Dermatologistas apelam ao Ministério Público contra atos praticados por não médicos na área da estética




18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) protocolou no mês de maio, no Ministério Público Federal, alerta sobre uma situação que coloca em risco a saúde e a integridade de milhares de brasileiros. No documento, em que é solicitada a tomada de providências, a entidade informa que mais de 800 denúncias de prática irregular na realização de procedimentos estéticos foram encaminhadas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) aos Ministérios Públicos estaduais, às Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios e aos conselhos de classe de profissionais da saúde não médicos.

Entre 2017 e 2019, foram apresentadas 833 representações, sendo 351 em 2017, 371 em 2018 e 111 em 2019. No período, os destaques em termos de quantidade de ações recaíram sobre os seguintes estados: São Paulo, com 199 denúncias; Minas Gerais, com 94; Rio de Janeiro, com 88; Santa Catarina, com 85; Paraná, com 55; Rio Grande do Sul, com 51; Espírito Santo, com 48; Goiás, com 45; e Bahia, com 28; as 140 restantes se distribuem pelos demais estados da federação. Os processos têm sido montados com base em informações de pacientes, médicos e até notícias veiculadas pela imprensa apontando situações de abuso. No gráfico abaixo, é possível verificar os números nacionais. No gráfico abaixo, é possível verificar os números nacionais.

O presidente da SBD, Sérgio Palma, espera que essa ação provoque uma tomada de posição efetiva dos Ministérios Públicos em que tramitam as representações. “Essa é uma situação que deve ser coibida por dois motivos. Em primeiro lugar, a realização desse tipo de procedimento por não médico é vetada em lei. Então, falamos de um ato ilegal que deve ser coibido pelas autoridades. Por outro lado, e ainda mais grave, é a situação de risco aos quais milhares de pessoas estão sendo expostas cotidianamente. Não são poucos os casos de sequelas e doenças causados por erros cometidos por essas pessoas. Em algumas situações, até mortes já foram registradas”, argumentou.


Representando a Diretoria da SBD, o médico dermatologista Egon DaxBacher faz a entrega do dossiê no MPF, em Brasília (DF)

Escopo de atuação – O levantamento foi feito com base em dados do Departamento Jurídico da SBD, no período de maio de 2017 a abril de 2019. Na tentativa de legitimar a ação, alguns conselhos de classe têm procurado ampliar o escopo de atuação de seus associados por meio de resoluções administrativas. Sérgio Palma acrescentou que “essas medidas carecem de legalidade. Um conselho não pode fazer esse tipo de mudança por resolução ou portaria. A única forma de fazê-lo é por meio de lei. Atualmente, a única categoria que possui essa previsão é a medicina, por meio da lei nº 12.842/13, que completa seis anos de vigência”.

A chamada Lei do Ato Médico estabelece que procedimentos estéticos ou cosmiátricos invasivos devem ser realizados por profissionais da medicina. Isso vale para serviços como aplicações de botox e outras substâncias, criolipólise e preenchimentos. A legislação foi construída a partir da visão de que esses atendimentos, apesar de aparentemente simples (em alguns casos), exigem conhecimento mais amplo do organismo humano como forma de garantir a segurança do paciente.

Por exemplo, cabe ao médico especialista definir a quantidade de substâncias e produtos injetáveis a ser aplicada, considerando aspectos como a harmonia do rosto ou do corpo e possíveis reações adversas que podem decorrer de seu uso. Mesmo se todos os cálculos forem corretos, mas o paciente sofrer uma reação (mais ou menos grave), o dermatologista tem o preparo para uma intervenção imediata de emergência em favor da vida e da integridade de quem ele trata.

Gravidade e risco – “Como já ressaltamos, trata-se de um problema que está diretamente ligado à saúde dos pacientes”, pontuou Sérgio Palma. Recentemente, em nota divulgada pela SBD, a entidade reitera esse aspecto em virtude de questionamentos de algumas categorias. Segundo a Sociedade, tenta-se reduzir tudo a uma disputa de mercado de trabalho entre médicos e outros profissionais. “Porém, ignora-se que o que está em jogo é, sobretudo, a proteção da integridade física e emocional das pessoas e da sociedade”, lembrou o presidente.

Ele lembrou ainda que a Justiça e a imprensa têm reconhecido a legitimidade da atuação dos médicos na realização de tratamentos estéticos em detrimento dos não médicos. Várias decisões judiciais favoráveis aos dermatologistas reforçam essa percepção.

Em dezembro de 2018, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPRS) acolheu denúncia realizada pela SBD em desfavor de clínica de biomedicina estética na cidade de Porto Alegre (RS). Segundo a denúncia, a empresa realizava propaganda enganosa e prestava serviços impróprios, como tratamentos estéticos realizados por profissionais não habilitados, configurando grave risco à saúde da população.

Outra vitória, concedida em defesa do Ato Médico, foi a decisão da juíza Raffaela Cássia de Sousa, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF 1), de suspender curso de capacitação em botox e preenchimento facial destinado a biomédicos, farmacêuticos e dentistas. A decisão foi dada em maio de 2018, a partir da ação ajuizada pela SBD e pelo Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam).

Em abril de 2018, a desembargadora-relatora Ângela Catão, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, anulou a Resolução nº 573/2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) que estendia aos farmacêuticos a possibilidade de realizar procedimentos dermatológicos como botox, laserterapia, peelings, preenchimentos e bichectomias.

“As decisões validam o pleito dos médicos dermatologistas. No entanto, ainda há a possibilidade de recursos. Em todas as instâncias, porém, estaremos prontos para oferecer os argumentos que sustentam nosso ponto de vista”, frisou Sérgio Palma.

 

Estados com maior número de ações:

Minas Gerais
Paraná
Bahia
São Paulo
Santa Catarina
Espírito Santo
Rio Grande do Sul

Rio de Janeiro
Goiás

 


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

Dra. Kátia Sheylla Malta Purim – CRMPR 10363 RQE 3336
Dermatologista e professora do Curso de Medicina da Universidade Positivo

Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana (Carl Jung)

 

Nas últimas décadas, o avanço das tecnologias tem possibilitado crescente conectividade, sendo o uso de redes sociais no exercício da profissão médica algo relativamente recente. Em qualquer lugar, horário e cenário é comum observar estudantes, residentes e profissionais em constante troca de mensagens por smartphones e demais dispositivos eletrônicos móveis. Esse tema tão importante para a ética médica ainda é, entretanto, pouco abordado no dia a dia profissional. A facilidade de utilizar um aparelho celular para capturar imagens de um prontuário ou de um paciente e, sem os devidos cuidados, postá-las em uma comunicação pelas redes sociais pode trazer transtornos imensos e subverte os princípios da relação médico/paciente.

Como professora do curso de medicina tenho observado que a atual geração de estudantes e residentes, tão imersa nessas novas tecnologias, muitas vezes não percebe as implicações de uma postagem ou de comentários inadequados, que rapidamente se propagam e cujas consequências podem ser extremamente prejudiciais a todas as partes envolvidas. A participação em sites e redes sociais deve pautar pela discrição, sensibilidade humana, ser responsável, consciente e ajustada às normas e legislação.

As Diretrizes Curriculares Nacionais estimulam incorporação das tecnologias da informação e comunicação nos cursos de medicina, porém, faltam dados objetivos acerca da abordagem desse assunto nas grades curriculares da graduação.

Estará o aumento dessa conectividade, com alcance muito além do limite físico das quatro paredes de uma sala de aula, ambulatório, posto de saúde ou centro cirúrgico, sendo acompanhado de ações formativas contínuas de discentes e docentes, e de projetos político-pedagógicos para orientar o uso dessas mídias de modo a garantir privacidade, confidencialidade e sigilo pertinentes à profissão médica?

Como conjugar aspectos técnico-científicos com as emoções (sentimentos), atitudes (pensamentos) e ações (comportamentos) para contribuir com o melhor uso das mídias sociais na formação médica, na qualidade das relações e na postura profissional?

Mais do que o saber digital em si, a educação médica para o século XXI deve priorizar o desenvolvimento de pessoas maduras, competentes e éticas, com senso crítico pautado em relações interpessoais de respeito, comunicação, responsabilidade com os pares, com os pacientes e com a sociedade.  

Diante disto, é importante repensar os modelos de ensino-aprendizagem-avaliação, promover integração de competências técnicas, emocionais e cognitivas, resgatar o papel dos professores/preceptores, e construir novas pontes socioculturais para a boa prática médica em ambientes de ensino e saúde cada vez mais tecnológicos.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), investindo nos mais altos padrões de qualidade de seus associados e dos princípios da ética, editou o Guia de Boas Práticas nas Redes Sociais buscando orientar a aplicação desse recurso de modo mais benéfico, contextualizado e em consonância com as leis vigentes no país. Mantendo o compromisso com a segurança e a saúde da população, com a defesa das prerrogativas médicas e da nossa especialidade, a SBD tem-se destacado por sua atuação em prol das boas práticas profissionais.

O uso de mídias sociais eletrônicas na educação, atenção e gestão em saúde implica amplos e permanentes debates diante das constantes transformações da realidade de ensino e trabalho médico. Portanto, ações educativas contínuas em todas as esferas são fundamentais para nortear e ajustar a interatividade, a colaboração e a vivência digital ao exercício ético da medicina.

 

 

 


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JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

O cantor Paulo Ricardo; a modelo Luiza Brunet; as atrizes Cris Vianna e Alexandra Richter; e a jornalista Marina Caruso. Essas são algumas das personalidades que participam de campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de fazer procedimentos estéticos com dermatologistas.

Assista aos vídeos gravados pelas personalidades

Em mensagens de vídeo, que começam a circular em canais de redes sociais nesta semana, essas personalidades informam sobre os riscos de fazer tratamentos com pessoas não habilitadas e asseguram que o sucesso dos cuidados passa pela escolha de profissionais preparados.

Invasivos – O alerta da SBD surge de uma constatação: está cada vez mais frequente a realização de procedimentos estéticos invasivos por profissionais não habilitados, aumentando os riscos de erros que podem ser irreversíveis. Queimaduras e deformações no rosto e no corpo são exemplos de efeitos adversos enfrentados por pacientes que foram atendidas inicialmente por pessoas sem formação e depois recorrem a dermatologistas na espera de reverter os quadros.

Assim, profissionais não habilitados, clínicas clandestinas e desinformação formam o caldo ideal que traz dores de cabeça para quem quer ser bonito a qualquer custo. “A cosmiatria deve ser realizada por médico especializado, como o dermatologista, o qual está habilitado para isso e preparado para tratar também eventuais complicações que possam ocorrer. Aquele que pretende fazer um tratamento estético não deve se colocar sob os cuidados de não médicos ou mesmo de médicos que não possuem a formação adequada”, explica o presidente da SBD, Sérgio Palma.

Todos os contribuíram com a campanha participaram do Seminário Cosmiatria e Laser: beleza à luz da medicina, organizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em parceria com o jornal O Globo. A presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Carmita Abdo, que também gravou uma mensagem, lembrou, aliás, que o dermatologista ajudará a entender a real necessidade dos procedimentos a partir da avaliação do paciente.

“Muitas vezes, uma lesão de pele tem origem interna, e isso é o dermatologista que identificará. Outras vezes, o procedimento que a pessoa deseja fazer é descabido, e é o médico dermatologista que explicará o melhor caminho a seguir. É preciso ter cuidado com os procedimentos estéticos, pois, por menos invasivos que pareçam, poderão trazer consequências sérias e irreversíveis”, ponderou.

Ato Médico – Segundo a SBD, a Lei do Ato Médico reserva aos profissionais da medicina a realização de procedimentos chamados de estéticos ou cosmiátricos considerados invasivos. Isso vale para serviços como aplicações de toxina botulínica e outras substâncias, criolipólise e preenchimentos. O entendimento legal se baseia na compreensão de que esses atendimentos exigem conhecimento mais profundo do organismo humano, o que garante a segurança do paciente.

“Cabe ao especialista definir as quantidades das substâncias a ser aplicadas, considerando aspectos como a harmonia do rosto ou do corpo e possíveis reações adversas que podem decorrer do seu uso. Considerando-se que, mesmo se todos os cálculos forem corretos, a paciente ainda pode sofrer uma reação (mais ou menos grave), o dermatologista está preparado para uma intervenção imediata de emergência para garantir a vida e a integridade de quem ele trata. A ação de não médicos deve ser combatida pelas autoridades, pois traz insegurança a pacientes e seus familiares”, afirmou o Sérgio Palma.

Integridade – Os problemas decorrentes de procedimentos feitos por não especialistas e não médicos levaram a SBD a pedir ajuda ao Ministério Público Federal. Recentemente, a entidade protocolou no MPF documento no qual solicita providências sobre o assunto. Segundo Sérgio Palma, entre 2017 e 2019, a Sociedade realizou mais de 800 denúncias de prática irregular na realização de procedimentos estéticos aos Ministérios Públicos estaduais, às Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios, e aos conselhos de classe de profissionais da saúde não médicos.

Em 2017, foram protocoladas 351 denúncias; em 2018, outras 371; e 111, até abril de 2019. No período, os destaques em termos de quantidade de ações recaíram sobre os seguintes estados: São Paulo, com 199 denúncias; Minas Gerais, com 94; Rio de Janeiro, com 88; Santa Catarina, com 85; Paraná, com 55; Rio Grande do Sul, com 51; Espírito Santo, com 48; Goiás, com 45; e Bahia, com 28. Os processos têm sido montados com base em informações de pacientes, médicos e até notícias veiculadas pela imprensa apontando situações de abuso.

O presidente da SBD, Sérgio Palma, espera que essa ação provoque uma tomada de posição efetiva dos Ministérios Públicos em que tramitam as representações. “Essa é uma situação que deve ser coibida por dois motivos. Em primeiro lugar, a realização desse tipo de procedimento por não médico é vetada em lei. Então, falamos de um ato ilegal que deve ser coibido pelas autoridades. Por outro lado, e ainda mais grave, é a situação de risco aos quais milhares de pessoas estão sendo expostas cotidianamente. Não são poucos os casos de sequelas e doenças causados por erros cometidos por essas pessoas. Em algumas situações, até mortes já foram registradas”, argumentou.

Leia mais sobre o assunto:

https://www.sbd.org.br/noticias/dermatologistas-apelam-ao-ministerio-publico-contra-atos-praticados-por-nao-medicos-na-area-da-estetica/

https://www.sbd.org.br/noticias/tratamento-estetico-com-nao-medico-coloca-integridade-de-paciente-em-risco-alerta-sbd/

https://www.sbd.org.br/noticias/celebridades-destacam-importancia-do-dermatologista-para-quem-pensa-em-fazer-procedimentos-esteticos/


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

A nova versão do Projeto de Lei n°1.559/2019 foi apresentada em reunião, em Brasília (DF), a um grupo de representantes de entidades médicas, dentre eles o médico dermatologista Egon Daxbacher, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ao final do encontro, realizado na terça-feira (7/5), duas convicções: se por um lado, o texto refeito pelo deputado federal Fred Costa (PATRI-MG) considerou alguns importantes alertas da classe médica; de outro, há a convicção de que ainda será necessária uma grande mobilização para alterar itens que ainda podem colocar em risco a saúde da população.

Como parte desse processo de sensibilização, as lideranças médicas voltaram a apresentar ao parlamentar mais esclarecimentos sobre aspectos técnicos, científicos e legais relacionados à procedimentos estéticos, em especial os invasivos. O PL n° 1.559/2019, que deverá ser apresentado à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados nos próximos dias, propõe o reconhecimento da estética como área de atuação de outros profissionais.

Egon Daxbacher destaca que entre a proposta inicial e a versão discutida houve ajustes importantes. Por exemplo, houve a exclusão de menções à cosmetologia e a inserção de pontos que impõem limites entre as áreas de atuação da medicina e de outras categorias. 

Alterações – Entre outras reformulações apresentadas pelo deputado, está a definição de que procedimentos em saúde estética somente poderão ocorrer dentro dos limites definidos pelas legislações de regência de cada profissão – as quais, inclusive, já são alvo de questionamentos na Justiça. Outro item incorporado é definição de que os procedimentos englobados não abrangem o exercício profissional dos esteticistas, cosmetólogos e de técnicos de estética. 

Houve ainda a preocupação de atribuir responsabilidade aos profissionais que atuarão na área, de modo que respeitem as normas éticas e legais no País. Por isso, foi acrescida a previsão de penalidades, com base no Código Penal, aos que atuarem sem autorização legal ou excederem os limites estabelecidos. 

No entanto, para Daxbacher (terceiro da dir. para a esq.), é preciso buscar novos ajustes. “A SBD, que tem mais de 100 anos de existência, reconhece a estética como uma prática do cotidiano do dermatologista. Entendemos, portanto, que essa demanda pelo reconhecimento dos tratamentos estéticos por parte dos outros profissionais não deveria sequer estar em pauta, pois os pacientes não podem ser tratados como mercadoria”, pontuou. 

Tramitação – Após ser protocolada a nova redação do PL n° 1.559/2019, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados definirá a comissão que irá analisar o projeto, designando um parlamentar responsável por elaborar um parecer. O parecer é a opinião fundamentada sobre a proposição, que deve gerar um relatório a ser votado pela comissão.

A expectativa é de que a proposta passe por discussões em pelo menos duas comissões da Câmara, a de Seguridade Social e Família (CSSF) e Constituição e Justiça (CCJ), antes de seguir para o Senado Federal. Lá, o projeto deverá passar por novas comissões, como a de Assuntos Sociais (CAS). O caminho faz parte de um processo que envolve uma série de atos para que qualquer projeto se torne Lei.

O presidente da SBD, Sérgio Palma, defende o engajamento dos dermatologistas nesse processo que acaba de ser iniciado, e garante que a entidade envidará todos os esforços para sensibilizar os parlamentares pela rejeição da proposição. “A SBD e as outras entidades médicas estarão presentes nessa discussão. Mas é preciso mostrar que os médicos, em especial os dermatologistas, se mantém mobilizados com respeito ao tema”.

Além do representante da SBD, também participaram do encontro a diretora de assuntos parlamentares da Associação Médica Brasileira (AMB), Débora Cavalcanti; o membro da Comissão de Assuntos Parlamentares do Conselho Federal de Medicina (CFM) Wirlande da Luz; a vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG), Cibele Carvalho; e o presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), Fernando Genschow.
 


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As sociedades de especialidades e outras entidades representativas dos médicos brasileiros entregarão à Câmara dos Deputados, nos próximos 30 dias, sugestões de revisão da chamada Tabela SUS. O compromisso foi firmado nesta terça-feira (11/6), durante reunião técnica do Grupo de Trabalho Tabela SUS, da Comissão de Seguridade Social e Família, na qual participaram o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sérgio Palma, além dos dermatologistas associados Débora Ormond e Moyses Lemos.

A expectativa do grupo que discute o tema, coordenado pelo deputado federal Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), é partir das sugestões dos médicos e outros setores da saúde para a definir uma proposta de revisão da tabela, que detalha os serviços realizados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e é usada para remuneração dos prestadores de serviço. A avaliação dos deputados é que a tabela precisa ser reajustada, ampliando os honorários médicos, e reclassificada, simplificando procedimentos e incorporando tecnologias.

Uma das propostas discutidas pelos parlamentares com representantes médicos é a adoção dos parâmetros da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), instrumento reconhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para cálculo dos honorários médicos pelos planos de saúde. Para o presidente da SBD, atualmente a CBHPM não atende completamente a dermatologia, mas pode ser um importante documento para nortear a atualização da Tabela SUS.

“A Sociedade Brasileira de Dermatologia está atenta a esse compromisso e também já instituiu um grupo de especialistas para elaborar uma proposta dentro do prazo de 30 dias. Atualmente, a CBHPM não atende a dermatologia completamente, principalmente em termos de precificação e de procedimentos. Então, essa sugestão ainda precisa ser bem discutida, pois alguns procedimentos devem ser excluídos e outros incluídos”, antecipou Sérgio Palma.

De acordo com o dirigente, cada uma das especialidades médicas terá que discutir suas especificidades na questão da defasagem da Tabela SUS. “Parabenizamos os parlamentares pela iniciativa e o apoio que estão dando à saúde do Brasil, e a SBD está à disposição para colaborar e construir esse projeto com todos vocês”, enfatizou.

Além da atualização dos valores da Tabela SUS, a coordenação do Grupo de Trabalho também informou que buscará reduzir o rol de procedimentos com o objetivo de diminuir o número de códigos que devem ser colocados no sistema para procedimentos realizados em conjunto. O relatório com as conclusões e sugestões do grupo, criado há dois meses, serão apresentados ao Poder Executivo ainda em 2019.

Invasão de competências – Durante a audiência, Palma também relatou aos parlamentares que muitos procedimentos que devem ser feitos por dermatologistas estão sendo realizados por outros profissionais, o que tem trazido preocupação para a SBD. “Temos recebido muitos pacientes que buscam tratamento com os dermatologistas somente após o tratamento estético não ter sido bem sucedido. Em alguns casos, o procedimento é irreversível, inclusive. Precisamos da atenção do Congresso Nacional sobre este tema também”, defendeu.

Para o presidente da SBD, a dermatologia é uma das especialidades médicas mais invadidas por outras profissões da saúde. “O cuidado estético é multiprofissional, mas é exclusividade do médico a atuação em procedimentos invasivos, em que são utilizados injetáveis, como a toxina botulínica, os preenchedores, os lasers e as tecnologias invasivas, pois se aprofundam em camadas do tecido, invadem e perfuram a pele”, alertou.

Ele lembrou que diversos projetos de lei que tramitam na Casa são relacionados à saúde estética e outorgam a saúde estética a outros profissionais não médicos e isso abre um campo de risco que pode comprometer a saúde e a vida dos brasileiros. “Por isso, é importante que para qualquer procedimento cosmiátrico, o paciente consulte um dermatologista, para avaliação diagnóstica, análise de contraindicações e definição da conduta terapêutica estética mais apropriada”, recomendou.

O deputado Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ) reconheceu a importância do tema e garantiu ao representante da Dermatologia que em breve apresentará requerimento de audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família para que o tema seja amplamente debatido.


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Presidido por Marcio Serra, o 74º Congresso Brasileiro de Dermatologia está programado para o segundo semestre (11 a 14 de setembro). As inscrições estão abertas desde março, com descontos progressivos, e o próximo vencerá em 15 de julho. A redução dos valores das taxas de inscrição é um dos atrativos desta edição.

“O congresso está sendo organizado em função das solicitações dos associados da SBD, e estamos vendo que, em resposta a isso, com aproximadamente dois meses de inscrições abertas, já temos quase três mil inscritos”, informou o presidente do evento.

Com o esgotamento das vagas para os cursos práticos de preenchimento e toxina, a Comissão Organizadora decidiu criar o Painel de Procedimentos ao Vivo (PPV), no dia 13 de setembro pela manhã. “Pretendemos com isso proporcionar a um maior número de congressistas a oportunidade de entrar em contato com novas técnicas e produtos utilizados por expoentes da cosmiatria nacional”, comenta.

A programação científica está praticamente finalizada. Até o início de junho, confirmaram presença os palestrantes estrangeiros Lemperle Gottfried (Ale), Toby Maurer (EUA), Tomecki Kenneth (EUA), Martin Sangueza (BOL), Samantha Guerra (Canadá) e Adilson Costa (EUA), representante de Relações Internacionais da SBD Nacional.

“Queremos resgatar o Congresso Brasileiro de Dermatologia como o principal evento da dermatologia com temas atuais, desafiadores, inovadores e instigantes, mas que ao mesmo tempo venham trazer benefícios para o dia a dia dos dermatologistas”, salienta o presidente Marcio Serra. “Espera-se maciça participação de nossos associados em um congresso mais barato, mais bem localizado, no Windsor Expo Convention Center”, acrescenta o tesoureiro da SBD e do DermatoRio 2019, Egon Daxbacher.

Para os médicos interessados, a submissão dos trabalhos científicos pode ser feita até o dia 13 de junho.

“Este é o maior evento do nosso calendário dermatológico, no qual temos a oportunidade de nos atualizar em todas as áreas da dermatologia, seja nas patologias, cirurgias, oncologia e cosmiatria. Convidados renomados nacionais e estrangeiros estarão presentes, trazendo todas as atualizações científicas; teremos também a oportunidade de tirar nossas dúvidas, além de fazer networking para ampliar nossa rede de contatos (nacional ou internacional).

O programa científico foi elaborado com foco na melhor formação e informação dermatológicas. Portanto, vamos todos fazer crescer nossa SBD, apoiando esse grande evento e, dessa forma, crescer dermatologicamente!”, convida a dermatologista Meire Brasil Parada, de São Paulo.

O DermatoRio ocorrerá no Windsor Convention & Expo Center, no Rio de Janeiro. Inscrições e envio de trabalhos deverão ser feitos pela página do evento: http://www.sbd.org.br/dermato2019//inscricao.aspx. O espaço reúne informações sobre palestrantes, programações científica e social, bem como outros assuntos de interesse do congressista.

 

 

O cirurgião plástico Lemperle Gottfried, da Alemanha, inventor de um dos primeiros preenchedores permanentes (Artecoll – colágeno + PMMA), falará a respeito de efeitos adversos dos preenchedores em geral e sobre a polêmica dos biofilmes.

Toby Maurer (EUA), dermatologista da UCSF (University of California, San Francisco), uma das referências mundiais em dermatologia e Aids, abordará uma possível nova epidemia do sarcoma de Kaposi.

Kenneth Tomecki (EUA), próximo presidente da Academia Americana de Dermatologia (AAD), focalizará em uma das palestras atualização em vacinas e outras doenças emergentes.

O dermatopatologista Martin Sangueza (BOL) mostrará a importância da correlação da clínica com a patologia.

Dermatologista e mestre em ciências médicas, Samantha Guerra, radicada em Montreal, vem se especializando em psicodermatologia e compartilhará seu estudo para o doutorado em Dermindfulness.


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

Por Luiz Gameiro
Departamento de Dermatologia Geriátrica da SBD

O envelhecimento é fenômeno mundial. Populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento enfrentam inúmeros desafios para se adaptar a uma nova realidade. Globalmente, a expectativa de vida atinge níveis jamais vistos na história da humanidade. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1900, a expectativa de vida média do brasileiro era de 33,7 anos. Atualmente está em 75,8 anos. Ou seja, em praticamente um século mais do que dobramos a esperança de vida ao nascimento!

Há que reconhecer o extraordinário avanço da ciência e tecnologia nesse processo. Contudo, diante de tamanha transformação demográfica (envelhecimento populacional), surgem novas e delicadas demandas relacionadas a políticas públicas para atender às necessidades da pessoa idosa. Esse grupo já representa 14,5% de nossa população e resulta em mais de 30 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais, de acordo com o IBGE. Consequentemente, os desafios econômicos, sociais, culturais e de assistência à saúde são enormes não apenas para a esfera governamental como também para instituições acadêmicas e organizações privadas.

Como enfatiza o médico gerontologista Alexandre Kalache, países desenvolvidos passaram pelo processo de envelhecimento populacional gradualmente à medida que enriqueciam. Por outro lado, no mundo em desenvolvimento essa transformação tem sido rápida demais, e a geração de riqueza não acompanha esse ritmo. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, em 2033, o Brasil deve dobrar o número de idosos, e esse grupo etário representará 20% da população. Tal evolução terá ocorrido num prazo de apenas 23 anos, ao passo que países como a França demoraram 145 anos para atingir taxa igual.

Assim, diante desse cenário global de expressiva transformação demográfica, a OMS publicou em 2002 um importante documento sobre as bases de uma política de saúde focada no envelhecimento ativo. Essa expressão se refere ao “processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. Como o processo de envelhecimento gera inúmeros desafios para governos e instituições, políticas que atendam às necessidades da pessoa idosa são fundamentais.

Demandas na área de serviço social e de saúde são árduas, uma vez que dependem fortemente de forte planejamento econômico, com estratégias de longo prazo. Com o passar dos anos, os custos dos serviços de saúde para indivíduos em processo de envelhecimento são mais elevados não apenas no que tange às despesas relacionadas a exames diagnósticos e tratamentos clínicos e cirúrgicos. Outros obstáculos complexos no atendimento desse grupo etário envolvem questões de segurança, transporte, acessibilidade, vida social, educação, oportunidades de trabalho (remunerado e voluntário), cultura, lazer e espiritualidade.

Vivemos num mundo disruptivo que está em constante transformação. Aprender é tarefa de todos; de pessoas de todas as idades e todos os dias… O universo digital democratizou o acesso à informação e tem estimulado o contínuo aprendizado da pessoa idosa, além de contribuir com a forma como ela se relaciona, consume produtos e se locomove. Cada vez mais rompem-se novos paradigmas, e aquele que associa a terceira idade a pessoa aposentada, doente e dependente está ultrapassado. Certamente, esse conceito não representa a maioria dos indivíduos com 60 anos.

No meu ponto de vista, envelhecer ativamente é conceito amplo e bastante interessante. Ao governo cabe, por um lado, a implementação de políticas públicas que garantam a qualidade de vida dessas pessoas, bem como, por outro, estímulo à adoção de hábitos saudáveis pela sociedade − quanto antes eles forem incorporados à rotina, melhor.

Ademais, diversos estudos sobre longevidade têm destacado a importância fundamental da vida social e dos vínculos afetivos na busca da senescência saudável e duradoura. Nessa linha de cuidado, a promoção da saúde e a prevenção de doenças tornam-se ainda mais impactante. Sabe-se que é menos custoso prevenir enfermidades do que tratá-las. Como exemplo, nos EUA, o Centro de Controle de Doenças (CDC, 1999) numa pesquisa concluiu: cada dólar investido em incentivos para prática de atividade física moderada gerou uma economia de mais de três dólares em gastos médicos. Programas focados no controle das doenças crônicas (físicas e mentais) devem ser prioritários. Tais medidas são essenciais na prevenção de incapacidades ou, pelo menos, na redução do processo de deterioração.

E o médico dermatologista, que papel poderia desempenhar nesse processo? As dermatoses aumentam com a idade, e estima-se que cerca de 2/3 dos indivíduos com mais de 65 anos têm alguma alteração dermatológica que mereça uma avaliação médica. Penso que para atender adequadamente a esse perfil de pessoas precisamos compreender o paciente idoso de forma integral. Saber ouvir a visão dele sobre a própria doença, quais são suas expectativas e medos sobre os procedimentos diagnósticos e possíveis abordagens terapêuticas. Explicar cuidadosamente ao doente e a seu cuidador/familiar é essencial. Outro aspecto importante é a importância de um exame completo do tegumento. As neoplasias aumentam com o passar dos anos e a prevenção do câncer da pele e/ou diagnóstico precoce é responsabilidade primordial do dermatologista. Por fim, destaco a evolução da cosmiatria que evoluiu muito nos últimos anos. Além disso, tem contribuído muito para melhorar a qualidade de vida e autoestima de uma população cada vez mais ativa, tanto no ambiente de trabalho quanto na sociedade.

Referências:

  1. Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization. Tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. 60p.: il.
  2. United Nations. World population ageing 2015 [cited 2018 Nov 4]. Available from: http://www.un.org/en/development/desa/population/publications/pdf/ageing/WPA201 5_Report.pdf
  3. Envelhecimento com saúde. O Globo, Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2018. Publicação apresentada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.
  4. Oliveira N. IBGE: expectativa de vida dos brasileiros aumentou mais de 40 anos em 11 décadas [citado 2018 out 15]. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-08/ibge-expectativa-de-vida-dos- brasileiros-aumentou-mais-de-75-anos-em-11.
  5. IBGE. Expectativa de vida do brasileiro sobe para 75,8 anos [citado 2019 mar 02]. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia- de-noticias/noticias/18469-expectativa-de-vida-do-brasileiro-sobe-para-75-8-anos.
  6. BGE. Número de idosos cresce 18% em 5 anos e ultrapassa 30 milhões em 2017 [citado 2018 out 15]. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge .gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20980-numero-de-idosos- cresce-18-em-5-anos-e-ultrapassa-30-milhoes-em-2017.
  7. Hitchcott PK, Fastame MC, Ferrai J, Penna MP. Psychological Well-Being in Italian Families: An Exploratory Approach to the Study of Mental Health Across the Adult Life Span in the Blue Zone. Eur J Psychol. 2017 Aug 31;13(3):441-454. doi: 10.5964/ejop.v13i3.1416. eCollection 2017 Aug.
  8. Beauregard S, Gilchrest BA. A survey of skin problems and skin care regimens in the elderly. Arch Dermatol. 1987;123(12):1638-43.
  9. Gilchrest BA. Skin aging and photoaging: An overview. J Am Acad Dermatol 1989;21(3 pt 2):610-3.

 

 

 


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

O 11º Teraderm retorna a São Paulo com programação diversificada que abrange as principais novidades em terapêutica, tratamentos e procedimentos. Os dermatologistas Clarisse Zaitz, Jayme de Oliveira Filho, John Verrinder Veasey e Ricardo Shiratsu estão à frente da coordenação.

Na programação científica serão discutidos temas como toxina botulínica, balanopostites, indicação e prescrição de biológicos no consultório, nutrologia e dermatologia, mudanças na terapêutica dermatológica após o conceito de microbioma, tecnologia e dermatologia (teledermatologia e inteligência artificial), novos equipamentos no consultório (quando vale a pena investir), entre outros.

A menos de um mês para a realização do evento, as inscrições já estão esgotadas.

Confira a programação completa.

 

 

 

 


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL


Dermatologistas membros dos Departamentos de Doenças Infec. e Parasitárias; Hanseníase; Ist e Aids com pesquisadores e membros da Diretoria da Nacional

Os padrões de ocorrência das doenças tropicais, a interação entre agentes e ambiente, assim como a vulnerabilidade populacional, foram amplamente debatidos no 41º Simpósio de Dermatologia Tropical da SBD (DermaTrop), realizado de 30 de maio a 1º de junho, em Porto Alegre (RS). O encontro reuniu experientes dermatologistas dedicados ao tema, mas também jovens interessados em atualizar seus conhecimentos no tratamento de doenças infecciosas e de caráter endêmico – ainda frequentes no Brasil –, e suas complicações. Na abertura, o presidente Sérgio Palma destacou a importância do envolvimento dos dermatologistas com as doenças tropicais, esquecidas e negligenciadas, e o seu papel social na assistência à saúde da pele, principalmente no âmbito do Sistema Único de Saúde e saúde pública. “É muito bom ver nossa especialidade unida, mobilizada com a essência da dermatologia clínica e sanitária, e interessados em se aperfeiçoar e em transformar realidades”, realçou.
 
Realizado pela SBD Nacional com o apoio da SBD-RS, representada pela presidente Taciana Dal’Forno Dini, o 41º DermaTrop foi coordenado pelos dermatologistas Sinésio Talhari (coordenador nacional do XLI Curso Nacional de Dermatologia Tropical), Heitor de Sá Gonçalves (coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas da SBD) e André Costa Beber (coordenador local do XLI Curso Nacional de Dermatologia Tropical), além de contar com a presença do vice-presidente da SBD, Mauro Enokihara, e dos diretores Flávia Vasques Bittencourt e Egon Daxbacher.


O presidente da SBD, Sérgio Palma, e os médicos dermatologistas Heitor de Sá Gonçalves e Sinésio Talhari

Espaço de diálogo e estudo entre pesquisadores e estudantes, o DermaTrop é um dos encontros mais tradicionais da dermatologia brasileira e que contribui significativamente para a disseminação da informação científica das doenças tropicais negligenciadas. “Em meu nome e dos Professores Sinésio Talhari e André Costa enaltecemos o incisivo apoio dado pela SBD Nacional, sob a presidência do Dr. Sérgio Palma, ao encontro. A dermatologia tropical, aquela que cuida das doenças de grande parte dos brasileiros que não têm acesso ao setor privado da saúde, agradece o empenho, apoio e dedicação ao evento. Também não podemos olvidar do apoio indispensável da SBD-RS, na pessoa da sua presidente Taciana Dal’Forno Dini ", apontou Heitor de Sá Gonçalves.

Para a dermatologista Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, o apoio a eventos como o DermaTrop demonstra a preocupação da SBD em desenvolver a sensibilidade social das novas gerações de dermatologistas para o estudo das dermatoses que acometem principalmente as populações negligenciadas. Ratifica a opinião a dermatologista Regina Carneiro, assessora do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias, que afirmou a necessidade de o dermatologista ter conhecimento sobre essas doenças para oferecer o que há de melhor a seus pacientes. Ela também comentou sobre a a felicidade de ver uma sala cheia de jovens dermatologistas interessados em dermatologia clínica e sanitária e incentivou os jovens dermatologistas a publicarem sobre os temas. 

Conferência inaugural

A médica dermatologista Claudia Elise Ferraz (foto acima), do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), preceptora de residência médica e professora de dermatologia da UFPE, ministrou conferência inaugural sobre dengue, zika e chikungunya, com ênfase nas manifestações dermatológicas. Em sua fala, alertou sobre as perspectivas de surtos e crescimento em número de casos em todo o país. “Sabemos que informar a população sobre as formas de prevenção dessas doenças e sobre seu reconhecimento precoce é tarefa importante, assim como capacitar os profissionais de saúde na determinação dessas arboviroses e habilitar o médico quanto à sua condução, mas é inegável que o contexto social e de desorganização urbana em que vivemos contribui sobremaneira para a perpetuação do vetor e risco de novos surtos”, salienta.
 
Conheça as especificidades da dengue, zika e chikungunya
 
As três arboviroses têm em comum a transmissão pelo mosquito Aedes aegypti, presente em todo o território nacional, e se apresentam com febre e manchas vermelhas no corpo. No entanto, há algumas peculiaridades entre elas.

  • Dengue: febre, mialgia intensa, acompanhada de dor retro-orbitrária e cefaleia, com surgimento de manchas vermelhas em torno do quarto dia da doença. Pode haver manifestações hemorrágicas. “É preciso estar atento aos casos que podem evoluir com choque e dengue hemorrágica, mas a resolução costuma ocorrer em poucos dias, na maioria dos casos”, afirma Claudia Elise.

 

  •  Zika: as manchas estão presentes em mais de 90% dos casos, comumente acompanhadas de prurido e febre; pode haver conjuntivite não purulenta, mialgia e artralgia leves. É comum a infecção subclínica com quadros leves e até assintomáticos.

 

  •  Chikungunya: a febre e os sintomas articulares são extremamente relevantes. A dor é intensa, gerando dificuldade de realizar as atividades diárias. As manchas surgem dois ou três dias após o início dos sintomas e duram pouco tempo. “A grande problemática da chikungunya é que de 65% a 70% dos casos evoluem com quadros reumatológicos crônicos, com impacto significativo na população economicamente ativa. Das arboviroses é a que apresenta maior polimorfismo de manifestações dermatológicas: além das manchas, há quadros de hiperpigmentação centrofacial e flagelada, lesões vesicobolhosas em crianças, aftas em mucosas e dobras cutâneas, assim como a exacerbação de dermatoses preexistentes, como a psoríase, líquen e desencadeamento de reações hanseníase”, explica a médica.

 
Saiba mais: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/combate-ao-aedes
 
 
 


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

Estão abertas até o dia 23 de junho as inscrições para o 3º Simpósio Nacional de Imunobiológicos e XI Simpósio Nacional de Psoríase.

Além de renomados experts nacionais, dois convidados estrangeiros participarão do encontro deste ano: Pablo de la Cueva (ESP) falará sobre anti-IL23 no tratamento da psoríase: eficácia e segurança; e Enrique Rivas (GUA) abordará em sua apresentação a importância do perfil de paciente nos estudos de secuquinumabe.

Acesse a programação completa na página do evento aqui no site da SBD e saiba mais.

O encontro será realizado no dia 4 de julho, em São Paulo.

 

 





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