Jovem de PE relata o drama que vive desde que fez harmonização facial com uma dentista



Jovem de PE relata o drama que vive desde que fez harmonização facial com uma dentista

24 de setembro de 2019
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O depoimento emocionado de uma jovem pernambucana revela a face perversa de um problema que coloca em risco a vida e a saúde dos brasileiros. Rafaela Cavalcanti, 38 anos, é uma dentista especialista em próteses, que atua no município de Arcoverde (PE). Um dia decidiu corrigir um pequeno defeito no nariz e, como milhões de outras pessoas, seguiu conselhos equivocados e caiu nas garras de uma clínica odontológica que lhe prometeu beleza a baixo custo.

Esse relato, encaminhado à Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), está sendo compartilhado a pedido de sua autora como forma de alertar outros homens e mulheres. “Pessoas que quiserem fazer algo desse tipo devem procurar médicos capacitados, que estudaram anos para isso e sabem como acolher e orientar o paciente que se coloca sob seus cuidados. Sair dessa zona de conforto é entrar num terreno pantanoso”, disse.

Necrose – Conforme conta Rafaela, o que era sonho virou pesadelo logo após a primeira agulhada. O preenchimento com ácido hialurônico gerou uma forte reação que levou à necrose do nariz. O procedimento virou caso de polícia, inclusive com duas perícias no Instituto Médico Legal (IML), que acusaram a irreversibilidade das lesões. Como disse a jovem, “Se pudesse voltar no tempo, não tomaria as decisões que tomei. Mas como não posso mudar a realidade, vou lutar para que outros sonhos não se tornem pesadelos”.

A história de Rafaela chegou à SBD por meio do seu presidente Sérgio Palma e da dermatologista Gleyce Fortaleza, conterrâneos da vítima que a têm ajudado desde que ela procurou orientação médica para tratar das sequelas que carrega. “Amigos, é preciso coragem para vir a público contar minha história. Como sou dentista por profissão, há aqueles que dizem que estou sujando a imagem de minha própria classe. Não penso assim: minha preocupação é que se nada for dito, outras pessoas poderão passar pelo mesmo que eu”.

Na avaliação de Sergio Palma, o exemplo e a coragem de Rafaela podem, sim, ser úteis para evitar que outras pessoas tomem o mesmo caminho. “A SBD convida todos a ler e a divulgar o depoimento dessa jovem. Ainda me emociono ao saber pelo que ela passou. Afinal, são situações assim que demonstram a importância de que cuidados estéticos invasivos e dermatológicos sejam realizados por um dermatologista, o profissional preparado para executá-los”, ressaltou.

Depoimento de Rafaela Cavalcanti 

“Nunca pensei em minha vida que passaria pelo que estou passando. Nesse ano, decidi fazer um procedimento estético para melhorar minha aparência, um pequeno ajuste no nariz. Coisa de menina. Infelizmente, fui mal orientada e aceitei me colocar nas mãos de uma clínica odontológica que me prometeu o resultado que eu sonhava.

Logo após a aplicação, a dor e o incomodo insuportáveis me mostravam que tinha entrado pelo caminho errado. O sonho virou um drama, já com duas perícias no IML. Tive necrose no nariz e vou levar cicatrizes para o resto da vida, sendo que serão necessárias muitas sessões com um bom dermatologista e um terapeuta para reduzir as lesões irreversíveis que ficaram no corpo e na alma.

Ainda bem que encontrei amparo na doutora Gleyce Fortaleza, dermatologista que me tem ajudado desde que os primeiros problemas surgiram e continua ao meu lado. Ela é um anjo que Deus colocou na minha vida: levanta sempre minha cabeça, me mostrando que o caminho é longo, mas que sempre existe uma saída e um motivo para estarmos gratos. Nunca vou esquecer da sua frase meus ouvidos, ainda numa maca de hospital: ‘calma, bebê, a pele é grata’.

Amigos, é preciso coragem para vir a público contar minha história. Como sou dentista por profissão, há aqueles que dizem que estou sujando a imagem de minha própria classe. Não penso assim: minha preocupação é que se nada for dito, outras pessoas poderão passar pelo mesmo que eu. Essa é a razão de minha luta. Pessoas que quiserem fazer algo desse tipo devem procurar médicos capacitados, que estudaram anos para isso e sabem como acolher e orientar o paciente que se coloca sob seus cuidados.

Sair dessa zona de conforto é entrar num terreno pantanoso. Se pudesse voltar no tempo, não tomaria as decisões que tomei. Mas como não posso mudar a realidade, vou lutar para que outros sonhos não se tornem pesadelos”. Rafaela Cavalcanti Dentista, 38 anos, vítima da harmonização facial feita por pessoas sem qualificação profissional.





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