem ventilados;
•    Não compartilhar objetos de uso pessoal como copos, garrafas e talheres;
•    Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência;
•    Evitar contato com animais selvagens ou doentes.

“Tão importante quanto ter acesso à informação correta e repassá-la aos colegas, amigos, pacientes e familiares, é evitar a disseminação de notícias falsas sobre este assunto. As fakenews podem ter um impacto desastroso no trabalho de prevenção e de tratamento. Por isso, tenhamos atenção redobrada com as mensagens que compartilhamos em nossas redes sociais e grupos de conversação”, enfatiza Sérgio Palma.


3 de fevereiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

De 19 a 23 de fevereiro, Londres sediou o primeiro Congresso Global sobre Epidermólise Bolhosa (EB World Congress 2020). O médico dermatologista Samuel Mandelbaum esteve presente no encontro representando o Dermacamp, o Serviço de Dermatologia da Universidade de Taubaté e o Serviço da Santa Casa de São José dos Campos. Durante cinco dias, 730 pesquisadores e cientistas de 55 países discutiram minuciosamente os aspectos dessa complexa e rara genodermatose, que hoje engloba 34 subtipos. O evento foi promovido pela Debra International.

“Muitas pesquisas estão em fase 3, e em dois anos os primeiros tratamentos efetivos para uma das doenças mais complexas da medicina devem estar disponíveis. Terapias genéticas, colágeno recombinante, imunobiológicos para o câncer metastático, losartana oral e tratamentos tópicos com derivados vegetais estão entre as novas possibilidades terapêuticas para uma doença que até poucos anos só contava com cuidados locais”, detalha Mandelbaum.

Troca de experiências
Ao longo do encontro, o médico fez uma visita ao RDC Rare Diseases Centre do Guy’s & St. Thomas Hospital, que possui um setor especialmente adaptado para acolher e atender pacientes com epidermólise bolhosa e suas famílias. São 480 pessoas com epidermólise bolhosa no Reino Unido atendidas por equipe multiprofissional e multidisciplinar em ambientes acessíveis, climatizados e protegidos. “Os enfermeiros especialistas em dermatologia representam papel fundamental no atendimento à EB no Centro de Doenças Raras. Nossa visita foi muito proveitosa para incrementar a troca de conhecimentos e trazer a experiência inglesa para os nossos pacientes com EB no Brasil”, disse Samuel Mandelbaum. Psicólogos, fisioterapeutas, médicos oftalmologistas e oncologistas trabalham sob a direção da médica dermatologista e professora de Dermatologia no St. Thomas Hospital, Jemima Mellerio. A Dermatologia do St. Thomas faz parte do King’s College of London e é chefiada pelo Prof. John McGrath.

Na primeira foto estão os médicos Samuel Mandelbaum e a Kattya Mayre-Chilton, coordenadora dos Grupos de Trabalho da DEBRA sobre os CPG Clinical Practice Guidelines, Na outra, estão a chefe do RDC (à direita), Profa. Jemima Mellerio, ao lado dos enfermeiros especialistas em dermatologia do Centro de Doenças Raras.


3 de fevereiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

Exemplos de mães que se inspiram em seus filhos para realizar projetos diversos não faltam. Mas quando o que impulsiona esse projeto é um problema de saúde, a história toma contornos diferentes. Esse é o caso de Tatiane Santos de Oliveira, mãe de Maria Luiza, que recebeu o diagnóstico de vitiligo aos três anos – hoje ela tem oito. Autora de A menina feita de nuvens, que narra o cotidiano de uma menina que tem manchinhas nos olhos – chamadas de nuvens – e poderes especiais, Tatiane escreveu o livro para ajudar a filha e outras crianças que passam pela doença a se sentir representadas com sensibilidade, poesia e alegria. “Quando tivemos o diagnóstico, procurei um livro voltado para o público infantil que falasse sobre o vitiligo e a perda de pigmentação em várias partes do corpo de forma lúdica, mas não encontrei. Então, como sou designer e trabalho com livros, resolvi fazer um conto para a minha filha se sentir representada. Fiz as ilustrações, o texto e montei tudo. Inicialmente, a ideia era imprimir em uma gráfica rápida só para ela, mas, conforme eu mostrava o arquivo para meus amigos, o retorno era tão positivo, que resolvi tentar publicar”. Lançado pela editora Estrela Cultural, a publicação tem ajudado outras famílias a reescrever a história dessas crianças “com nuvens”, fazendo-as se olharem com mais carinho e empatia para com sua condição.

A seguir, Tatiane nos relata o processo de descoberta do vitiligo, de como foi contar para a filha sobre sua nova realidade e como o atendimento diferenciado por parte do médico que atendeu a menina fez toda a diferença na forma como a família lidou com o tratamento. Quem quiser conhecer o Instagram dela, o perfil é o: @ameninafeitadenuvens

SBD: Quando começaram a aparecer as primeiras manchas, você já procurou um médico ou achou que pudesse ser outra coisa? E como foi esse primeiro contato com o especialista?
Tatiane: As primeiras manchinhas apareceram quando ela tinha três anos. No começo achava que eram marquinhas de machucado, mas quando percebi que estavam aumentando procurei um dermatologista. Não senti confiança logo de cara, especialmente quando deu sua opinião parecendo estar com pena de minha filha. Então, resolvi pesquisar outros médicos até que encontrei o que a acompanhou durante todo o processo.

SBD: Como foi descobrir que sua filha tinha vitiligo aos três anos? O que sentiu ao ouvir o diagnóstico?
Tatiane: Eu fiquei muito assustada, não sabia muito a respeito, e fiz algumas pesquisas que só assustavam ainda mais. As frases "não tem cura", "pode causar depressão", “pode causar problemas com autoestima" e mais um monte de informações ficaram assombrando minha cabeça. Até que cheguei a um especialista da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, o Dr. Paulo Luzio Marques, que foi quem acalmou meu coração, e iniciamos um tratamento.

SBD: Durante todo o processo até chegar ao diagnóstico final, quais foram os momentos mais angustiantes e por quê?
Tatiane: Foram os comentários das pessoas do nosso convívio e ao nosso redor. Muitos falavam do vitiligo como se fosse uma doença terminal, algo muito negativo. Era assim toda vez que eu contava sobre as manchinhas da Maria Luiza. E isso começou a nos incomodar. As reações eram exageradas, como se fosse o fim do mundo, mas eu sabia que não era. E novamente o médico que a atendia teve papel fundamental em nos acalmar e explicar que não era verdade o que ouvíamos a todo instante.

SBD: E como foi explicar esse diagnóstico para sua filha, já que era tão novinha? Ela compreendeu?
Tatiane: Eu expliquei que ela tinha uma doença de pele, que tinha um desenho especial. Como ela era muito novinha, tentei fazer tudo mais leve e lúdico para ela entender o motivo de passar as pomadinhas. E fizemos uma espécie de "tratamento alternativo", que consistia em elogiar sempre cada manchinha, procurar formatos divertidos, contornar com canetinha e ficou tudo mais divertido e leve. E assim ela se sentia especial. O médico dela também não escondia nada dela e explicava cada questionamento que ela fazia, sempre de forma firme, mas gentil.

SBD: Hoje ela já é maior e tem mais compreensão sobre o vitiligo? Ela encara bem ou questiona?
Tatiane: Hoje ela tem oito anos e pediu para parar o tratamento, mesmo com ele surtindo efeito. Ela não quer mais, não quer perder suas nuvenzinhas. Acho que isso diz muito sobre sua autoestima e a imagem empoderada que tem de si. E além de conversarmos em casa sobre o assunto, sempre de forma natural e sem vitimismos, a relação que ela criou com o médico dela também gerou essa confiança em si mesma.

SBD: Como foi o acompanhamento médico nesse período?
Tatiane: Com quase dois anos de tratamento, apareceram resultados positivos. Algumas áreas conseguimos pigmentar. Mas, mesmo com todo o carinho e a atenção do médico, ela resolveu interromper o tratamento. Se será algo momentâneo ou não eu não sei, mas acho que essa vontade diz muito sobre a aceitação dela em relação ao vitiligo.

SBD: Crianças, por vezes, são cruéis. Como sua filha reage a possíveis bullyings? Ela enfrenta bem o problema?
Tatiane: Por causa do nosso livro, eu fiz um escudo de proteção a nossa volta, e ela é vista com admiração. Na escola, foi trabalhado o livro com os coleguinhas. Com a família e os amigos, todos sabem da condição dela. Para se ter uma ideia de como avançamos com o livro, alguns amiguinhos até querem ter vitiligo e brincam que as marquinhas de machucado são as manchinhas da pele. Mas é importante lembrar que, quando a informação não chega até os locais que ela frequenta, recebe muitos olhares curiosos. Porém, parte dela mesma dizer que é feita de nuvens.

SBD: Na sua visão, qual é a importância do atendimento humanizado, e como ele pode mudar a percepção do paciente sobre a doença ou problema que esteja enfrentando. Você recebeu esse atendimento acolhedor durante esse processo com sua filha?
Tatiane: Eu acho fundamental que médicos saibam que a maneira que vão passar o diagnóstico faz toda a diferença para o paciente. Alguns passam a informação como se fosse uma sentença de morte, como se fosse acabar a vida da pessoa. O acolhimento é o melhor caminho e é preciso enfatizar como é fundamental falar com cuidado e carinho. Quem escuta, no caso o paciente, está cheio de dúvidas e medo. E o médico precisa entender isso. Antes de iniciar o tratamento, o médico conversou bastante com minha filha, explicou delicadamente o que ela tinha e tirou muitas dúvidas sobre a doença, sempre com bastante humanidade. Acho que é esta, aliás, a melhor palavra para definir como foi esse atendimento: humanizado.
 

SBD: Se pudesse compartilhar com a sociedade médica suas impressões ao longo desse caminho, do tratamento de sua filha, o que diria?
Tatiane: Eu diria aos médicos que o conhecimento que detêm é tão fundamental como a maneira que passarão isso para as famílias. Quando somos pegos de surpresa por algo que aparentemente não está bem na saúde de um familiar, especialmente quando falamos dos nossos filhos, precisamos, literalmente, daquele ombro amigo que vai entender que tudo é muito novo e que essa nova condição precisa ser compreendida pelas pessoas da família. Além disso, seria importante algum tipo de solicitação das sociedades médicas ao Ministério da Saúde para que mais informações sobre a doença fossem veiculadas nos meios de comunicação, nas escolas, em todos os lugares. Percebo que o motivo de bullyings, muitas vezes, é a falta de informação das pessoas e, por isso também, acho que deveria haver um calendário oficial na saúde para falar sobre vitiligo, como acontece em algumas cidades, como Piracicaba e Bragança Paulista, que têm campanhas específicas sobre a doença para toda a população. A SBD faz campanhas de conscientização anuais em junho. Mas é preciso, ainda, explicar claramente que o vitiligo não é contagioso, pois há muito preconceito não apenas com a aparência de quem tem, mas também pelo fato de muitos acreditarem que podem “pegar”.

 





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