NOTA TÉCNICA SBD – ESCARLATINA



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NOTA TÉCNICA SBD – ESCARLATINA

26 de janeiro de 2024
Escarlatina.jpg

A SBD vem a público ressaltar que nos últimos meses, notou-se um aumento do número de casos de escarlatina. Mais de 40 surtos ocorreram em São Paulo em 2023 com notificação de 164 casos. Em 2022 foram 5 surtos com 12 casos notificados, em 2021 apenas 1 surto e nenhum em 2020. Um surto é o nome que se dá ao aumento repentino de casos de uma doença em uma localidade restrita. A escarlatina é um exantema agudo micropapuloso, geralmente associado à faringite por Streptococcus pyogenes, que acomete principalmente crianças em idade escolar e adolescentes. As lesões de pele não são perigosas, mas são um marcador de infecção pelo agente que pode levar a complicações. Desenvolve-se 2, 3 até 7 dias após a infecção, inicia com febre, mal estar e a dor de garganta, seguindo com uma erupção papulosa, eritematosa e de aspecto áspero. Inicia-se pelo tronco, axilas e depois as extremidades, poupando as palmas e plantas. A área ao redor da boca também é poupada, tornando-se pálida. Alterações na mucosa da boca incluem a  “língua em morango”  com papilas hiperplásicas. As linhas de Pastia são sugestivas da doença e aparecem como lesões lineares mais intensas em torno dos pontos de pressão. Elas são encontradas nas dobras, como pescoço e dobras do cotovelo. Um período de descamação da pele pode perdurar até duas semanas depois do quadro inicial.

O diagnóstico é clínico e, em alguns casos, pode-se recomendar a cultura da orofaringe.

O quadro é atribuído ao Streptococcus pyogenes, que libera uma toxina responsável pela manifestação cutânea. O mecanismo mais aceito atualmente é de que se trate de hipersensibilidade tardia aos antígenos do estreptococo e liberação de citocinas inflamatórias. O GAS tem seu reservatório na mucosa nasal, adenoides e amígdalas. 3

Os sintomas de faringite aguda inicial são: febre, dor de garganta, dor ao engolir e adenopatia cervical. Este agente é responsável por 20 a 40% dos casos de faringite em crianças e em 5 a 15% em adultos. Os surtos podem ocorrer em domicílios, escolas, instalações militares e outros ambientes onde haja contato próximo entre humanos. O contato direto ou indireto com uma pessoa infectada é a fonte da infecção, acredita-se que a transmissão ocorra principalmente por grandes gotículas de secreções respiratórias, embora a propagação através de objetos e alimentos contaminados sejam vias

alternativas de transmissão. A fonte da infecção pode ser também uma ferida ou queimadura infectada com GAS.

Surtos de escarlatina são mais frequentes no início do ano letivo e com as temperaturas mais frias. A incidência da doença tem aumentado em vários países e há suspeita de cepas resistentes do GAS.O diagnóstico diferencial deve ser feito com algumas doenças virais como sarampo, rubéola, arboviroses e exantema por drogas.

A escarlatina pode ser evitada com boa higiene das mãos e desinfetando regularmente os fômites compartilhados. A recuperação geralmente é concluída em 3 a 6 dias de tratamento, mas os sintomas cutâneos podem levar de 14 a 21 dias para desaparecer.

Penicilina ou amoxicilina são o tratamento de primeira linha e, em casos de alergia, podem ser usadas cefalosporina, clindamicina ou eritromicina. O uso de antibióticos reduziu a morbidade da escarlatina em comparação com o início do século 20, quando a mortalidade era de aproximadamente 30%, para menos de 1%.

O dermatologista é o médico capaz de diagnosticar e tratar as doenças de pele na infância e vida adulta.

1. https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-respiratoria/2024 https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2023/11/22/sao-paulo-tem-alta-de-casos-de-escarlatina.ghtml

2. Wessels MR. Streptococcus pyogenes Pharyngitis and Scarlet Fever. 2022. In: Ferretti JJ, Stevens DL, Fischetti VA, editors. Streptococcus pyogenes: Basic Biology to Clinical Manifestations [Internet]. 2nd ed. Oklahoma City. University of Oklahoma Health Sciences Center; Chapter 22. PMID: 36479768.

3. Pardo S, Perera TB. Scarlet Fever. 2023. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023. PMID: 29939666.

4. Belda Jr. W, Di Chiachio N, Criado PR. Tratado de Dermatologia. Ed Atheneu, 4ª Edição 2022, pg. 1315.





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