Dermatologistas questionam laboratório sobre a falta de medicamentos para hanseníase no Brasil



Dermatologistas questionam laboratório sobre a falta de medicamentos para hanseníase no Brasil

21 de janeiro de 2021
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Para contornar o desabastecimento de drogas utilizadas no tratamento da hanseníase no País, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) decidiu acionar o laboratório Novartis, o principal fornecedor destes medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e em nível internacional, sobre o problema. Um pedido de explicações foi enviado por meio de ofício à empresa nesta semana, há poucos dias da Data Mundial da Luta Contra a Hanseníase (31 de Janeiro).

O problema se instalou no País há três meses, quando serviços que atendem pacientes com essa doença passaram a relatar a falta das cartelas com os esquemas terapêuticos. Diante desse quadro, a SBD quer do laboratório informações precisas sobre sua capacidade de retomar o fornecimento de medicamentos para hanseníase ao serviço público brasileiro. O assunto já vinha sendo monitorado pela SBD desde o ano passado, quando começaram a circular informações sobre a dificuldade de aquisição das drogas pelo Ministério da Saúde, responsável pelo seu repasse aos estados e municípios.

“Estamos no Janeiro Roxo, mês dedicado à prevenção e ao tratamento precoces da hanseníase. Esse é um cenário inadequado e que elimina a possibilidade de comemorações. Ao invés de festejarmos queda nos indicadores de contaminação dessa doença milenar, nos vemos diante da falta de medicamentos que podem trazer cura e segurança para pacientes e familiares. Esperamos logo superar esse desafio”, alertou Mauro Enokihara, presidente da SBD.

Tratamento – Após o diagnóstico da hanseníase, o acesso a essas drogas, que são fornecidas gratuitamente pelo SUS, é fundamental para o êxito do tratamento. A falta dos medicamentos (clofazimina, dapsona e rifampicin) pode comprometer a recuperação dos casos diagnosticados, que já recebem os remédios periodicamente, e atrasa o início dos ciclos terapêuticos nas situações de notificação recente.

Ano passado, a Coordenadoria Geral de Doenças em Eliminação (CGDE) do Ministério da Saúde, alertou em reunião pública com serviços de saúde que haveria redução dos estoques dos medicamentos para tratamento da hanseníase no País. Entre os problemas descritos estavam dificuldades de logística de transporte das drogas, que são fabricadas na Índia, e falta de insumos básicos para sua produção em nível global.

Protocolos – Apesar dessas justificativas, grupos que juntam especialistas e pesquisadores sobre a hanseníase de vários países não identificam situações semelhantes na maioria dos países. Eventuais dificuldades são relatadas, mas como casos pontuais. Isso ocorre num contexto em que a produção das cartelas, que são distribuídas em função dos protocolos clínicos reconhecidos, conta apenas com a Novartis como fornecedor mundial.

“Para o Brasil, essa situação é muito preocupante. Há milhares de pacientes que aguardam a entrega dessas cartelas para darem seguimento aos seus tratamentos. Além disso, todos os anos, em média, 30 mil novos casos são diagnosticados e passam a depender dessa assistência por meio do SUS. Por isso, é preciso encontrar uma solução imediata. Sem isso, uma doença que há muito deveria ter sido erradicada continuará a trazer dor e sofrimento para os brasileiros”, disse o vice-presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves.

 





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