Com a chegada do Dia Mundial do Vitiligo, celebrado em 25 de junho, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) ressalta que com informação, acolhimento e tratamento adequado, é possível resgatar a autoestima dos pacientes e combater o preconceito.
“É dever de todos abraçar os pacientes com vitiligo, para que se sintam incluídos, respeitados e acolhidos, mas isso só é possível com informação. Ainda há quem acredite, erroneamente, que o vitiligo é contagioso, o que alimenta o preconceito e o isolamento. Por isso, a SBD convida todos a acompanharem nossos canais oficiais, onde divulgamos conteúdos confiáveis sobre as doenças de pele. Educar a população é uma forma de combater o estigma e promover empatia. Afinal, a informação salva vidas e derruba barreiras. Nosso objetivo é contribuir para o resgate da autoestima de pessoas com doenças estigmatizadas como o vitiligo”, afirma o presidente da entidade, Dr. Carlos Barcaui.
Caracterizado pela perda de coloração da pele, o Vitiligo é uma doença autoimune e genética, que embora não cause prejuízos à saúde física nem seja contagioso, ainda carrega forte impacto emocional e social sobre quem convive com ela. Segundo Dra. Ivonise Follador, médica a dermatologista da SBD, a condição ocorre quando o próprio sistema imunológico ataca os melanócitos, células responsáveis por produzir melanina, o pigmento que dá cor à pele.
“É uma doença que tem base genética e um forte componente inflamatório. Mas além da predisposição genética, fatores emocionais e traumas físicos na pele também podem desencadear as lesões”, explica a médica.
Ela destaca que o emocional não deve ser visto apenas como uma possível causa, mas também como uma consequência. “O impacto emocional não se limita ao início da doença. O preconceito e as mudanças na aparência provocam sofrimento psicológico, o que pode agravar ainda mais o quadro”, afirma.
Na maioria dos casos, o vitiligo se manifesta por manchas brancas na pele, que geralmente não causam sintomas físicos. Em alguns pacientes, no entanto, pode haver coceira leve no início das lesões. O diagnóstico é feito com avaliação clínica, complementada pelo uso da lâmpada de Wood, que ajuda a destacar as áreas afetadas. Em situações específicas, pode ser necessário realizar uma biópsia da pele.
Controle e avanços
Embora o vitiligo ainda não tenha cura, há controle eficaz da doença. A principal terapia atualmente é a fototerapia com radiação ultravioleta B, que atua na raiz do problema. “Esse tratamento modula a resposta imunológica de diversas maneiras, aumentando o número de melonócitos, permitindo que as células que produzem pigmento retornem às lesões e repigmentem a pele”, detalha Dra. Ivonise.
Outras abordagens incluem medicações tópicas, orais e inibidores imunológicos, aplicadas de forma personalizada. “Os resultados são cada vez melhores. Existem casos com respostas profundas ao tratamento, principalmente quando a terapia é iniciada precocemente”, diz a dermatologista.
No entanto, cuidados específicos são necessários para evitar o agravamento das lesões. Ela alerta que traumas na pele são gatilhos comuns. Uma orientação eficaz, por exemplo, é não retirar as cutículas, apenas empurrá-las. A retirada pode causar microlesões que facilitam o aparecimento de novas manchas.
Outros procedimentos estéticos também exigem atenção. “Depilação a laser não é recomendada, pois pode destruir os folículos pilosos, que são importantes reservatórios de melanócitos. Da mesma forma, clareadores à base de hidroquinona e peelings agressivos, como o de fenol, devem ser evitados, pois danificam as camadas da pele e podem piorar o quadro”, completa a médica.
Esperança com novos tratamentos
Dra. Ivonise ressalta a importância de manter viva a esperança, já que, embora as terapias atuais estejam em constante aprimoramento, a medicina já vislumbra novas abordagens terapêuticas, com potencial para resultados ainda mais eficazes. “Já existem tratamentos inovadores em fase de aprovação, ainda não disponíveis pelo SUS nem liberados pela ANS, mas que devem trazer novas perspectivas para os pacientes em breve”, ressalta.
Para a especialista, é essencial reforçar que o vitiligo não é contagioso e que muitas pessoas conseguem viver com a doença controlada e com qualidade de vida. “O fato de não ter cura não significa que não tenha solução. Há casos excelentes de controle e melhora. O paciente não deve perder a esperança”, conclui.
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