Primeiro episódio do Conexão SBD aborda aspectos dermatológicos e especificidades da saúde da população LGBT



Primeiro episódio do Conexão SBD aborda aspectos dermatológicos e especificidades da saúde da população LGBT

4 de março de 2021
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“Dermatologia e Saúde LGBT” é o tema de estreia do Conexão SBD, iniciativa da gestão 2021-2022. As principais infecções sexualmente transmissíveis (IST) na população LGBT, aspectos dermatológicos no paciente transgênero e procedimentos cosmiátricos nesses pacientes foram alguns assuntos abordados por Felipe Aguinaga, chefe do ambulatório de Dermatologia e Diversidade de Gênero, do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay (RJ), e Márcio Senra, membro da Câmara Técnica de DST e Aids do Cremerj e professor colaborador do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Gaffrée Guinle (RJ) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Ambos integram o Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids da SBD.

Em sua fala inicial, Aguinaga ressaltou a necessidade de se levar em conta formas de promoção de cuidado mais acolhedoras para pacientes que fazem parte de minorias sexuais ou de gênero. Ele esclareceu conceitos e definições do campo de gênero e sexualidade, bem como terminologias específicas utilizadas na literatura científica, como intersexo, identidade de gênero, nome social e orientação social. Também ressaltou que na literatura científica é utilizado o conceito de comportamento sexual em vez de orientação sexual "já que nos interessa mais a prática sexual em si como fator de risco", explica.

Como identidade de gênero e a orientação sexual são informações autodeclaradas, durante o atendimento é importante o médico evitar fazer suposições. Enquanto identidade de gênero se refere a como o indivíduo se identifica (masculino e/ou feminino), a orientação sexual está ligada a como o indivíduo se relaciona sexual e afetivamente.

“Na dúvida, quando for relevante, pergunte como a pessoa se identifica e quais são as práticas sexuais de cada paciente”.

Determinantes sociais de saúde – Em 2011, o Ministério da Saúde reconheceu identidade de gênero e orientação sexual como determinantes sociais de saúde. Por meio da Política Nacional de Saúde Integrada População LGBT, propõe diferentes ações de eliminação das iniquidades e desigualdades dessa população e de acolhimento das necessidades de saúde.

“Pessoas que fazem parte de minorias sexuais são mais vulneráveis ao HIV e às infecções sexualmente transmissíveis, pois têm práticas sexuais e hábitos específicos. Se nós, como médicos, desconhecermos essas necessidades, podemos deixar de fazer alguns diagnósticos”, informa.

A dermatologia cosmiátrica para pacientes LGBT e em transição, infecções dermatológicas em homossexuais masculinos, doenças infecciosas ligadas ao HIV e infecções sexualmente transmissíveis, especialmente a sífilis, epidemia que tem avançado atualmente no Brasil, foram abordadas pelo médico dermatologista Márcio Senra.

Em sua apresentação, citou que as ISTs são cofatores para a transmissão do HIV “podendo favorecer em mais de três vezes o risco de aquisição do HIV, e muitas vezes o médico acaba não conversando com o paciente sobre isso. Cabe a nós, médicos, saber como promover práticas de educação sobre o assunto”, afirma.

Preenchedores ilegais – Por discriminação social ou questões financeiras, a população transexual tende a ter maior dificuldade aos tratamentos médicos cosmiátricos tanto no sistema público quanto no privado, recorrendo, com maior frequência, aos leigos.

“Em função disso precisamos ter maior envolvimento para evitar que essas pessoas continuem fazendo uso desses tipos de substâncias. Não temos estatísticas nacionais, mas estima-se que de 20 a 50% dos casos de complicações nos Estados Unidos são decorrentes de materiais ilegais usados por mulheres trans e travestis. Muitas vezes, elas fazem os procedimentos entre elas mesmas, podendo provocar danos graves à saúde”, informa Márcio Senra.

Durante o encontro, os médicos responderam a uma série de perguntas, como prescrições de medicamentos controlados como a isotretinoina em pessoas trans; utilização do nome no registro civil para realização de exames; processo transexualizador; abordagem da acne no homem trans; o uso do PrEP em paralelo com a isotretinoina e outras.

O Conexão SBD traz diversas lives sobre temas de interesse da especialidade, que serão realizadas sempre na primeira e na terceira terças-feiras de cada mês, às 20h. A primeira edição foi mediada pela secretária-geral da SBD, Cláudia Carvalho Alcantara Gomes, e Beni Grinblat, 2º secretário.

Para assistir ou rever o conteúdo disponível na área restrita do associado, clique aqui.

 

 





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