Brasil registra mais 2 vítimas da talidomida



Brasil registra mais 2 vítimas da talidomida

24 de março de 2011

Mais duas crianças nasceram com deformidades físicas por causa do uso incorreto da talidomida – ambas no Maranhão. Com esses casos, sobe para sete o número de vítimas no País desde 1997.

Os casos vieram à tona ao mesmo tempo em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou resolução que torna a prescrição, a dispensação e o descarte da talidomida mais rigorosos.

O registro mais recente é o de uma menina que nasceu sem braços e com as pernas encurtadas em dezembro do ano passado, em uma cidadezinha chamada Cajari. A menina é a sexta filha de uma dona de casa de 27 anos, que descobriu ter hanseníase em 2007 e fazia o uso do remédio para tratamento das dores provocadas pela doença.

Segundo relatório que o Estado teve acesso, a mãe da menina não aderia ao tratamento corretamente e fazia o uso indiscriminado do medicamento. Além disso, tentou por várias vezes pegar a medicação no posto de saúde sem apresentar receita, mas não conseguiu. No prontuário dela consta que duas médicas negaram a prescrição da talidomida porque a moça ainda podia ter filhos e não tinha feito a operação de ligação das trompas.

A medicação não saiu do posto de saúde, mas foi obtida diretamente na prefeitura da cidade pelo pai da menina, sem apresentação de receita médica. Até então, aparentemente, a mulher não sabia que estava grávida.

O pai da criança, Walteir Pinheiro Santos, diz que não foi orientado por ninguém sobre os riscos do uso da talidomida na gravidez. Mas, no relatório, consta que a mulher assinou um documento que a informava dos riscos. ‘Minha mulher tomava porque tinha dores horríveis e só esse remédio passava’, diz.

De acordo com ele, só no terceiro mês de gravidez é que eles souberam que a criança poderia nascer sem braços e sem pernas. ‘Paramos o uso do remédio. Paguei um ultrassom e foi aí que vimos que a menina tinha cabeça e corpo, mas não tinha braços e só um tinha um toquinho das pernas. Foi muito triste.’

O casal, que é evangélico, cogitou um aborto, mas desistiu da ideia após conversar com o pastor.

Doze anos depois. O outro caso é o de um menino de 12 anos, que nasceu sem os dois braços e com as pernas deformadas. Ele foi diagnosticado por acaso quando a equipe da geneticista Lavínia Faccini, do Instituto Nacional de Genética Médica Populacional, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fazia os exames na criança recém-nascida de Cajari.





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