Sintomas da micose fungoide confudem e criam grandes riscos para acometidos



Sintomas da micose fungoide confudem e criam grandes riscos para acometidos

27 de abril de 2011

Espécie rara de câncer, que começa na pele e pode avançar para a corrente sanguínea, a micose fungoide surge com placas avermelhadas e coceira incessante

As lesões avermelhadas na pele da dona de casa Maria Luísa*, 81 anos, surgiram de repente. Aos poucos, as placas, que inicialmente acometiam somente os braços, foram comprometendo as pernas, a região dorsal e a barriga. A vermelhidão surgiu acompanhada de coceira e frustração. Durante dois anos, ela se dedicou a tratamentos que não trouxeram qualquer resultado ou alento. Maria Luísa perdeu as contas de a quantos dermatologistas recorreu até receber o diagnóstico da micose fungoide, um tipo de câncer que tem origem nos linfócitos T maduros e que afeta, inicialmente, a pele. Até que uma biópsia confirmasse a doença, o problema foi tratado em sequência como alergia e como outras patologias da derme. “Minha mãe perdeu muito tempo tomando antialérgicos e passando medicamentos tópicos nas lesões. As manchas vermelhas nunca regrediram nessa época. Acho que um diagnóstico mais rápido poderia tê-la poupado das coceiras que lhe tiraram o sono e dos danos estéticos”, lamenta Pedro*, filho da dona de casa.

A dermatologista Maria Fernanda Gavarzzoni, coordenadora do departamento de micologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que a micose fungoide é uma doença rara, que nem sempre é reconhecida pelos médicos. Além disso, quando a patologia está em fase inicial, a chance de a biópsia não apontar a presença das células cancerígenas na amostra colhida são elevadas. “Felizmente, embora seja um tipo de linfoma, a micose fungoide tem comportamento indolente, a evolução é lenta e o prognóstico é muito bom”, afirma a médica. De acordo com ela, a doença costuma atingir mais a população idosa, mas crianças e jovens também podem ser vítimas.

Pequenas placas avermelhadas e coceira são os sintomas mais comuns. No entanto, as manchas podem apresentar coloração esbranquiçada e ser acompanhadas por descamação. O prurido varia de intensidade no estágio inicial. Antes de as lesões espalharem-se pelo corpo e emendarem-se umas nas outras, o problema pode ser negligenciado pelo próprio paciente. “Muitos passam anos fazendo simpatias e se automedicando com pomadas indicadas por leigos, fato que posterga o tratamento adequado e pode promover o avanço da doença”, alerta Maria Fernanda.

O dermatologista Gilvan Alves, presidente da regional DF da SBD, observa que a micose fungoide não tem relação alguma com o excesso de exposição solar ou com fungos, como a designação sugere. “O nome pode até induzir a esse pensamento, mas, na verdade, ele vem do simples fato de que na fase evoluída da doença as placas ganham um aspecto de fungos de casca de madeira”, esclarece o especialista.

O médico acrescenta que a ciência ainda não descobriu o que desencadeia a micose fungoide. A medicina sabe, porém, que se não tratada, a mazela pode evoluir e afetar a corrente sangu&iacut…





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