Janeiro Roxo alerta para a importância do combate à hanseníase




22 de janeiro de 2021 0

A campanha Janeiro Roxo tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a prevenção à hanseníase. É iniciativa do Ministério da Saúde com o apoio de entidades como as Sociedades Brasileiras de Dermatologia e de Hansenologia. A hanseníase é uma doença crônica e transmissível, causada por uma bactéria que se multiplica lentamente, levando a sintomas que podem demorar até 20 anos para aparecer. Entre os efeitos mais comuns da doença estão deformidades nas mãos e nos pés e até perda de visão.

Acompanhe a reportagem de Pedro Pincer, da Rádio Senado.


21 de janeiro de 2021 0

Oficializada em 2016 pelo Ministério da Saúde, a Campanha Janeiro Roxo busca em mais um melhorar o controle da hanseníase e conscientizar a população sobre a gravida­de da doença, a importân­cia do diagnóstico precoce e do tratamento imediato. Por muito tempo, a enfer­midade causada pela bac­téria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen foi co­nhecida como lepra, cau­sando grande estigma e pre­conceito que até hoje  di­ficultam o tratamento e o combate de sua dissemi­nação. Segundo um estu­do divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermato­logia (SBD), os números da doença cresceram em todo país na última década, com destaque para o Pará, que passou a ocupar o terceiro lugar no ranking dos esta­dos com maiores registros.

De todos os novos casos registrados na popula­ção geral pelo Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, um ter­ço se concentra apenas no Pará, o que corresponde a 31.611 pacientes diagnosti­cados entre 2010 e 2019. Segundo o médico e as­sessor do Departamento de Hanseníase da SBD, Mauricio Lisboa, um dos motivos desse aumento nos números está relacionado às péssimas condições de habitação.

"O Pará é um es­tado historicamente endêmico para hanseníase, e vem registrando muitos ca­sos desde o século passa­do. Há outras áreas que historicamente também são endêmicas. Geralmente são aquelas que houve movi­mentos migratórios impor­tantes, como é o caso do Pará, desde o ciclo da borra­cha e mineração. Esses movimentos atraem um gran­de número de pessoas que são acomodadas de for­mas inadequadas, forman­do aglomerados populacio­nais sem infraestrutura, facilitando assim a transmis­são da hanseníase",explica.

Mesmo com grandes avanços nos estudos e tratamento da doença, o asses­sor do SBD diz que ainda há lacunas a serem preen­chidas. "Apesar dessa bacté­ria ser conhecida há maisde 100 anos, o tratamento que usamos hoje ainda é o mes­mo introduzido há 50 anos. Por exemplo, também ain­da não temos um teste laboratorial que auxilie nesse
di­agnóstico de pacientes. Há inclusive uma carência de estudos que suportem no­vas drogas, e de políticas de saúde que expandam o arsenal terapêutico", observa.

CONTROLE
Embora a hanseníase seja uma doença que tem cura, ela precisa ser tratada de maneira precoce para evitar possíveis sequelas no futuro. "A doença surge como lesões de pele, algu­mas mais localizadas que lembram micoses, impinges ou com lesões mais difusas contendo nódulos em partes do corpo. Outra ca­racterística muito peculiar da hanseníase é a dormên­cia. Então, essas sensações de choques nas mãos e pés, agulhadas e dormências são indicativas de um possível diagnóstico de hansenía­se", ressalta Maurício.

Mesmo com os percen­tuais elevados, o SBD pre­vê ainda o aumento de ca­sos de hanseniase nos pró­ximos anos, especialmen­te pela falta de diagnósti­cos em 2020.

"A hanseníase é uma doença silenciosa e com poucos sinais e sinto­mas. As campanhas de di­agnóstico que geralmente são feitas em escolas ou na comunidade, os exames familiares e campanhas edu­cativas precisaram ser sus­pensos por causa da pande­mia da Covid-19. Com isso. te­mos certeza de que muitos ca­sos perderam a chance de serem diagnosticados nes­se último ano e com a doença avançando", finaliza.

PRIMEIRO DIAGNÓSTICO
1873 foi o ano da descoberta da hanseníase, que é uma das enfermldades mals antigas que acometem a humanidade, com registros de casos da doença há mais de quatro mil anos.

Fonte: Diário do Pará

 

 

 

 

 


16 de janeiro de 2021 0

O Maranhão ocupa o primeiro lugar no Brasil em número de casos novos de hanseníase. O alerta é da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que, com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, identificou naquele estado a ocorrência de 36.482 casos novos da doença entre 2010 e 2019. Desse total, cerca de 30% chegaram aos consultórios e ambulatórios com algum grau de incapacidade, isto é, quando a doença causa alguma deformidade física ou causa diminuição ou perda de sensibilidade nos olhos, nas mãos e nos pés.

Ranking dos estados

Proporcionalmente, a região Nordeste do país concentra o maior número de casos novos detectados ao longo da última década: 43% do total, o equivalente a 132,7 mil casos. Em segundo lugar, aparece o Centro-Oeste, com 19,5% dos casos, seguido do Norte (19%) e Sudeste (15%). Somente 3,5% dos novos pacientes identificados nos últimos anos estão no Sul do Brasil.

Um terço dos casos novos registrados na população geral durante o período se concentram apenas no Maranhão e outras duas unidades da federação: Mato Grosso (33.104) e Pará (31.611). Os estados de Roraima, Rio Grande do Sul e Amapá diagnosticaram menos de 1.500 casos novos da doença na década.

Fonte: O ProgressoNet.com

 

 


28 de janeiro de 2020 0


A hanseníase pode acometer qualquer pessoa em qualquer faixa etária. A doença é silenciosa, mas tem cura e pode ser tratada gratuitamente pelo SUS

Dados do Ministério da Saúde mostram que quase 52 mil brasileiros foram diagnosticados com hanseníase em 2003, o recorde da série histórica que começou no início da década de 1990, quando foram computados mais de 28 mil casos. Desde então, o número de casos vinha caindo, até que em 2017 foi registrada a primeira alta significativa em 13 anos. Um novo aumento veio em 2018, com 28 mil novos casos registrados no Brasil. 
 


Brasil é o foco da OMS, já que em números proporcionais à população somos o primeiro no ranking com a maior taxa de incidência mundial

"A doença é longa, ficando escondida no organismo de dois a sete anos em média. Quando começam a aparecer os sintomas, não é um caso tão novo assim, mas sim um caso novo descoberto. Dessa maneira, estamos falando em um aumento de busca ativa, isto porque cada paciente transmissor que não foi detectado pode estar tornando outros pacientes doentes", afirma o diretor da SBD, Egon Daxbacher.

Clique na imagem para assistir a íntegra da matéria veiculada no jornal da Globonews desta segunda-feira (27/1).

 

 


24 de janeiro de 2020 0

O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia. Pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que em 2017, enquanto o Brasil teve 26.875 casos, a Índia teve 126.164. Na última década, foram registrados cerca de 30 mil casos novos por ano no Brasil.

O pico da doença no território brasileiro foi observado em 2003, com 51.941 casos. Por isso, em 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e consolidou a cor roxa para campanhas educativas sobre a doença no país.

A coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sandra Durães, disse hoje (23) à Agência Brasil que a hanseníase é uma doença que acomete as populações negligenciadas, com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta. Embora o Brasil esteja entre as maiores potências econômicas, ainda apresenta grandes desigualdades e muitos bolsões de pobreza em áreas periféricas. “Isso também se demonstra pela incidência desigual no país”. O maior número de casos ocorre nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, enquanto o Sudeste e o Sul ocupam os quarto e quinto lugares, respectivamente.

Sandra Durães explicou que a hanseníase não afeta somente populações vulneráveis. Pessoas de níveis econômicos elevados também estão sujeitos a ter a doença. “Mas a maioria ocorre em populações de nível socioeconômico mais baixo”.

Características
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae) que apresenta características peculiares, afirmou a médica. Uma delas é que todos os brasileiros, por morarem em um país endêmico, têm contato com ela ao longo da vida. “Ela tem alto poder de infectar mas, por outro lado, a maioria das pessoas é muito resistente à doença. Então, um pequeno percentual das pessoas é que pode realmente ficar doente com a hanseníase”.

Também dentro desse pequeno percentual, a apresentação clínica vai variar conforme a resistência que a pessoa tenha à doença. As pessoas mais resistentes mostram formas mais brandas. Segundo a especialista, o bacilo da hanseníase apresenta grande afinidade com dois órgãos: a pele e os nervos periféricos. O sistema nervoso periférico se refere às partes que estão fora do sistema nervoso central, isto é, fora do cérebro e da medula espinhal.

“A pessoa que tem mais resistência vai apresentar poucas lesões na pele, vai ter uma carga bacilar mais baixa, com pouco ou nenhum poder para contaminar outras pessoas e terá um tratamento mais rápido, em seis meses”. Já nas pessoas que têm menos resistência, a doença vai se apresentar de forma mais disseminada na pele, vai atingir os nervos periféricas, vai ter alta carga bacilar e maior capacidade de contaminar outras pessoas. Além disso, o tratamento é mais longo, por 12 meses.

Contaminação
A hanseníase é passada de uma pessoa que tenha uma forma transmissível da doença e não esteja em tratamento, para outra pessoa. “Essa doença é passada pela via respiratória. Respirando naquele mesmo ambiente, você tem mais risco de pegar. Geralmente em ambientes pouco ventilados e aglomerados, a pessoa tem mais risco de pegar”. Não tem a ver com higiene, esclareceu a médica.

Uma curiosidade que dificulta o controle da doença é que a incubação longa. Isso significa que a partir do momento em que a pessoa entra em contato com a bactéria, só vai ficar doente cerca de sete a oito anos após. A hanseníase se manifesta na pele pelo aparecimento de manchas brancas ou vermelhas e de lesões vermelhas altas denominadas placas ou infiltrações. Essas lesões se caracterizam por terem a perda da sensibilidade, porque a bactéria tem uma afinidade grande pelos nervos periféricos.

“A pessoa vai perder a sensibilidade das lesões. Além disso, pode apresentar sensação de nariz entupido, ardência nos olhos e ter dormência nas extremidades, ou seja, nas mãos e pés”, explicou.

Estigma
Sandra Durães explicou que havia muito estigma e preconceito contra a hanseníase no passado porque o tratamento não era tão eficaz. Na evolução da doença, o acometimento do nervo periférico faz com que a pessoa tenha alterações motoras e perca a noção de quente ou gelado, por exemplo. “Ela vai se lesionar no ambiente, vai ter infecção na pele que pode se transmitir ao osso e pode haver perda de tecidos, como ocorria no passado”. Atualmente, isso é muito raro, porque o tratamento é eficaz.

O diagnóstico precoce é muito importante e crucial para o controle da doença, explicou Sandra. Se a pessoa procurar logo atendimento médico r tomar o antibiótico ela fica bem. Mas se o paciente deixa a hanseníase evoluir, os antibióticos não têm o poder de reverter o dano neural. As manchas vão diminuir, o doente não vai contaminar mais pessoas, a doença vai ficar estacionada, mas o dano neural que houve até aquele momento não será mais revertido. Essa pessoa vai exigir orientação e acompanhamento de uma equipe de neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais para poder atuar no seu meio ambiente sem se lesionar para não ficar incapacitado.

“O ideal, disse a dermatologista, é que o diagnóstico seja feito em uma fase bem precoce em que ainda não haja o dano neural”. Com diagnóstico e tratamentos tardios, há risco de graves sequelas, como deformidades e incapacidades físicas irreversíveis.

Desconhecimento
As pessoas ainda têm grande desconhecimento da hanseníase, também conhecida como lepra. Daí o Ministério da Saúde promoveu a campanha Janeiro Roxo para chamar a atenção da população para o problema e informar que hoje o tratamento é supereficaz. Não há necessidade de a pessoa ficar reclusa, como ocorria com os antigos portadores de lepra, ou leprosos, que eram isolados compulsoriamente do restante da população.

Sandra Durães assegurou que a partir do momento em que a pessoa inicia o tratamento, tomando a primeira dose do antibiótico, ela praticamente deixa de ser contagiante. “As pessoas fazem o tratamento em casa, vão ao ambulatório uma vez por mês tomar medicamento e tomam outros remédios em casa”. O tratamento é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território nacional.

Para o controle da doença é importante também que as pessoas que tiveram contato mais próximo com o paciente sejam examinadas para ver se apresentam alguma lesão que não foi ainda percebida. “Se têm lesão, vão ser tratados; se não têm (lesão), recebem uma dose da vacina BCG (vacina frequentemente administrada para prevenção da tuberculose, obtida pela preparação da bactéria Mycobacterium bovis em estado atenuado)”.

A vacina BCG provoca uma resposta de defesa do organismo. Sandra Durães informou, por outro lado, que essa vacina não impede que a pessoa tenha tuberculose ou hanseníase, mas dificilmente ela terá formas graves das duas doenças. Atualmente, a BCG é dada para todos os bebês na maternidade. Na década de 1990 a 2000, o governo brasileiro fez a segunda dose da BCG que não atua no caso da tuberculose, mas protege a saúde da pessoa, no caso da hanseníase.

A doença pode afetar pessoas de qualquer idade e sexo. Sandra destacou que a partir do momento em que ela toma a primeira dose do remédio, ela deixa de ser contagiante. “Não precisa separar talher, mudar de casa. Pode namorar, não tem problema nenhum”.

Descentralização
Embora o dermatologista seja o profissional que sempre esteve mais envolvido com a doença, em função dos problemas ocorridos na pele do paciente, nos últimos anos, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde resolveram fazer uma descentralização da assistência da doença. Por isso, os dermatologistas da SBD trabalharam na última década para capacitar as equipes de saúde da família da atenção básica. Por isso, atualmente, 70% dos diagnósticos são feitos na atenção básica por clínico geral, por médico da família. Os casos com dificuldade maior de diagnóstico exigem exames laboratoriais complementares, como a biópsia da pele, por exemplo e, raramente, a biópsia do nervo, nos casos em que não aparecem manchas na pele. Pode ser necessário ainda fazer o exame de baciloscopia, que corresponde à coleta da serosidade cutânea, colhida em orelhas, cotovelos e da lesão de pele.

A campanha Janeiro Roxo se estenderá até o final do mês, com ações educativas e divulgação, pela mídia, dos sinais e sintomas da hanseníase que ainda são parcialmente desconhecidos por grande parte da população. O primeiro mês do ano é dedicado à conscientização, combate e prevenção da hanseníase.

Os doentes de hanseníase sempre foram objeto de preconceito. Na Idade Média, eram obrigados a carregar um sino para anunciar sua presença. Até pouco tempo atrás, o isolamento compulsório para separar os pacientes do restante da população era prática comum no Brasil. Parentes eram separados e ficavam anos sem se ver por conta dessa política pública.

Fonte: Agência Brasil – EBC





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