Uso de antiandrógenos nas alopecias ganha episódio no SBDcast




4 de agosto de 2021 0

Você sabe em quais tipos de alopecias o uso de antiandrógenos é mais recomendado?  O professor Celso Sodré, responsável pelo Ambulatório de Alopecias do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos coordenadores do Centro de Estudos dos Cabelos do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay, participou do SBDcast para esclarecer essa e outras dúvidas.

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No programa, Celso Sodré abordou ainda aspectos relacionados à segurança do tratamento, seus efeitos colaterais, contraindicações e quando o dermatologista deve trabalhar em parceria com médicos de outras especialidades, como ginecologistas, por exemplo. A moderação deste SBDcast ficou sob a responsabilidade de Flávia Vasques Bittencourt, coordenadora Científica da SBD. 

A cada quarta-feira, o SBDcast disponibiliza um novo episódio exclusivamente para os associados. Nos programas, convidados especiais trazem informação atualizada, de forma prática e objetiva, ajudando a aperfeiçoar a atuação dos dermatologistas em sua rotina em clínicas e consultórios. Para ouvir este e outros episódios, basta acessar o aplicativo da SBD ou a área do associado no site da entidade. Esta é uma iniciativa da Gestão 2021-2022.


21 de julho de 2021 0

Você sabe em que situações o dermatologista pode e deve usar a hialuronidase? Tem dúvidas sobre as dosagens adequadas e sobre protocolos para uso da substância? Para responder a estas e outras perguntas, o SBDcast convidou a Daniela Antelo, assessora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). 

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Durante o bate-papo com a secretária-geral da SBD, Cláudia Alcântara, a convidada comentou sobre diferentes aspectos relacionados ao tema, como os cuidados no manuseio do produto, deu dicas sobre a forma de aplicação da hialuronidase e como conduzir os pacientes de forma a reduzir possíveis complicações. 

O SBDcast foi criado pela Gestão 2021-2022 exclusivamente para associados. Em cada episódio, disponibilizado toda quarta-feira no aplicativo da SBD ou na área do associado em nosso portal, um expert no tema abordado é entrevistado para esclarecer dúvidas que possam ajudar na rotina de atendimento dos dermatologistas. 


15 de julho de 2021 0

Os homens são as principais vítimas de câncer da pele no Brasil. Essa é a conclusão de levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgado nesta quinta-feira (15), Dia do Homem. No período analisado, de 2010 a 2019, do total de óbitos decorrentes de complicações dessa doença, 57,5% (20.959) ocorreram na população masculina. Entre as mulheres foram 42,5% (15.517 mortes). Os dados analisados são os fornecidos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e pelo Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS) – ambos do Ministério da Saúde.

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O trabalho revela outra situação preocupante no que se refere à saúde da população masculina: a prevenção ao câncer da pele não tem muita repercussão dentro deste segmento. Um exemplo é o que revelam números de exames realizados na rede pública para diagnóstico do câncer da pele. No período de janeiro de 2012 a abril de 2021, do total de pacientes que fizeram exames para diagnosticar a doença, somente 28% (567.940) eram do sexo masculino, em oposição a 45% (914.090) de mulheres, sendo que em 27% dos exames o sexo não foi informado/exigido no prontuário.

"O câncer da pele é um exemplo dos problemas de saúde no campo da dermatologia que são mais prevalentes entre os homens. Mas há outros, como a sífilis e a hanseníase. Todas essas são doenças com prevalência maior dentro da população masculina. Infelizmente, esse grupo ainda tem resistência em buscar orientação e ajuda nos consultórios médicos", afirma Heitor de Sá Gonçalves, vice-presidente da SBD.

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Carcinomas – O crescimento descontrolado das células que compõem a pele provoca o câncer de pele, que tem diferentes tipos. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Porém, mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele, devido à alta possibilidade de provocar metástase.

Segundo Heitor Gonçalves, os homens desenvolvem mais chances de desenvolver o câncer da pele por conta de hábitos que o colocam em risco. "O homem sai muito mais de casa para trabalhar e para lazer. Assim, acaba se expondo muito mais ao sol, principalmente na zona rural”, destacou o vice-presidente. No entanto, esse não é o único problema de saúde relacionado à assistência dermatológica envolvendo a população masculina.

Sífilis – Números analisados pela SBD revelam que entre janeiro de 2010 e junho de 2020 um total de 468.759 homens foram diagnosticados com sífilis no Brasil. Segundo as informações do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, até o ano passado, a quantidade de homens contaminados era quase duas vezes maior do que de mulheres.

Em 2020, do total de casos de sífilis diagnosticados 62,6% eram na população masculina e 37,4% na feminina. "Essa doença é mais comum no homem, provavelmente, porque são indivíduos que adotam um comportamento de risco do ponto de vista sexual. Isso aumenta a possibilidade de adquirir a infecção pelo treponema, que é o causador da sífilis", explica Heitor Gonçalves.

Hanseníase – As bases analisadas pela SBD ainda revelam que a população masculina também se destaca nas estatísticas de hanseníase. No Brasil, os homens representam 55% do total de casos novos detectados na última década. Os números são informados pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

O vice-presidente da SBD reitera que "a hanseníase acomete mais o homem no mundo todo. Não há nenhuma diferença imunológica, genética e hormonal que justifique esse fenômeno. Acredita-se que esta alta incidência decorre de fatores como o homem ter que sair mais de casa para trabalhar e sua maior exposição em aglomerações, o que facilita contágio desta doença. Por exemplo, isso ocorre nos meios de transporte urbanos”.

Para prevenção dessas doenças, Gonçalves é enfático em afirmar que a mudança de hábitos é essencial. "Neste sentido, o homem deve evitar comportamento de risco. No campo sexual, deve ter o hábito de usar o preservativo. Quando o assunto é câncer de pele a grande estratégia é usar o filtro solar logo ao acordar, aliado à redução da exposição sol, sobretudo no período de 9h às 15h”.

Queixas – Mas câncer de pele, sífilis e hanseníase não são os únicos problemas dermatológicos que afetam os homens. Os especialistas também citam outros que costumam levar homens aos consultórios. Segundo Fabiane Mulinari Brenner, coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, um dos principais motivos é a necessidade de tratar alopecias.

"Esse quadro se divide em dois tipos: cicatriciais e não cicatriciais. As mais comuns são a androgenética, conhecida popularmente como calvície, e a areata. Além dos eflúvios telógenos, que são períodos temporários de queda e rarefação", explica a especialista. Ela destacou ainda que há manifestações que têm origem genética, autoimune ou decorrentes de episódios de estresse, por remédios ou outras doenças, como a covid-19. No entanto, afirmou Fabiane Brenner, em geral, o tratamento para a alopecia é longo. “Por isso, é importante o paciente ir ao dermatologista, para que o médico o acompanhe", frisou.

Ela explica ainda que todo paciente, independentemente da alopecia, deve manter cuidados rotineiros para ter cabelos saudáveis. "Entre as medidas, estão: usar xampu adequado ao tipo de cabelo; evitar tratamentos químicos, como alisamento e tintura; cortar o cabelo de forma frequente; desembaraçar os fios no banho e adotar pentes de dentes largos na hora de se arrumar”, disse.

Procedimentos estéticos – Além do tratamento da calvície, as linhas de expressão preocupam o público masculino. Melhorar a qualidade de pele, amenizar a perda de volume facial e remover os pelos também são demandas frequentes em consultórios dermatológicos, relatam os especialistas. Outra dúvida comum é como fazer uma boa hidratação.

"O uso frequente de hidratantes auxilia na manutenção da barreira cutânea íntegra, amenizando o ressecamento da pele. A fotoproteção também não deve ser esquecida pelos homens. O uso diário e contínuo dos filtros solares ajuda a evitar envelhecimento precoce e o câncer da pele", assinalou a coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD, Edileia Bagatin.

Segundo a médica, as alterações relacionadas à idade e à exposição solar incluem a flacidez da pele e o aparecimento de rugas e manchas. De maneira geral, Edileia afirma que tratamentos voltados para o público masculino podem ser associados aos cuidados diários. No entanto, para evitar efeitos adversos e complicações é importante que os procedimentos sejam prescritos por médicos, em especial dermatologistas ou cirurgiões plásticos, após uma avaliação clínica e definição de diagnóstico.

 

 


14 de julho de 2021 0

Como fazer uma anestesia de forma segura, evitando os efeitos colaterais e fazendo o manejo adequado das diferentes substâncias? Para tirar dúvidas e trazer conselhos práticos a respeito do tema, o SBDcast convidou o cirurgião dermatológico Lauro Lourival Lopes Filho, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ele participou de episódio no qual trouxe informações atualizadas, dicas e esclarecimentos sobre o uso de anestésicos locais na rotina de atendimentos.

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Com longa experiência, o convidado discorreu sobre as diluições corretas, eventos adversos frequentes, bloqueios regionais e uso de adrenalina e de bicarbonato, entre outros tópicos. A moderação deste episódio ficou sob a responsabilidade do professor Carlos Baptista Barcaui, tesoureiro da SBD.

Criado pela gestão 2021-2022, o SBDcast é um espaço de atualização exclusivo para o associado da SBD. Sempre às quartas-feiras uma nova edição é disponibilizada. Para ouvir todos os episódios, basta acessar a área restrita do portal ou o aplicativo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.


6 de julho de 2021 0

Não tem neve, como costumamos ver no hemisfério Norte, mas no Brasil o inverno não deixa de fazer com que muita gente trema de frio. Além da queda na temperatura, sobretudo nos estados do Sul, a população passa a conviver com a baixa umidade do ar, escassez das chuvas e ventos fortes. E com um agravante: a associação desses fatores causa danos à pele e aos cabelos, exigindo cuidados recomendados pelos médicos dermatologistas.

Neste ano, no Brasil, o período do inverno, que começou em 21 de junho, vai até 23 de setembro. Até lá, a atenção deve ser redobrada para que sua autoestima, saúde geral e da pele sejam conservadas. Os especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enumeram a seguir uma série de dicas simples para serem incorporadas à rotina diária. Mas avisam: se perceber situações fora da normalidade ou lesões na pele, marque uma consulta médica para uma avaliação mais criteriosa.

Além dos cuidados específicos nesta época do ano, detalhados abaixo, os médicos dermatologistas reiteram outros que valem para todos os meses:  mantenha uma alimentação saudável e equilibrada; tome sempre água; pratique atividades físicas; e adote o hábito do uso diário e contínuo do protetor solar, ao sair ao sol e em todas as áreas da pele não cobertas pela roupa. A seguir, confira as recomendações extras para o inverno.

Cuidados com os cabelos – Nesta época do ano, em que os banhos quentes são mais comuns, a SBD reforça a necessidade da hidratação extra para conter danos aos cabelos. Isso porque o calor excessivo da água altera as características dos fios e do couro cabeludo, podendo provocar um aumento da queda de cabelos e/ou da caspa.

A coordenadora do Departamento de Cabelos da SBD, Fabiane Brenner, explica que a água quente retira a proteção dos fios, deixando-os mais ressecados e sem hidratação natural. “Para proteger os fios e preservar o brilho nos cabelos, devem ser adotadas medidas simples, que incluem banhos rápidos e com água morna, além do uso de condicionadores que favoreçam a hidratação. Pessoas com tendência à seborreia (oleosidade excessiva) devem utilizar xampus anticaspa pelo menos uma vez por semana”, explica.
 
Os xampus adstringentes não são aconselháveis, pois ressecam mais a haste capilar. “Uma opção são os xampus micelares e cremes limpadores para eliminar a sujeira sem remover a camada de gordura que auxilia na manutenção dos fios saudáveis e do couro cabeludo hidratado”, afirma Fabiane Brenner. O uso mensal dos óleos vegetais, como os de coco, argan, uva, manteiga de karité e amêndoas, também é recomendado.

Cuidados com a pele – Vento frio, banhos demorados, com excesso de sabonete e água muito quente. Essa é a combinação que pode piorar ou predispor a pele ao ressecamento neste período do ano. A coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD, Edileia Bagatin, avisa que, diante desse cenário, a pele mais seca não é uma condição grave, mas pode gerar coceira, descamação e dermatite irritativa (a pele fica rosada ou avermelhada), sobretudo no rosto, nos braços e nas pernas. Portanto, é necessária atenção redobrada.

Entre os cuidados básicos recomendados pela especialista da SBD, destacam-se o uso diário de hidratante e os banhos rápidos, de preferência mornos e pouco sabonete. “A orientação é fazer a hidratação logo após sair da ducha. Esse é o momento no qual a pele úmida absorve melhor o creme e são obtidos os benefícios dos produtos. Além disso, é importante evitar o uso de buchas, já que elas esfoliam pele, retiram a proteção natural ou o manto hidrolipídico superficial, danificando a barreira cutânea”, orienta Edileia.

Pessoas com pele oleosa devem utilizar hidratantes oil free em áreas específicas, como rosto e tórax, acrescenta a coordenadora do Departamento da SBD. Já pacientes que possuem dermatoses inflamatórias  como psoríase, dermatite atópica, eczema e rosácea – precisam ser ainda mais cautelosos nesta época do ano, pois o clima mais frio é um fator que pode levar à piora dessas doenças.

Cuidados com os lábios – Outra parte do corpo que merece um cuidado extra durante o inverno são os lábios, que são muito sensíveis ao frio e, sem cuidados, podem apresentar rachaduras. “Para cuidar dos lábios, existem hidratantes específicos que previnem o ressecamento, quando aplicados várias vezes ao dia. Alguns deles podem inclusive conter proteção solar (FPS) e substâncias eficientes na hidratação, a exemplo da manteiga de karité e a vitamina E. Nunca se deve molhar os lábios com a saliva quando houver a sensação de secura, pois pode piorar e causar irritação”, afirmou a coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD.

Ainda de acordo com Edileia Bagatin, é recomendável beber muita água por dia. Não há um limite bem estabelecido, mas é importante não esquecer de beber água, várias vezes ao dia, mesmo que não sinta sede.

Segundo ela, as pessoas tendem a sentir menos sede em dias frios. “No entanto, manter o equilíbrio hídrico do corpo é essencial, sobretudo para crianças e idosos. Nesse sentido, vale ressaltar também a importância de uma alimentação balanceada, contendo frutas, legumes, verduras e proteínas para evitar as deficiências nutricionais, em qualquer época do ano, para manter a saúde como um todo”, informa. Para saber mais, visite o portal: www.sbd.org.br

 


28 de junho de 2021 0

A abordagem de temáticas e necessidades específicas da população transgênero está sendo incorporada aos programas de formação de médicos especialistas na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças de pele, cabelos e unhas. A iniciativa é da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que, com o apoio de serviços de Residência Médica credenciados, passou a estimular essa qualificação durante essa fase. Atualmente, há 90 desses cursos ligados à entidade, com aproximadamente 900 residentes inscritos.

Além desse cuidado com os futuros especialistas, a SBD também tem realizado iniciativas com foco nos mais de 10 mil dermatologistas brasileiros já em atividade. O atendimento à população transgênero no País tem sido discutido em congressos e atividades de educação continuada. Isso acontece porque esse segmento populacional, sobretudo durante a fase de transição, está sujeito a uma série de manifestações dermatológicas que exigem um profissional capacitado para atendê-lo.  
“Acreditamos numa dermatologia de todos, e para todos. Nesse sentido, os médicos da nossa especialidade estão sempre buscando aperfeiçoamento técnico e clínico para dar respostas aos pacientes em suas demandas. É que acontece também nas questões envolvendo a população trans, que merece respeito e um atendimento adequado às suas necessidades”, disse o presidente da SBD, Mauro Enokihara.

As peculiaridades da assistência aos transgêneros resultam quase sempre de efeitos dos tratamentos hormonais, estéticos e cirúrgicos para feminização ou masculinização da face e do corpo. Por exemplo, as mulheres trans, que usam estradiol em combinação com um antiandrogênico (espironolactona ou um inibidor da 5-alfa redutase), podem apresentar redução rápida e persistente na produção de sebo e, por isso, desenvolver xerodermia, prurido e alterações eczematosas.

Além disso, é muito comum que mulheres trans procurem tratamentos para remoção de pelos, como a depilação a laser, e outros procedimentos minimamente invasivos para feminização da face. Já entre os homens trans, que usam testosterona com regularidade, são frequentes os quadros de alopecia androgenética e de acne. O uso incorreto de binders, ou de outros métodos para comprimir e ocultar os seios, também pode acarretar problemas na pele.  

Procedimentos – Além da hormonioterapia, alguns indivíduos trans podem necessitar do suporte dos médicos dermatologistas para reparar cicatrizes inestéticas, deixadas por procedimentos cirúrgicos de afirmação de gênero, como a retiradas das mamas (mastectomia), em homens trans, e a depilação pré-operatória nas mulheres trans que passarão pela vaginoplastia. Os dermatologistas também são capazes de tratar dermatoses nas neogenitálias e de lidar com outras questões comuns enfrentadas pela população transgênero, como as possíveis complicações do uso de silicone industrial.

“Hoje em dia esses problemas continuam acontecendo, pois parte das mulheres trans ainda vive marginalizada, devido ao estigma social e com dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Isso as leva a recorrerem a não médicos no processo de transição, iniciado por conta própria, por meio do uso de hormônios sem prescrição e de injeções de silicone industrial, principalmente como preenchedor corporal”, disse Marcio Serra, um dos coordenadores do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids da SBD e professor colaborador do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Gaffrée Guinle (RJ) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Infecções – Segundo aponta Márcio Serra, a maior parte das desordens dermatológicas nos transgêneros estão relacionadas à terapia hormonal, que também pode causar xerose e eczemas nas mulheres trans, além de complicações em cirurgias de afirmação de gênero. No entanto, o cuidado dermatológico dessas pessoas não se limita apenas aos aspectos da transição.

“Mulheres trans, por exemplo, têm maior risco de contaminação por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e HIV, que podem apresentar sinais e sintomas por meio de manifestações dermatológicas”, completa Felipe Aguinaga, também coordenador do Departamento de IST e Aids da SBD e chefe do Ambulatório de Dermatologia e Diversidade de Gênero, do Instituto de Dermatologia Professor Rubem David Azulay, da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ).

Desafios – Pessoas trans possuem as mesmas necessidades básicas de saúde de quaisquer outras, mas precisam de uma série de cuidados que exigem competências adicionais do médico dermatologista, sem contar com maior tato no processo de atendimento, afirmam os especialistas.

Infelizmente, em decorrência do despreparo de alguns profissionais de saúde para acolher essa parcela da sociedade, ainda há relatos de situações de homofobia e transfobia. Por isso, os coordenadores do Departamento da SBD acreditam que há pacientes que evitam procurar o Sistema Único de Saúde (SUS) com receio de serem vítimas de preconceito e discriminação. Estudos apontam que dois terços dos pacientes LGBTQIA+ referem problemas desse tipo, inclusive pela dificuldade de se identificarem.

“É preciso ter sensibilidade na hora de colher informações, como orientação sexual, identidade de gênero e comportamentos sexuais, já que são dados clinicamente relevantes. Algumas recomendações simples têm amplo impacto na melhora da relação com esses pacientes: respeito ao nome social, uso de pronomes corretos, utilização de formulários que sejam inclusivos e oferecimento de opções de identidade de gênero não binárias (pessoas que não se identificam com o gênero masculino ou o feminino)”, afirma Aguinaga.

Serra lamenta a falta de médicos e membros das equipes de saúde preparados para lidar com as questões particulares da população LGBTQIA+. São profissionais às vezes com dificuldades de assimilar e tratar as demandas específicas. Por isso, Aguinaga considera “essencial a promoção de iniciativas educacionais para que esse grupo – médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, dentistas e até os integrantes das equipes administrativas, entre outros – sejam capacitados para lidar com esses pacientes, oferecendo-lhes a melhor assistência possível”.

População trans – Em janeiro, a revista científica Nature, publicou artigo que afirma que 1,9% da população brasileira (aproximadamente 4 milhões de pessoas) se identifica como transgênero ou não binário. Apesar desse grande número, os canais para atendimento das demandas específicas são poucos. Segundo o Ministério da Saúde (MS), hoje existem apenas cinco centros no SUS que oferecem atendimentos complexos à população trans, como cirurgias de redesignação sexual e acompanhamento pré e pós-operatório.

São eles: Hospital das Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia; Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife; Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, na capital paulista; e Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro. Devido à insuficiência na rede pública para a realização desse e de outros tipos de procedimentos, muitas pessoas trans recorrem ao atendimento na rede particular para agilizar o processo de transição.

Por isso, a demanda tem sido cada vez mais comum nos consultórios dermatológicos. Diante desse panorama, a SBD investe na atualização dos seus especialistas para viabilizar assistência de excelência à população trans, considerando suas necessidades e demandas específicas.  

Na avaliação de Felipe Aguinaga, é importante que a população trans consiga reconhecer os médicos dermatologistas como profissionais prontos e capacitados para amenizar as disparidades de saúde e melhorar sua qualidade de vida. Afinal, aponta, é uma especialidade com interface direta com a autoestima e com os efeitos decorrentes do processo de afirmação de gênero que tem inúmeras interseções com a pele.

“Há compromisso crescente de todas as áreas da medicina para compreender e melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas trans e de outras minorias. Neste sentido, a dermatologia, em seus diversos campos de atuação, desponta como uma especialidade essencial para acolher várias dessas demandas”, salienta o especialista que, apenas na unidade pública onde trabalha, recebe cerca de 30 pacientes com esse perfil por mês.

Conexão SBD – O tema “Dermatologia e Saúde LGBT” também foi abordado na primeira edição do Conexão SBD, iniciativa da entidade que discute, por meio de encontros online, tópicos de interesse da especialidade. As principais infecções sexualmente transmissíveis (IST) na população LGBT, aspectos dermatológicos no paciente transgênero e procedimentos cosmiátricos foram alguns assuntos debatidos pelos médicos dermatologistas Felipe Aguinaga e Márcio Serra. Também esteve em pauta a necessidade de se ter formas de promoção de cuidado mais acolhedoras para pacientes que fazem parte de minorias sexuais ou de gênero.

“Como identidade de gênero e a orientação sexual são informações autodeclaradas, durante o atendimento é importante o médico evitar fazer suposições. Enquanto identidade de gênero se refere a como o indivíduo se identifica (masculino e/ou feminino), a orientação sexual está ligada a como o indivíduo se relaciona sexual e afetivamente”, explica Aguinaga.

Clique aqui para assistir ao Conexão SBD

Em 2011, o Ministério da Saúde reconheceu identidade de gênero e orientação sexual como determinantes sociais de saúde. Por meio da Política Nacional de Saúde Integrada População LGBT, propõe diferentes ações de eliminação das iniquidades e desigualdades dessa população e de acolhimento das necessidades de saúde.

“Pessoas que fazem parte de minorias sexuais são mais vulneráveis ao HIV e às infecções sexualmente transmissíveis, isso porque essas pessoas têm práticas sexuais e hábitos específicos. Se nós, como médicos, desconhecermos essas necessidades, podemos deixar de fazer alguns diagnósticos”, informa.

 


26 de maio de 2021 0

Num país onde a exposição ao sol e aos outros fatores climáticos faz parte da rotina e a desigualdade social faz com que nem todos tenham acesso ao saneamento ou à alimentação adequada, os cuidados com a saúde feminina devem ser redobrados. No Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher (28 de maio), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) ressalta as necessidades específicas desse grupo que forma a maioria da população brasileira. 

“As mulheres enfrentam múltiplos desafios. Se desdobram em papeis em casa, cuidando da família; no trabalho, onde devem apresentar resultados; e na vida em sociedade, ocupando espaço cada vez mais importante. Contudo, precisam dedicar tempo para si também, dando atenção a sua saúde e bem-estar. Neste contexto, nós precisamos estar atentas ao nosso corpo por inteiro, sempre cuidando de nossa pele, cabelos e unhas”, destacou a Claudia Alcântara, secretaria geral da SBD. De acordo com ela, os problemas nestas áreas de manifestam de diferentes formas. 

Acne, melasma e queda de cabelo são exemplos de manifestações de alta prevalência que, apesar de corriqueiras, podem impactar na vida de muitas mulheres. De acordo com a presidente do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, Fabiane Andrade Mulinari Brenner, a perda significativa de cabelo está entre as principais reclamações ouvidas por especialistas dentro dos consultórios. Segundo ela, pesquisas científicas sobre o tema vêm revelando a repercussão desse problema na qualidade de vida das pacientes.

“Muitas daquelas que sofrem com o rareamento dos fios capilares acabam vivenciando conflitos sociais bastante dolorosos. A autoimagem, sobretudo para a mulher, é fundamental na construção da autoconfiança e autoestima. Diversas vezes, uma queda mais acentuada de fios pode desencadear problemas que afetam a saúde mental da paciente, levando a quadros de depressão, interferindo no casamento, sociabilidade e vida profissional”, diz.

Alopecia – A calvície feminina pode ser desencadeada por diversos fatores, como desregulação hormonal, síndrome do ovário policístico ou até mesmo menopausa. Na maioria dos casos, a doença está relacionada a fatores hereditários e à atuação do hormônio masculino, sendo assim denominada de alopecia androgenética. A condição modifica o ciclo natural de desenvolvimento dos folículos pilosos, provocando o afinamento dos fios ao longo do tempo.
“Depois que um fio de cabelo cai, o folículo capilar inicia a produção de um novo fio com as mesmas características de espessura e cor do anterior. Em pacientes com alopecia androgenética, esses novos fios vêm cada vez mais finos. Esse processo de miniaturização é o que torna o cabelo progressivamente mais ralo, até deixar o couro cabeludo aparente”, explica Fabiane Brenner.

Segundo a especialista, tanto a queda acentuada de cabelo quanto o rareamento dos fios são considerados sinais de alerta. Nesses casos, a mulher deve procurar um dermatologista para receber orientações sobre as opções de tratamento disponíveis. Atualmente, existem produtos de uso tópico e diário, que estimulam o crescimento adequado dos fios, e ainda medicamentos sistêmicos, que bloqueiam a ação do hormônio masculino e podem ser receitados pelo dermatologista.  Além disso, é recomendada uma investigação de problemas correlacionados, como distúrbios de tireoide, deficiência de nutrientes, entre outros.  

Doenças de pele – O impacto de manifestações indesejadas na pele também é motivo de transtorno para muitas mulheres. Conforme salienta a assessora do Departamento de Cosmiatria da SBD, Maria Paulina Villarejo Kede, inúmeras pacientes relatam rotinas exaustivas de uso de maquiagem para esconder problemas como a acne e o melasma. “A preocupação em disfarçar aquilo que o espelho insiste em revelar ocupa um tempo considerável no dia a dia de muitas mulheres, especialmente quando a manifestação afeta o rosto. Nesses casos, é nítida a repercussão negativa na autoestima”, afirma.

Para evitar transtornos, o acompanhamento com o dermatologista é fundamental, uma vez que prevenção e terapêutica precoce são as principais ferramentas para garantir a saúde da pele. A acne, que além de afetar os adolescentes também é verificada em muitas mulheres adultas, é um exemplo de doença inflamatória que deve ser tratada precocemente, sobretudo para impedir o surgimento de cicatrizes e preservar a saúde mental das pacientes.

De acordo com Maria Paulina Villarejo Kede, em alguns casos, o aparecimento súbito de acne ou a piora do quadro na mulher adulta têm relação com alterações hormonais. Outra causa comum é o uso excessivo de cosméticos, que também ocasiona o aparecimento de cravos pretos e brancos. “O tratamento varia de acordo com o grau da acne e a extensão do acometimento. Há opções de produtos tópicos, que controlam a oleosidade e a inflamação, bem como promovem renovação celular, e ainda medicamentos orais, alguns deles a base de antibióticos. O tratamento hormonal é indicado apenas em alguns casos. De todo modo, é imprescindível agendar uma consulta”, explica a especialista.

Melasma – Já as manchas escuras que surgem principalmente na face das mulheres – nomeadas como melasma – também podem ser amenizadas, por meio de cremes clareadores e de procedimentos estéticos, como microagulhamentos, peelings e uso de lasers, em especial os do tipo Q-switched. Além disso, independentemente do tratamento realizado, o uso diário de protetores solares com cor é essencial para controlar esse problema.
“O melasma é caracterizado por manchas que apresentam distribuição característica na testa, têmporas, nariz e regiões das maçãs e supralabial do rosto. Elas também podem se apresentar no corpo, principalmente no colo e nos braços. No geral, a manifestação é causada pela exposição solar associada à influência de hormônios gestacionais e de hormônios contidos em anticoncepcionais. Há ainda fatores genéticos envolvidos nesse processo”, informa Paulina.  

Gestantes – As mulheres grávidas costumam ser afetadas pelo melasma, pois nesse período há aumento de pigmentações em várias áreas do corpo, principalmente no rosto. Para evitar esse tipo de mancha, recomenda-se fazer a fotoproteção diária com filtro solar com fator de proteção 30 (Fps 30). Essa é uma das recomendações da coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da SBD, Edileia Bagatin.
A especialista orienta que as gestantes de pele mais morena devem usar filtro solar que tenha cor (cor de base) por terem maior risco de ficar com manchas escuras. “Muitas mulheres não têm o hábito de associar protetor solar e maquiagem. Mas, na prevenção do melasma, é importante que utilizem esse tipo de filtro no rosto, uma vez que também confere proteção contra a luz visível”, complementa.

Pele seca – Outro detalhe, explica Edileia, é que, às vezes, as gestantes morenas ficam com a pele mais seca, principalmente no abdômen. “Por isso, no banho deve-se usar sabonete suave (preferencialmente os líquidos), não esfregar demais a pele com buchas, e usar hidratante à base de ceramidas para a pele todos os dias após o banho”, recomenda.

De acordo com Edileia, não há contraindicação em relação ao uso de produtos tópicos, tais como cremes, hidratantes, filtros solares, loções de limpeza, durante o período de gestação. Já em relação aos produtos para tratar manchas, envelhecimento e rugas, por exemplo, existem algumas controvérsias sobre o uso do ácido retinóico.

“Na verdade, existem evidências de que não há riscos para as grávidas. Contudo, ainda existem pessoas que questionam. Como a gravidez não é para sempre, vale a pena, talvez, suspender produtos que tenham essa substância para que não haja um erro de interpretação médica caso a criança apresente algum problema de saúde, como uma língua geográfica. Sabemos que não é verdade, que não há riscos, mas há controvérsias e nesses casos é melhor então suspender o uso durante a gravidez”.

Pós-parto – No período pós-parto, a especialista orienta que é preciso ter cuidado com produtos aplicados na área das mamas, pois geralmente as mulheres se encontram no período de lactação. “Contudo, é preciso reforçar que nenhum produto de uso tópico vai interferir ou ocasionar algum tipo de problema no leite materno”, frisa Edileia.

Ela observa que após a gravidez pode-se usar quaisquer produtos de uso tópico sem ter a preocupação de causar algum dano à saúde do recém-nascido. Segundo conta, as gestantes que apresentam manchas devem começar o tratamento o mais precocemente possível. 

Estrias – Um problema comum, que pode acontecer durante a gestação são as estrias no abdômen. Mulheres com antecedentes familiares (mãe ou irmãs com estrias) ou que tiveram estrias durante a puberdade estão mais suscetíveis. Edileia ressalta que não há como evitar totalmente as estrias. Contudo, dá algumas recomendações para a redução do problema, tais como a hidratação da pele com cremes à base de ceramidas e evitar o uso de óleos hidratantes.
“Outra importante dica é evitar o estiramento exagerado da barriga, como ocorre com as mulheres que, porventura, acabam engordando muito. Mesmo as mulheres com forte predisposição genética, ainda que não engordem muito, estas também acabam tendo estrias e não há como evitar que isso aconteça”, salienta.
 


16 de abril de 2021 0

Após a recuperação da covid-19, alguns sintomas podem persistir. A queda de cabelo é um deles e pode acontecer assim que o paciente recebe o diagnóstico de cura da doença. “A perda de cabelo não é uma particularidade exclusiva dos casos de covid. Em diversas infecções graves, como a pneumonia, pode ocorrer o mesmo fenômeno entre dois e três meses depois. Entretanto, trabalhos realizados por pesquisadores estrangeiros revelam que, na covid-19, a queda acontece de forma muito mais precoce, sendo percebida de seis a oito semanas depois da doença”, explica a presidente do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Fabiane Mulinari Brenner.

De acordo com pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, do México e da Suécia, a queda de cabelo aparece entre os cinco sintomas mais relatados por pacientes após a recuperação da covid-10. Para chegarem a essa conclusão, eles analisaram dezenas de estudos sobre o tema, envolvendo um total de 48 mil pacientes. Dentre os quadros mais recorrentes, surgiram: fadiga (58%), dor de cabeça (44%), dificuldade de atenção (27%), perda de cabelo (25%) e falta de ar (24%).

Febre alta – As causas da queda de cabelo podem ser diversas, sendo a ocorrência de febre alta uma delas. Para Fabiane Mulinari Brenner, pacientes que apresentam temperatura alta ou quadros mais graves da covid-19 podem, consequentemente, relatar mais queda de cabelo. “A própria infecção, o emagrecimento, o estresse pela doença ou a redução da oxigenação do folículo capilar também justificam essa alteração”, explica Fabiane.

A presidente do Departamento de Cabelos da SBD confirmou que de um a cada quatro pacientes que têm covid-19 com sintomas estabelecidos, excluindo os assintomáticos, costumam apresentar queixa de queda capilar depois do evento. A tendência, contudo, é de retomada dos fios. “Não é uma queda cicatricial, isto é, não deixa cicatrizes. O paciente vai ter uma perda abrupta, mas esse cabelo vai se recuperar na sequência”, afirma.

Reposição – Ela explica que ocorre um processo de reposição capilar, nesses casos. “Como caíram muitos fios, eles demoram a recuperar o volume. O cabelo cresce, mais ou menos, um centímetro por mês. Ao final de 75 dias, em média, os fios acabam voltando na sua densidade e, como vão voltar curtinhos, demora a preencher o volume do rabo de cavalo, em uma mulher, por exemplo”, elucida.

Porém, há fatores que podem influenciar nesse processo, como a existência de outras doenças prévias ou alteração anterior no couro cabeludo, como calvície. Nessas situações, a somatória de queda de cabelos decorrente da covid-19 pode deixar realmente o couro cabeludo muito aberto, informa Fabiane Mulinari Brenner. “Como caíram muitos fios, eles voltam um pouco mais finos e, aí, o couro cabeludo não recupera 100% do que tinha antes da crise”, observa.

Ciclo – Fabiane explica ainda que, nas pessoas sem o acometimento de doenças infecciosas, o cabelo tem um ciclo. Cada fio fica em processo de crescimento por mais ou menos seis anos, entra na chamada fase de repouso em que vai acabar caindo e logo substituído por um fio a igual a ele. “Isso deve acontecer de forma aleatória no couro cabeludo, sem que se perceba efetivamente redução do volume geral”, disse a dermatologista.

“No caso de uma infecção importante, como a covid-19, e de diversas outras doenças, muitos fios vão entrar nessa fase de repouso do crescimento, e os fios só cairão entre dois e três meses após o evento da doença”, conclui. Diante dessa situação,  e de quadros semelhantes, recomenda-se procurar o suporte de um dermatologista, que tem condições de fazer um diagnóstico adequado para o problema e prescrever tratamentos para enfrentar o problema, evitando efeitos duradouros.

 

 

 


18 de março de 2021 0

No mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher (8 de março), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) chama a atenção para problemas dermatológicos recorrentes entre a população feminina, que não devem ser subestimados. Acne, melasma e queda de cabelo são exemplos de manifestações de alta prevalência que, apesar de corriqueiras, podem impactar na vida de muitas mulheres.

De acordo com a presidente do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, Fabiane Andrade Mulinari Brenner, a perda significativa de cabelo está entre as principais reclamações ouvidas por especialistas dentro dos consultórios. Segundo ela, pesquisas científicas sobre o tema vêm revelando a repercussão desse problema na qualidade de vida das pacientes.

“Muitas daquelas que sofrem com o rareamento dos fios capilares acabam vivenciando conflitos sociais bastante dolorosos. A autoimagem, sobretudo para a mulher, é fundamental na construção da autoconfiança e autoestima. Diversas vezes, uma queda mais acentuada de fios pode desencadear problemas que afetam a saúde mental da paciente, levando a quadros de depressão, interferindo no casamento, sociabilidade e vida profissional”, diz.

Alopécia – A calvície feminina pode ser desencadeada por diversos fatores, como desregulação hormonal, síndrome do ovário policístico ou até mesmo menopausa. Na maioria dos casos, a doença está relacionada a fatores hereditários e à atuação do hormônio masculino, sendo assim denominada de alopecia androgenética. A condição modifica o ciclo natural de desenvolvimento dos folículos pilosos, provocando o afinamento dos fios ao longo do tempo.

“Depois que um fio de cabelo cai, o folículo capilar inicia a produção de um novo fio com as mesmas características de espessura e cor do anterior. Em pacientes com alopecia androgenética, esses novos fios vêm cada vez mais finos. Esse processo de miniaturização é o que torna o cabelo progressivamente mais ralo, até deixar o couro cabeludo aparente”, explica Fabiane Brenner.

Segundo a especialista, tanto a queda acentuada de cabelo quanto o rareamento dos fios são considerados sinais de alerta. Nesses casos, a mulher deve procurar um dermatologista para receber orientações sobre as opções de tratamento disponíveis. Atualmente, existem produtos de uso tópico e diário, que estimulam o crescimento adequado dos fios, e ainda medicamentos sistêmicos, que bloqueiam a ação do hormônio masculino e podem ser receitados pelo dermatologista.  Além disso, é recomendada uma investigação de problemas correlacionados, como distúrbios de tireoide, deficiência de nutrientes, entre outros.  

Doenças de pele – O impacto de manifestações indesejadas na pele também é motivo de transtorno para muitas mulheres. Conforme salienta a assessora do Departamento de Cosmiatria da SBD, Maria Paulina Villarejo Kede, inúmeras pacientes relatam rotinas exaustivas de uso de maquiagem para esconder problemas como a acne e o melasma. “A preocupação em disfarçar aquilo que o espelho insiste em revelar ocupa um tempo considerável no dia a dia de muitas mulheres, especialmente quando a manifestação afeta o rosto. Nesses casos, é nítida a repercussão negativa na autoestima”, afirma.

Para evitar transtornos, o acompanhamento com o dermatologista é fundamental, uma vez que prevenção e terapêutica precoce são as principais ferramentas para garantir a saúde da pele. A acne, que além de afetar os adolescentes também é verificada em muitas mulheres adultas, é um exemplo de doença inflamatória que deve ser tratada precocemente, sobretudo para impedir o surgimento de cicatrizes e preservar a saúde mental das pacientes.

De acordo com Maria Paulina Villarejo Kede, no geral, o aparecimento súbito de acne ou a piora do quadro na mulher adulta têm relação com alterações hormonais. Outra causa comum é o uso excessivo de cosméticos, que também ocasiona o aparecimento de cravos pretos e brancos.

“O tratamento varia de acordo com o grau da acne e a extensão do acometimento. Há opções de produtos tópicos, que controlam a oleosidade e a inflamação, bem como promovem renovação celular, e ainda medicamentos orais, alguns deles a base de antibióticos. O tratamento hormonal é indicado apenas em alguns casos. De todo modo, é imprescindível agendar uma consulta”, explica a especialista.

Nos episódios de acne moderada a grave, a isotretinoina oral é considerada o tratamento mais efetivo. No entanto, devido ao seu caráter teratogênico, o medicamento é contraindicado para pacientes grávidas. Segundo Paulina, a limpeza de pele, com extração manual de cravos e espinhas, também é útil, desde que realizada por profissional qualificado.

Melasma – Já as manchas escuras que surgem principalmente na face das mulheres – nomeadas como melasma –  também podem ser amenizadas, por meio de cremes clareadores e de procedimentos estéticos, como microagulhamentos, peelings e uso de lasers, em especial os do tipo Q-switched. Além disso, independentemente do tratamento realizado, o uso diário de protetores solares com cor é essencial para controlar esse problema.

“O melasma é caracterizado por manchas que apresentam distribuição característica na testa, têmporas, nariz e regiões das maçãs e supralabial do rosto. Elas também podem se apresentar no corpo, principalmente no colo e nos braços. No geral, a manifestação é causada pela exposição solar associada à influência de hormônios gestacionais e de hormônios contidos em anticoncepcionais. Há ainda fatores genéticos envolvidos nesse processo”, informa Paulina.  

No geral, o melasma com apresentação superficial, ou seja, que atinge apenas a camada superior da pele, é considerado de fácil tratamento. Já aquele com pigmento em camadas profundas da pele é mais resistentes à terapêutica.

Para Paulina Kede, ambos os problemas – acne e melasma – geram uma grande demanda ao atendimento dermatológico. “São condições com efeitos cosméticos e psicológicos desagradáveis, que não devem ser negligenciados e precisam ser adequadamente acompanhados para não implicar em perda na qualidade de vida das pacientes”, finaliza.

 


11 de janeiro de 2021 0

Os cuidados com a aplicação de vacinas para Covid-19 em pacientes portadores de doenças inflamatórias crônicas (imunomediadas) foram tema de um informe divulgado nesta segunda-feira (11/1) pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A nota dirigida a médicos e à população, em especial àqueles que fazem uso regular de medicamentos imunossupressores ou imunomodulares chama a atenção para aspectos que devem ser seguidos para garantir o bem-estar dos indivíduos.

ACESSE A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO

“Com o início iminente da vacinação, no Brasil, se faz relevante ao apontar riscos potenciais que podem ser contornados com medidas simples. A informação é fundamental para que a proteção da saúde dos pacientes seja garantida. Sabe-se que há grande expectativa de muitos em receber uma dose de imunizante, porém isso não pode ser feito de modo automático, sem reflexão”, lembrou o presidente da SBD, Mauro Enokihara.

Eficácia – No documento, a SBD toca em pontos como o tipo de vacina adequado para pacientes que usam imunossupressores ou imunomoduladores e a eficácia do insumo para essas pessoas e seus efeitos. A Sociedade Brasileira de Dermatologia lembra ainda da necessidade de que todos observem a restrição de contato social e as medidas de higienização, mesmo após a vacinação, bem como sobre a duração do seu efeito protetor.

Ainda no texto distribuído, os dermatologistas captaneados pelos médicos Claudia Maia e Paulo Oldani, comentam a segurança das vacinas já anunciada para a Covid-19.

“A SBD entende que a necessidade da vacinação em massa contra a Covid-19 é incontestável e repudia todos os movimentos contrários à mesma sob alegações de falta de eficácia ou temores relativos à segurança”, afirma.

 





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