Mutirão contra hanseníase em Belém integrou campanha global do Dia Mundial da Saúde da Pele



Mutirão contra hanseníase em Belém integrou campanha global do Dia Mundial da Saúde da Pele

21 de julho de 2025
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Belém (PA) foi escolhida para sediar uma das dez ações assistenciais promovidas no mundo como parte da campanha internacional do Dia Mundial da Saúde da Pele, celebrada globalmente em 8 de julho. A iniciativa, liderada pela ILDS (International League of Dermatological Societies) e pela ISD (International Society of Dermatology), foi realizada no Brasil em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que selecionou a capital paraense para um projeto de atenção voltado ao diagnóstico precoce da hanseníase.

A ação ocorreu no dia 18 de julho, das 8h às 13h, no Centro de Referência Especializado em Dermatologia da Universidade do Estado do Pará (CCBS – UEPA). O mutirão de atendimento dermatológico com foco em hanseníase foi gratuito e destinado à população de Belém com manchas na pele, especialmente brancas ou avermelhadas — um dos principais sinais da doença.

O atendimento foi feito por livre demanda, sem necessidade de agendamento prévio. Os interessados compareceram ao local com documento de identidade, cartão do SUS e comprovante de residência.

“Essa foi uma oportunidade de levarmos cuidado e informação para a população, com um olhar especial para a hanseníase, que segue sendo um desafio de saúde pública no Brasil. Nosso objetivo foi atuar no diagnóstico precoce, ampliando o acesso e reduzindo o risco de incapacidades. A hanseníase ainda afeta de forma desproporcional populações vulneráveis, historicamente marcadas por pobreza, baixa escolaridade e acesso limitado à saúde. Em 2023, mais de 70% dos casos novos ocorreram em pessoas pretas ou pardas. Precisamos romper esse ciclo com ações concretas, como esse mutirão em Belém, que levou o cuidado para onde ele é mais necessário”, destacou a médica dermatologista Dra. Regina Carneiro, Secretária-geral da SBD.

Segundo o Boletim Epidemiológico de Hanseníase 2025, do Ministério da Saúde, o Brasil notificou 22.773 casos novos da doença em 2023, com aumento de 16% em relação ao ano anterior. O Pará, em particular, apresentou uma das menores proporções do país de detecção de casos por exame de contatos (3,9%), o que reforça a importância de iniciativas como esse mutirão para ampliar o acesso ao diagnóstico ativo na região.

O estado também registrou 1.329 casos de hanseníase em 2022 — o maior número da Região Norte — dos quais 67 foram em crianças menores de 15 anos, evidenciando a transmissão contínua da doença na região.

Durante o mutirão, os pacientes foram avaliados por uma equipe de dermatologistas e, nos casos com suspeita de hanseníase, foi realizado teste rápido no local. Quem teve o diagnóstico confirmado, já saiu com a primeira dose da medicação e encaminhamento para continuidade do tratamento via rede pública de saúde. Todos os casos foram notificados às autoridades sanitárias.

“Ações como essa reforçam o compromisso da dermatologia brasileira com a saúde pública e com a redução das desigualdades de acesso. Segundo pesquisa da SBD em parceria com a L’Oréal divisão dermatológica e o Datafolha, mais de 90 milhões de brasileiros nunca passaram por um dermatologista. Precisamos mudar esse cenário, e o mutirão foi uma forma concreta de começar essa transformação”, reforçou o Dr. Carlos Barcaui, presidente da SBD.

Essa iniciativa esteve em sintonia com o cenário global: em maio de 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a reconhecer oficialmente as doenças de pele como prioridade global de saúde pública. A ação contou com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde Pública do Pará (SESPA), da Secretaria Municipal de Saúde (SESMA) e da Universidade do Estado do Pará (UEPA).


Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Entre os principais sinais estão manchas na pele com alteração de sensibilidade ao calor, dor e tato, além de formigamento, dormência e fraqueza nos membros. A transmissão ocorre por meio do contato próximo e prolongado com pessoas não tratadas, geralmente pelas vias respiratórias.

Apesar de ser uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase ainda representa um desafio de saúde pública no Brasil — segundo país com maior número de casos no mundo. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar sequelas físicas e interromper a cadeia de transmissão. O tratamento é gratuito, oferecido pelo SUS e pode ser feito em casa. Quanto antes for iniciado, maiores são as chances de cura e menor o risco de incapacidades.


Reconhecimento internacional ao combate às dermatoses negligenciadas

A ILDS (International League of Dermatological Societies) premia anualmente projetos e especialistas em dermatologia. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) teve, nos últimos anos, profissionais indicados e premiados por iniciativas que se destacam no enfrentamento às dermatoses negligenciadas, como a hanseníase.

Em 2025, o Dr. Egon Luiz Rodrigues Daxbacher venceu o prêmio DermLink na área de doenças tropicais, em reconhecimento ao seu trabalho em treinamento e detecção ativa da hanseníase.

Em 2024, os indicados brasileiros também foram destaque. O Dr. Ciro Gomes recebeu o prêmio DermLink Grants 2024 pelo projeto “Uma só saúde para as populações indígenas do Brasil”, que oferece cuidados dermatológicos às populações Yanomami, focando na prevenção e tratamento de dermatoses negligenciadas.

O Dr. Carlos Chirano foi premiado na categoria Trabalho Humanitário pelo projeto “Dermato Saúde Amazonas”, que leva atendimento e cirurgias dermatológicas a comunidades ribeirinhas em áreas remotas da Amazônia, com atenção especial à hanseníase.

A Dra. Tânia Cestari recebeu o Certificado de Reconhecimento como Liderança Internacional por suas contribuições à dermatologia, com destaque para pesquisas em fotomedicina, doenças pigmentares e condições imunodermatológicas. Sua carreira inclui mais de 100 publicações que impactam diretamente o avanço da dermatologia mundial.

Esses especialistas estão liderando iniciativas essenciais para ampliar o acesso ao cuidado dermatológico em regiões vulneráveis e contribuir para o controle de doenças negligenciadas, com impacto nacional e global.

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